Orquestra Indígena de Campo Grande é o único grupo indígena tocando música erudita, do Brasil

Fotos: Estúdio Punto Áureo/Divulgação
Fotos: Estúdio Punto Áureo/Divulgação

Único grupo indígena tocando música erudita do Brasil está em Mato Grosso do Sul; formação musical resgata a cultura, igualdade e valoriza o lado artístico da comunidade da aldeia urbana Darcy Ribeiro.

Único grupo indígena tocando música erudita do Brasil está em Mato Grosso do Sul; formação musical resgata a cultura, igualdade e valoriza o lado artístico da comunidade da aldeia urbana Darcy Ribeiro

Criada em novembro de 2015, a Orquestra Indígena de Campo Grande atende crianças e adolescentes da aldeia urbana Darcy Ribeiro, localizada no jardim Noroeste. A iniciativa é da Fundação Ueze Elias Zahran, com 37 alunos atuantes nas aulas de música, que vão desde o ensino da teoria à prática, com violino, violoncelo, contrabaixo e viola sinfônica, visando resgatar a cultura, a igualdade e valorizar o lado artístico dos jovens indígenas. A orquestra de Mato Grosso do Sul é a única atuante no Brasil. 

Em alusão às comemorações do mês da cultura indígena, data celebrada hoje (19), a orquestra está com um projeto na aldeia urbana Marçal de Souza, oferendo aulas de música à comunidade, no Memorial da Cultura Indígena Cacique Enir Terena de Campo Grande, em parceria com a Sectur (Secretaria Municipal de Cultura e Turismo). 

Regidos pelo maestro Eduardo Martinelli, os alunos da orquestra indígena também aprendem instrumentos de sopro e percussão, para ampliar o ensino de música, que possibilita uma formação de grupo para apresentações.

Neste mês, o grupo já realizou uma série de apresentações. Na última sexta-feira (14), a orquestra participou do “Abril Indígena”, no Memorial da Cultura Indígena, na aldeia urbana Marçal de Souza; já no domingo (16), os alunos se apresentaram no 1º Festop (Festival de Todos os Povos), em Dourados. “Sem dúvidas, foi uma celebração ao dia deles”, destaca o coordenador Jardel Tartari.

Fruto de projeto sociocultural com ensino coletivo de música, Jardel trabalha desde 2008 com formação de orquestra e observa que muitos alunos são motivados a seguir carreira profissional na música, com as aulas. “Conseguimos acompanhá-los até o pré-vestibular, encaminhá-los para a graduação de música e é isso que aconteceu em muitos projetos e acontecerá nesse. Já temos alunos que demonstram interesse em seguir carreira como músico”, pontua.

Incentivo financeiro 

Atualmente, a orquestra indígena capta recursos da Lei Rouanet, programa do governo federal que viabiliza a realização de eventos culturais com isenção fiscal no Imposto de Renda, patrocínio da Energisa, e recursos próprios da Fundação Ueze Elias Zahran. O coordenador ainda ressalta que o grupo busca outros incentivos para que, futuramente, possa levar a orquestra a outras localidades do Brasil e do mundo.

“Buscamos leis de incentivo estadual e municipal, para tentar circular com a orquestra em outros municípios, Estados e, quem sabe, outros países. Sem dúvida, é uma autêntica expressão da cultura brasileira a gente poder levar o nome do nosso país com uma orquestra indígena, levando a música a outras localidades do mundo.”

Com um repertório de músicas brasileiras de todas as regiões do país, inclusive a de Mato Grosso do Sul, a orquestra trabalha para introduzir um repertório exclusivo, criado pelo maestro, com temas indígenas, e também luta para registrar as músicas da etnia, para não perder as composições. “Mais de 90% dos nossos alunos são da etnia terena, então nós buscamos acrescentar esses temas, apesar de ser difícil e de pouco acesso, devido à falta de registro. Mas, trabalhamos para que isso não se perca”, explica Jardel.

A violinista Celineia da Silva, 18 anos, está na orquestra desde 2015, quando o projeto foi criado, e faz aulas duas vezes por semana. Em sua trajetória, ela conta que teve uma evolução muito grande e afirma que a orquestra ainda vai fazer muita história. “Tive várias oportunidades de solo na orquestra, isso foi uma honra para mim, em várias apresentações fomos bem elogiados. Fazer parte dela é poder mostrar a cultura indígena [terena] para todos. Sabemos que essa orquestra ainda vai fazer muita história pela frente e muito sucesso, eu acredito nisso”.

E para este ano, a agenda da orquestra indígena já está com algumas datas fechadas. Em agosto, eles se apresentam no festival Encontro com a Música Clássica. O grupo também participará do Festival de Cinema, em Ivinhema, fará apresentações no interior do Estado, além das atividades realizadas na Capital e devem gravar dois videoclipes, ainda este ano, com obras autorais e com a participação de outros grupos. 

Toda ajuda para o projeto da orquestra, que atende a comunidade da aldeia urbana Darcy Ribeiro, do Jardim Noroeste, é bem-vinda, seja na área de instrumentos ou de outra forma. O coordenador também explica que, neste momento de pós-pandemia, eles estão buscando reverter recursos para os próprios alunos. “Quando nos apresentamos em instituições particulares, pedimos um cachê, revertido aos alunos.”

 

SERVIÇO:

 Para quem se interessar em ajudar a Orquestra Indígena de Campo Grande e também agendar eventos, entre em contato no telefone: (67) 99229-2175 (Jardel Tartari). O perfil no Instagram da orquestra é: @orquestraindigena.oficial.

Por Livia Bezerra– Jornal O Estado de Mato Grosso do Sul

Confira mais notícias na edição impressa do Jornal O Estado do MS.

Acesse as redes sociais do O Estado Online no Facebook e Instagram

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *