A oficina é ministrada pela atriz, diretora e eutonista, Liz Nátali Sória, aos sábados de março no MIS
A rotina do dia-a-dia é por muitas vezes estressante e cansativa, com uma escala de trabalho além do convencional para a nossa saúde mental e física. Pensando nisso, a oficina “Dançar o Descanso” propõe vivências de corpo e de movimento a partir da ideia da pausa do cotidiano e do autoconhecimento corporal.
A oficina é ministrada pela atriz, diretora e eutonista, Liz Nátali Sória, durante os sábados do mês de março no MIS (Museu da Imagem e Som) de Campo Grande. Em entrevista para o jornal O Estado, a ministrante destacou que a oficina é uma integração com sua pesquisa de doutorado em Artes Cênicas, realizada na ECA/USP (Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo). “Investigo como as formas de trabalho no neoliberalismo atingem o corpo e quais as possibilidades críticas da criação artística frente ao contexto”, explica.
Para ela, vivemos em um período caracterizado pelo foco no individualismo e na competição, e que muitas vezes somos levados a acreditar que só nós mesmos somos responsáveis por nossos sucessos e falhas, onde tudo fica ainda mais desgastante quando aliado ao cansaço do cotidiano.
“A produtividade contínua e a autopressão para dar conta das atividades acumuladas provoca uma série de tensões e restrições corporais, cujo maior sintoma é o cansaço-a grande companhia de nossos cotidianos. Aqui entra a hipótese do descanso, da pausa e da suspensão enquanto possibilidade transgressora”, desenvolve Sória.
A ministrante compartilhou ao jornal O Estado, a experiência do primeiro dia de oficina, realizada no dia 2 de março. “No primeiro dia de oficina realizamos uma vivência da pele, enquanto elemento integrador do corpo. A partir do auto-toque e com auxílio de materiais orgânicos, cada integrante sensibilizou a presença da própria pele. Em seguida, passamos para a percepção da estrutura óssea da cintura escapular. A partir dessa região, realizamos alguns estudos de movimento e de contato entre os integrantes da oficina”, relatou.
Conforme Sória, as vivências de autopercepção têm fundamento na pedagogia do corpo intitulada eutonia, idealizada pela dinamarquesa Gerda Alexander, em meados do século XX, que atua na consciência corporal, com objetivo de autoconhecimento corporal em várias camadas, como a pele, as estruturas ósseas e a biomecânica de movimentos.
“A eutonia (eu=bom; tonia=tônus) propõe o equilíbrio do tônus corporal por meio da ampliação da capacidade perceptiva de si, do espaço e do outro. A partir de vivências de autopercepção, a oficina propõe que os corpos visitem novos caminhos de movimento fora da esfera da autocobrança e da produtividade. Movimentos corporais que possam levar ao autoconhecimento e à interrupção do cansaço. Por essa razão, o tema do descanso estará presente ao longo das vivências, criações em dança e estudos poéticos”, finalizou.
Pausa é essencial
Em entrevista ao jornal O Estado, a Psicóloga Clínica Paloma Iara Ortega Gomes, indica como a pausa da correria do dia-a-dia deve ser feita e como é essencial. “Isso porque estamos sempre apressados para resolver as questões que nos cabe. Então tudo parece muito urgente, e ainda temos a questão do imediatismo, algo naturalizado em nossa geração tão tecnológica e abarrotada de informações”.
Um dos pontos-chave da oficina “Dançar o Descanso é promover uma maior conexão com o corpo e mente. Para Paloma, ter um momento de pausa gera grandes benefícios para a saúde mental, para fornecer assim, um “respiro” ao cérebro, que está o tempo todo preocupado e ansioso.
“Numa rotina, estressante de trabalho, isso faz toda a diferença. Para a mente, contribui para o foco, a memória, além da diminuição do estresse e da ansiedade gerada pela correria dos afazeres. Para o corpo, diminui a tensão muscular gerada pelo excesso de preocupação, também ajuda na concentração e respiração”, explica.
Ainda segundo a profissional, a sociedade vive atualmente o que ela caracteriza como Síndrome do Pensamento Acelerado, onde o indivíduo tem dificuldade em relaxar, acalmar e organizar a mente, devido a um excesso de estímulos, então, é ideal separar um momento do dia para o descanso. “O descanso é tão necessário, quanto se alimentar. É preciso ter comprometimento com o seu bem-estar, e compreender que o descanso e o lazer são sinônimos de cuidado, gerando assim saldo positivo em sua saúde mental. Dedique-se a um hobby, seja ler um livro, ou caminhar. Deixe um pouco o celular de lado. As telas em excesso são prejudiciais, tanto físico quanto mental”, orienta.
Dicas para a ansiedade
Em relação à ansiedade, a psicologa explica que o sentimento é pessoal e cada um enfrente de uma forma e modo. Portanto, Paloma dá dicas de como é possível driblar essas emoções e ainda vencer o cansaço.
“Recomendo focar em uma coisa de cada vez. Faça, primeiro, uma lista de coisas que você tem que fazer, e dedique-se a ela. Assim você terá um controle maior sobre o que necessita fazer, assim dando essa sensação de controle e organização. Mesmo que você não cumpra no mesmo dia, tente continuar no outro. E para o cansaço o melhor é sempre o descanso”, finaliza.
As inscrições para a oficina ‘Dançar o Descanso” foram encerradas neste mês, mas segundo a ministrante, ainda este semestre haverá a abertura de novas turmas. Para mais informações, o telefone de contato é (11) 99189-7555.
Por Carolina Rampi
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