II Festival de Pintura com Café segue durante o mês de maio gratuitamente
Papel, pincéis e o cheirinho acolhedor de café. Essa é atmosfera do II Festival de Pintura com Café, realizado desde o início do mês, aos sábados, pela artista Lígia Rocha em parceria com quatro cafeterias de Campo Grande. A oficina já passou pelas cafeterias Doce Lembrança e Bourbon Café e seguirá no próximo sábado (24), no Fava Fava Cookies e no dia 31 na Casa Trentin, em alusão ao Dia Nacional do Café, celebrado no dia 24 de maio.
Para participar é preciso se inscrever no link das redes sociais, levar papel para aquarela, os pincéis que tiver em casa e muita boa vontade para aprender uma técnica. A reportagem de O Estado foi conferir de perto uma das oficinas e pudemos experimentar em primeira mão o processo de transformar café em tinta.
Logo ao chegar o cheirinho de café já convida e desperta os sentidos. A artista e ministrante Lígia Rocha nos explica como será a oficina, mostra a finalidade dos pincéis e, claro, o café. E aí está o pulo do gato: um dos nossos primeiros pensamentos é que o item será utilizado em sua forma coado, porém, ele é usado em sua forma solúvel, aquela do pacotinho, dissolvido em água. Assim, é possível trabalhar com diferentes concentrações, o que oferece variações surpreendentes de tons.
Para quem não tem afinidade com pintura, Ligia ensina desde os primeiros passos: como diluir o café, pegar no pincel, quantidade de ‘tinta’, como fazer a aquarela, tudo de forma simples no início, com linhas, pontos e formas como flores e peixes. Mais familiarizados com as sensações, ela lançou o desafio: fazer um desenho de algum poema, frase ou livro que tenha chamado a sua atenção. A partir desse momento, a criatividade corre solta, com desenhos variando entre referências a ‘O Pequeno Príncipe’ e ‘A Metamorfose’. Cada participante explorou algo, de forma livre, sem se prender a algo concreto e ‘perfeito’.
“Aprendi a técnica de pintura com café há 10 anos, porém não sabia que ela seria um dos meus carros chefes. Agora, minhas técnicas favoritas são a aquarela com tintas convencionais e a aquarela com café”, revela a artista para a reportagem.
Fazer as oficinas em cafeterias da Capital traz ainda uma sensação de imersão completa. Ao mesmo tempo, em que é possível aprender uma técnica artística, os locais escolhidos oferecem aquele cafézinho e boa conversa. A Bourbon inclusive é um espaço de leitura, com uma livraria funcionando no mesmo espaço.
“A primeira oficina de café que fiz em Campo Grande, foi em 2019. Foi na época do Carnaval, as pessoas também levaram seus próprios materiais e fui conduzido os exercícios. Em 2024 resolvi entrar em contato novamente com as cafeterias e fiz uma parceria com três, com as oficinas durante a semana e no final da semana”, relembra a artista. “Neste ano, consegui fazer parceria com quatro, e para a minha surpresa, quando liberei o formulário em dois dias, acabaram as vagas. Fiquei muito feliz, vi que as pessoas realmente querem ter esse momento, de conhecerem outras pessoas, de tomarem um café e de pintarem com ele”, complementa.
Com o sucesso, Lígia quer expandir a oficina nos próximos anos. “Para o ano que vem estou pensando em algo maior, esse é o segundo ano do festival, mas a ideia é que seja algo crescente, com cada vez mais inscritos, mais parceiros, fazer com que as pessoas conheçam as cafeterias da cidade”.
Para todos
Quem também participou da oficina no último sábado foi a Analista Financeira Clarice Fernanda, de 27 anos. Para ela, um dos destaques foi a diversidade do público.
“A aula, gratuita, pede apenas criatividade e folhas para aquarela como pré-requisito. Foi uma experiência divertida descobrir arte através do nosso clássico cafezinho, a professora ensina primeiramente as técnicas que utilizaremos e nos orienta durante a prática. Como não possui indicativo de idade, foi possível aproveitar um momento com minha amiga, mas também havia casais, mães e filhos ou filhas. E claro, tudo isso muito bem acompanhada de um cafezinho coado”, relata.
Lígia também reflete que, mesmo com o preço do café, ele ainda é um material mais barato que a tinta aquarela. “Percebo que a pintura com café gera uma curiosidade e surpresa nas pessoas. É uma pintura monocromática, que significa que a pintura é feita a partir de uma cor e a variação de tons existentes quando acrescentamos água. Os tons de marrom, lembram as fotos antigas em sépia. Acaba sendo uma experiência sensorial”, explica.

Foto: Ligia Rocha
Sobre a artista
Ligia Rocha é natural de Campo Grande. Formada em Artes Visuais pela UFMS e com especialização em Artes Visuais, Cultura e Criação pelo Senac-MS, encontrou na pintura e na estamparia formas de se comunicar com o mundo. É por meio das cores, formas e composições baseadas na representação da fauna e flora brasileiras que a artista vem desenvolvendo sua pesquisa.
A pintura passou de um hobby para profissão quando Ligia se mudou para o Rio de Janeiro. Seus primeiros trabalhos utilizavam a técnica da aquarela com café, mas para a exposição “Pelo Brasil Central” a artista traz obras marcadas por um colorido especial. Os desenhos representam a volta a Mato Grosso do Sul e retratam as memórias visuais e afetivas que ela tem pelo Centro-Oeste brasileiro, já que tem uma história com os estados vizinhos Mato Grosso e Goiás.
Quem quiser experimenta a técnica, Lígia enfatiza que é preciso tentar, mais de uma vez. “Que experimentem mesmo, sem medo de errar. O erro é parte do processo. Também dou aulas de pintura, aquarela e café no Art du Jour Atelier & Galeria. E claro, participar das minhas oficinas de pintura com Café!”, finaliza.
Por Carolina Rampi
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