“Quatro Luas Pantaneiras”: Filme acompanha quatro mulheres no Pantanal de MS

Foto: Divulgação
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Documentário sul-mato-grossense acompanha quatro protagonistas durante um ciclo lunar, registrando diferentes faces da vida na maior área alagada do mundo

Quatro fases da Lua; quatro mulheres fortes; quatro regiões do Pantanal. Durante 29 dias, as regiões de Albuquerque, Barra de São Lourenço, Serra do Amolar e Nhecolândia, no Mato Grosso do Sul, serviram de palco e paisagem para as filmagens do documentário ‘Quatro Luas Pantaneiras’, que será lançado nesta quarta-feira (12), no Dia do Pantanal.

Com trilha sonora original de Marcelo Loureiro, 70 minutos de duração e filmagem em resolução 6K, ‘Quatro Luas Pantaneiras’ é um olhar sobre resistência, da terra, das mulheres, da cultura e de um Pantanal que, apesar de tudo, segue pulsando.

Para a idealizadora e diretora Ana Carla Loureiro, dar protagonismo e voz à mulher pantaneira é uma das grandes forças do projeto. “Esse filme nasce de uma necessidade de justiça a essas mulheres pantaneiras que, por tanto tempo, ocuparam um lugar quase invisível na história. Mulheres que sustentam o território, a cultura, a economia, mas que raramente são vistas. O documentário busca honrar esse papel, tirar essas mulheres da retaguarda e colocá-las no centro, onde sempre deveriam estar”, afirma.

Equipe O filme é uma realização da produtora Cist em coprodução com a Quíron 5 Filmes – Foto: Divulgação

Histórias reais

Com produção e pesquisa de personagens de Bianca Machado, a escolha de protagonistas foi um processo longo e importante para a obra, segundo a diretora. “A Bianca é produtora, diretora de teatro e mora em Corumbá, então tem uma rede de contatos muito grande na região. Ela foi a pessoa certa para esse projeto, sem ela acho que não teríamos conseguido”, destaca.

“Escolhemos personagens diversos, elas mandavam vídeo, e a Bianca pesquisava a história, para também tivéssemos uma diversidade de atividades e de ocupações de território. O que mais uniu foi o fato de serem pantaneiras, de nascimento ou de coração. No caso, uma delas é de coração, mas é pantaneira porque chegou no Pantanal com seis anos. Então, essa já é pantaneira de coração. E é uma das pessoas que lutam pela região, pelo lugar, pelo território que ocupa, que é a Dona Vera”, explicou Ana Carla.

Mais do que contar suas histórias – como vivem, como produzem, como se sustentam, como se relacionam com o ecossistema, seus sonhos e dificuldades -, o documentário é sobre enxergar a mulher pantaneira em toda a sua potência. “Essas quatro mulheres representam diferentes formas de pertencer ao Pantanal, mas todas têm em comum essa força silenciosa, essa entrega à vida e à natureza”.

Pantanal como é

Outro ponto de especial atenção do filme foi a fotografia, para que refletisse a beleza do Pantanal, mas não

Captações Foram feitas nas regiões de Albuquerque, Barra de São Lourenço, Serra do Amolar e Nhecolândia – Foto: Divulgação

de forma idealizada e, sim, real, viva, pulsante. Além disso, era importante entrar na casa e na vida das pessoas com delicadeza, sem invasão. Nesse sentido, o documentário contou com um time de alta linha. “Eu tive a sorte de contar com profissionais extremamente sensíveis. Wlacyra Lisboa, Kojiroh e João Paulo Gonçalves entenderam desde o começo essa necessidade de filmar com respeito, com amor, com escuta”, enfatiza Ana Carla.

O fato do bioma não viver apenas de suas paisagens, mas sim de histórias, construídas pela simbiose entre ser humano e natureza chamou a atenção da equipe. “A maioria das pessoas conhece o lado turístico, as paisagens, os hotéis maravilhosos, mas e a realidade de quem vive ali?”, disse a diretora. “Sem dar spoiler, mas uma das questões chocantes é a questão do lixo por ali. Ao mesmo tempo que as pessoas saem a porta de casa e se deparam com aquela paisagem estonteante, tem o entorno, que se você olhar, vera uma série de problemas. E não fugimos deles, não queríamos idealizar”.

O filme também traz luz à questão ambiental, uma vez que o Pantanal – que desempenha papel fundamental na estabilização do clima e na sustentação da vida no planeta – tem enfrentado a maior seca das últimas quatro décadas. “Fiquei tocada pela beleza desses lugares, mas também sensibilizada pelos desafios ambientais. O Amolar, por exemplo, é uma serra extraordinária — tão linda, tão próxima e, ao mesmo tempo, tão pouco conhecida. Mas a gente sente os efeitos dos incêndios e o quanto eles devastaram e impactaram o Pantanal. Há áreas com pouquíssimos animais silvestres, muita poluição, um desequilíbrio visível”, lamenta a diretora.

Para Ana Clara, o filme não é apenas uma questão de resistência – é resiliência. “A resiliência do povo pantaneiro é admirável e indispensável: sem ela, não dá pra se viver no Pantanal. Tem seca, tem cheia, uma série de intempéries e aquelas pessoas conseguem fluir naquilo tudo. E a mulher é resiliente por natureza. Porque nós fomos, e ainda somos invisibilizadas ainda”, opina.

Com uma obra tão potente sobre o Pantanal, o dia escolhido não poderia ser outro. “Escolhemos o Dia do Pantanal exatamente para dar essa visibilidade para a mulher pantaneira. Muito já se falou das belezas do Pantanal, dos bichos do Pantanal, do homem pantaneiro e a mulher pantaneira. Então, a gente escolheu propositalmente essa data para poder trazer esse espaço para a mulher pantaneira. A única coisa que eu espero é que esse filme toque o coração das pessoas”.

Quatro Luas Pantaneiras é uma realização da produtora Cist em coprodução com a Quíron 5 Filmes, viabilizada com recursos da Fundação de Cultura de MS, Governo de MS, Lei Paulo Gustavo, Ministério da Cultura e Governo Federal. Conta ainda com apoio da Pantanal Film Commission.

Serviço: O filme ‘Quatro Luas Pantaneiras’ será lançado nesta quarta-feira (12), às 19h, no Cinépolis de Campo Grande (Shopping Norte Sul Plaza). Ingressos gratuitos disponíveis no Sympla, por meio do link https://shorturl.fm/F2DWo

 

Carolina Rampi

 

 

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