Pantanal em Movimento: Cia de Dança leva espetáculo “Guadakan” ao Fórum PanRotas 2025 em defesa da preservação ambiental

'Gudakan' da Cia do Pantanal - Foto: Assessoria
'Gudakan' da Cia do Pantanal - Foto: Assessoria

Mato Grosso do Sul está ampliando suas fronteiras artísticas com a dança, transmitindo mensagens de sustentabilidade. A Cia de Dança do Pantanal será uma das atrações da abertura do Fórum Panrotas 2025, que acontece entre 11 e 12 de março, em São Paulo. O evento, conhecido por reunir líderes do setor de turismo, também destaca o Pantanal como destino turístico. Durante a cerimônia de abertura, será apresentado o espetáculo “Guadakan”, que tem como reflexão a preservação ambiental.

Considerado um dos principais produtos turísticos sul-mato-grossense, o Pantanal enfrenta desafios ambientais significativos e esse é o ponto central do espetáculo Guadakan, que será apresentado pela Cia de Dança do Pantanal durante o evento. A companhia sul-mato-grossense foi convidada pelo Governo do Estado, por meio da Fundação de Turismo para se apresentar no PANROTAS.

A 22ª edição do Fórum PanRotas 2025 será realizada no WTC Events Center, em São Paulo, e reunirá mais de 2.000 profissionais do setor de turismo, com 44% ocupando posições de liderança. O evento contará com uma programação repleta de palestras e painéis, abordando temas essenciais como o papel da liderança nas organizações, tendências em marketing, distribuição, sustentabilidade, tecnologia e análises sobre o comportamento do consumidor.

O Fórum contará com a participação de 814 empresas, sendo 34% do setor de distribuição, consolidando-se como um dos principais eventos sobre o futuro do turismo. A programação inclui palestras de renomados especialistas, como Alberto Gutiérrez, CEO da Civitatis, e Alexander Haim, da Disney Destinations, além de outras importantes figuras do setor. O evento será uma oportunidade única para discutir as inovações e tendências que estão moldando o mercado de turismo.

Dança sentida na pele

“No princípio, era a simplicidade. Os antigos aprenderam e passaram a ensinar aos seus que tudo tem um dono no Pantanal, seres não humanos, sobrenaturais ou divinos, que devem ser respeitados e exigem uma conduta ética para que ali todos possam conviver em equilíbrio em meio aos recursos por eles oferecidos. Quando se quebram regras, punições serão proferidas. Durante alguns anos de queimadas, mais de 17 milhões de animais vertebrados foram mortos pela ação do fogo no Pantanal” – Guadakan.

Guadakan é a peça central deste espetáculo de dança, que ganha ainda mais força com a trilha sonora da Orquestra de Câmara do Pantanal (OCAMP). Inspirado em um mito indígena Guató, etnia presente na fronteira entre Brasil e Bolívia, o espetáculo conduz o público às origens dos povos pantaneiros, compartilhando sua sabedoria ancestral e um poderoso alerta sobre a preservação do bioma. Desde sua estreia, a montagem já encantou mais de quatro mil espectadores em diversas cidades, incluindo Corumbá, Campo Grande, Dourados e Ponta Porã, além de Rio de Janeiro e Assunção, no Paraguai.

Para a reportagem, a Coordenadora de Dança do Moinho Cultural e bailarina da Cia. De Dança do Pantanal Aline Silva Espírito Santo, destaca a importância de representar o Pantanal e a cultura sul-mato-grossense no Fórum como uma oportunidade única de dar visibilidade ao bioma, cuja riqueza natural e cultural é singular.

A participação no evento permite valorizar a identidade local, além de destacar questões ambientais essenciais para a preservação da região. Segundo a equipe, a presença no Fórum é também uma chance de reforçar o papel da arte como veículo de conscientização sobre sustentabilidade e pertencimento, promovendo um diálogo necessário sobre a preservação do Pantanal em uma plataforma nacional e internacional.

“O espetáculo nos convida a refletir sobre os desafios ambientais do Pantanal, trazendo à cena as transformações que esse bioma enfrenta, desde queimadas e secas até o processo de regeneração. Por meio da dança, buscamos sensibilizar o público ao provocar uma conexão emocional e sensorial com esses temas, indo além da informação racional”, destaca.

A Cia do Pantanal utilizou a dança contemporânea como linguagem principal para criar o espetáculo, pois essa modalidade permite uma expressão autêntica e visceral, conectando o corpo aos sentimentos e histórias que desejam transmitir. Os movimentos foram elaborados a partir de uma pesquisa na qual os intérpretes-criadores vivenciaram a realidade do Pantanal.

“Estivemos na Serra do Amolar, enfrentamos o calor, a seca intensa, os impactos das queimadas e, agora, acompanhamos o momento de regeneração da região. Essa experiência sensorial foi incorporada aos nossos corpos e transparece nos movimentos, que dialogam diretamente com a pulsação desse bioma. Como a casa da Cia é o Pantanal, essas vivências fazem parte do nosso dia a dia e estão impregnadas na fisicalidade de nossa dança”, explica.

Para o diretor-presidente da Fundação de Turismo de Mato Grosso do Sul, Bruno Wendling, a arte é uma das formas mais genuínas de comunicar uma mensagem importante. “Vamos levar a mensagem da conservação do Pantanal, da importância da agenda climática. Então, poder proporcionar uma experiência bem única, bem diferente, para um evento como o PANROTAS, tenho certeza que vai trazer um alto impacto para todos que estiverem presentes”.

A Dança além da Razão

A apresentação de ‘Guadakan’ tem o objetivo de ser uma experiência que vai além da estética visual, convidando o público à reflexão. O espetáculo resgata o mito de nascimento do Pantanal, presente na mitologia dos povos Guató, e utiliza essa narrativa ancestral para traçar um paralelo com os desafios ambientais atuais.

“Ao trazer essa conexão entre passado e presente, convidamos o espectador a repensar seu papel na preservação desse bioma e no impacto de suas ações no meio ambiente. O turismo e o consumo têm um impacto direto sobre o Pantanal. Nosso objetivo é provocar uma sensibilização que ultrapasse o espetáculo e reverbere nas atitudes do público”.

Para a companhia, a dança é uma ferramenta poderosa de sensibilização ambiental, ao proporcionar uma experiência sensorial que transcende a razão e o discurso lógico. Ao trabalhar com o corpo, ela alcança camadas mais profundas do ser humano, despertando emoções, memórias e reflexões frequentemente negligenciadas no dia a dia.

“A dança toca o espectador de forma subjetiva, criando uma conexão direta entre o tema abordado e sua própria vivência. No caso da conscientização ambiental, isso é essencial, pois não se trata apenas de entender a importância da preservação do meio ambiente, mas de sentir essa urgência no próprio corpo. Quando conseguimos provocar essa sensação, criamos um impacto que pode levar a mudanças reais de percepção e atitude”.

A Cia de Dança do Pantanal prepara uma agenda para 2025, tem uma série de projetos e eventos planejados, todos alinhados com a valorização das nossas raízes e a difusão da cultura pantaneira por meio da dança. Em breve a companhia irá divulgar mais sobre seus próximos projetos.

Por Amanda Ferreira

 

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