Onde foram parar os besteiróis?

Uma das frases que mais sinto calafrio é “na minha época” seguida de qualquer lembrança nostálgica que hora ou outra remete há algo que pode ser facilmente superado pelo o que temos hoje.

A questão é que fácil falar e um belo dia se perguntar se algo do passado realmente era bom. Uma das questões que mais me deixam indignado com as comédias de hoje em dia (sim elas tem uma qualidade excepcional e um humor extremamente cirúrgico) mas onde foram parar os filmes carregados no besteirol que saiam todo verão para deleite da galera?

Fazendo uma investigação/CSI podemos identificar alguns pontos que fizeram com que essas maravilhosas produções de gosto duvidoso sumissem do mapa. Os tempos mudaram, isso é fato, e a maneira com que as pessoas veem o mundo, querendo ou não, mudou. O que era inusitado no começo dos anos 2000, hoje em dia é completamente normal, se entrarmos no twitter – em qualquer hora do dia – encontramos situações escatológicas muita mais inusitadas que qualquer roteirista poderia imaginar e colocar em prática. 

Algumas pessoas também podem argumentar que o sumiço de algumas produções se dá por conta da cultura do politicamente correto e uma proliferação de pensamento progressistas na sociedade em geral. Claro que isso tem sim um papel, mas o humorista não foi impossibilitado de produzir peças que tirem o maior sarro de situações que de alguma forma falam sobre mazelas da sociedade. Um grande exemplo disso é o famoso grupo de humor da TV Quase que produz o “Choque de Cultura” (programa cultural com os maiores nomes do transporte alternativo do país) para, sim falar sobre assuntos bem espinhosos com um talento descomunal, logo não existe um limite para um humor mas sim humoristas limitados intelectualmente.

E com esse texto não quero dizer que as comédias morreram na primeira metade do século e estamos vivendo com filmes horríveis de mau gosto. Nada disso, quer dizer um pouco disto, mas essência de um novo milênio e exploração das tecnologias e um humor sem compromisso a serviço apenas de situações que nem sequer tem um contexto real dentro da narrativa, onde a costura do filme ficava bem evidente para manter aquelas ideias absurdas. 

(Confira mais na página C2 da versão digital do jornal O Estado)

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