Pantera Negra: Wakanda Para Sempre chega aos cinemas

Foto: Divulgação/Marvel Studios
Foto: Divulgação/Marvel Studios

No Mês da Consciência Negra, filme traz importante recado sobre representatividade e identidade

“Pantera Negra” foi um filme que marcou as franquias de super-heróis por ser protagonizado por um ator negro, marcando um importante ponto para a representatividade em todo o mundo, já que pessoas pretas “comuns” conseguiram ver um igual em papel de destaque, em uma saga já adorada por nerds. Agora, com a estreia de “Pantera Negra: Wakanda para Sempre”, embora seguindo sem o ator Chadwick Boseman, traz novamente a importância de se representar, nas telas, figuras com as quais o público se identifique e, desta vez, o protagonismo é delas: das mulheres pretas.

É claro, foi difícil adivinhar o que seria feito com o Pantera Negra no cinema depois da morte de Boseman, que interpretava o personagem desde 2016. A sequência do seu primeiro filme solo já vinha sendo preparada pela Marvel quando o ator morreu por causa de um câncer de cólon em 2020, fazendo a produtora mudar os rumos da história para seguir sem ele.

Fazer a troca do principal ator da saga poderia parecer desrespeitoso, recriar suas feições digitalmente seria algo muito caro e desistir do personagem causaria um prejuízo aos cofres da Marvel, que lucrou mais de R$ 1 bilhão com o primeiro longa. Assim, a solução foi matar o herói na ficção também. Em “Pantera Negra: Wakanda para Sempre”, que estreou nesta semana, o personagem é enterrado por seu povo, e as mulheres que o rodeavam ganham protagonismo.

Mulheres no comando

Após o velório de T’Challa, o Pantera Negra, sua mãe Ramonda assume o comando do país Wakanda. Ao lado da general Okoye e de sua filha Shuri, ela tenta proteger a nação de potências mundiais que se interessam pelo tal vibranium, um metal preciosíssimo que só existe naquele lugar. Até aqui estamos num reino de mulheres. Mulheres negras e poderosas: não é pouco para um filme que parecia num beco sem saída com a morte de Boseman.

Letitia Wright vive uma Shuri tomada pelo sentimento de luto. É uma garota carregada de pesar, distante da alegria que a marcava nos filmes anteriores. “Amo a Shuri do primeiro filme, ela era um raio de sol. A família dela a encorajou a ser um gênio cheia de fé. Agora, seguimos a partir disso. Como ela continuaria se estivesse de coração partido?”, disse a atriz, em entrevista coletiva.

As personagens durante a narrativa também mudam por causa da morte de T’Challa. Nyong’o diz que Nakia, o par romântico do herói, funcionava como uma espécie de oásis para ele, e agora ela quer fazer o mesmo por Shuri. “Tive de aprender com a personagem a contornar minha frustração em perder Chadwick”, afirmou em entrevista coletiva.

Danai Gurira interpreta aqui Okoye, a general implacável das guerreiras de Wakanda. O novo filme quebra a imagem de bruta da personagem para expor suas fragilidades. “É crucial que vejamos todas as facetas desses personagens e que exploremos sua humanidade com caleidoscópios.”

O homem que desafia

Se um homem surge para turvar todo esse cenário é Namor, cujo prodigioso reino nas profundezas oceânicas tem início no século 16, quando a América Central é invadida pelo homem branco e, graças a umas tantas mágicas, Namor, ainda menino, consegue eliminá-los. Pois bem: ao contrário do que se imaginava, Wakanda não é o único lugar a possuir o vibranium: o fundo do mar também.

É evidente, os EUA querem pôr as mãos no precioso mineral, capaz de pôr o mundo de joelhos com seu poder. Conversa vai, conversa vem, Namor propõe a Wakanda um pacto entre as duas nações, a fim de controlar o vibranium e evitar que os países guerreiros (e colonialistas ou imperialistas) o utilizem.

Ao longo de 2h40, o filme mostra que o diálogo e a união entre povos que conseguiram se livrar da colonização é a grande força. Se o vibranium é o superpoder no filme anterior, aqui – no mundo em que vivemos – ele vem acompanhado da necessidade de sentar ao lado de quem é visto como inimigo e conversar, aparar as diferenças e seguir cada um com a sua diversidade, mas com o mesmo objetivo: ser livre e poderoso.

Das telas pra vida real, a lição do filme ainda é desafio para um povo que foi escravizado e carrega as dores do racismo estrutural tão presente e persistente no presente. Mas como diz um dos personagens: “Só as pessoas mais feridas podem ser grandes líderes”. O enredo também mostra que, para continuar poderosas, precisarão de cura e diálogo com o outro, que até então é visto como concorrente do mal por ocupar um espaço parecido.

Nas Wakandas que se formam nas cidades brasileiras, em que há bolhas de negros em ascensão e ocupando espaços importantes, ainda precisamos superar a síndrome do negro único e também deixar de bloquear diálogo e união por conta de problemas do passado. Todos nós fomos feridos de alguma forma e lutamos para estar nas nossas posições. Não nos cabe reproduzir o jogo do colonizador de nos digladiarmos. É muito utópico sonhar com o fim das desavenças entre pessoas negras e uma construção coletiva?

Tenoch Huerta como Namor, rei de uma nação submarina secreta, o filme também traz Dominique Thorne, Michaela Coel, Mabel Cadena e Alex Livanalli. “Pantera Negra: Wakanda para Sempre” tem classificação indicativa de 14 anos e está em cartaz nos cinemas do Brasil. Em Campo Grande, os três complexos de cinema estão com o filme em exibição.

Por Méri Oliveira – Jornal O Estado do MS.

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