O crime não tem cor’, diz diretor de curta Ovelha Negra

Foto: O curta ‘Ovelha Negra’ é
uma ficção que narra a
história de dois irmãos
negros e gêmeos que estão
de lados opostos da Justiça/Reprodução
Foto: O curta ‘Ovelha Negra’ é uma ficção que narra a história de dois irmãos negros e gêmeos que estão de lados opostos da Justiça/Reprodução

Davi Pierre contou mais sobre o trabalho lançado via YouTube, em 2024 

Produzido de maneira independente, em pouco tempo, o curta “Ovelha Negra”, feito em Mato Grosso do Sul, tem pretensões ousadas. O diretor Davi Pierre, que também protagoniza o filme, contou mais sobre o trabalho, lançado no primeiro dia de 2024, via YouTube.

Com quase nove minutos, foi produzido, filmado e editado por ele e por Marco Aurélio Kão, responsável pela fotografia. A dupla já trabalha junta na produção de filmes há cinco anos, onde a parceria já resultou na finalização de mais três filmes, sendo um longa- -metragem: “Daqui a Lua” (o link é https://www.youtube.com/watch?v=vnOHIECAul0), e dois curtas metragens: “Outra Chance”, e “Perto do Fim” (https://www.youtube.com/results?search_query=Davi+Pierre+filmes).

“Ovelha Negra” é uma ficção que narra a história de dois irmãos negros e gêmeos que estão de lados opostos da Justiça. Campo que Pierre conhece bem, pois é policial há 15 anos. Pernambucano de 38 anos, é radicado em Campo Grande desde 1998.

Veja o trailer do filme:

 

Confira entrevista!  

PERGUNTA – Qual é a sua profissão: Policial, músico, técnico de som, todas as opções?

RESPOSTA – Tenho 38 anos, sou pernambucano de nascença e sul-mato-grossense de coração, desde fevereiro de 1998. Sou policial há 15 anos. Sou músico e cineasta por insistência e teimosia da opinião alheia.

P – Como surgiu a ideia de fazer o curta?

R – “Ovelha Negra” surgiu no hiato das gravações do meu longa-metragem “Sala Secreta”. Estávamos passando por um momento complicado de acertar agendas dos atores presentes no longa-metragem. Para não ficar parado, decidi desenvolver um filme que só dependeria de um ator para acontecer. Foi aí que surgiu a ideia do “Ovelha Negra”

P – Quanto tempo durou o processo de filmagem, e edição, até ficar pronta e ir para a exibição?

R – Desde a primeira linha do roteiro até o upload no YouTube do filme finalizado durou exatamente três meses. Comecei a escrever o roteiro no dia 29 de setembro de 2023, às 18h24, e fiz o upload do curta no dia 28 de dezembro de 2023, por volta das 23h. Filmamos “Ovelha Negra” no dia 12 de outubro de 2023.

P – O nome tem a ver com a música da Rita Lee?

 R – Infelizmente, não, mas essa música é linda!

P – E no roteiro, quanto à questão do racismo, o que você quis passar? Pareceu- -me uma linha bem tênue entre o preconceito e o vitimismo. É isso mesmo ou não é por aí? 

R – Eu só quis mostrar que o que nos define são as nossas escolhas e não a cor da nossa pele. Por ser policial e um aspirante a artista, algumas pessoas me questionam que só os negros são presos. Eu sempre respondo que policiais não prendem negros, prendemos criminosos, o crime não tem cor. Traz-me muita infelicidade quando um negro infrator coloca a culpa da sua detenção na cor da sua pele, mas se esquece dos seus delitos, tipificados no Código Penal.

P – Ter apenas você e o Kão no processo do curta foi intencional? Ou pesa mesmo a questão de recursos?

 R – Decidi fazer esse filme com o Kão pois, apesar de muito trabalho, sabia que nós daríamos conta. O fato de o filme ter sido filmado somente em uma locação ajudou muito na minha decisão. Sei das qualidades do Marco Kão, já fizemos muitos filmes juntos e tinha certeza de que ele daria conta do recado. Sobre os recursos, não tínhamos nenhum. Só uma câmera e uma ideia de dois caras dispostos a fazer o trabalho.

P – Pensa em tirar o curta do link privado? Se não, qual o motivo?

 R – Sim, em 2 anos. Primeiro, pretendo inscrever o “Ovelha Negra” em festivais de cinema nacionais e internacionais e, para que isso aconteça, o nosso filme não pode estar disponível publicamente.

P – Pelo que rapidamente vi nas suas redes, você vem da música, do blues? O curta pode vir a ser mais um caminho ou serviu mais como experiência?

 R – Gosto de caminhar pelas artes, costumo dizer que sou livre para fazer o que eu quiser, desde que não seja ilegal ou imoral. Amo fazer músicas (blues, rock, músicas cristãs e etc.) e filmes. Eu me desafio diariamente a aprender métodos novos de extrair meus pensamentos. Já faço música há 20 anos, com mais de 30 músicas autorais gravadas e “Ovelha Negra” é o meu 5º filme. O que me frustra é ser horrível na pintura… seria fascinante pintar um quadro e pendurar na parede da minha sala.

P – Dependendo da repercussão, “Ovelha Negra” pode ter uma sequência ou mesmo ser ampliado? Ou, já tem outros projetos engatilhados?

 R – Desde o início, eu pensei no “Ovelha Negra” como um minissérie com quatro episódios. Até já tenho algo escrito para os próximos episódios, que irei filmar ainda em 2024. Apesar de o filme ser privado no YouTube, gostei muito da repercussão, pois algumas pessoas que assistiram ao filme já me pediram uma continuação. Tem muitas pontas soltas no “Ovelha Negra”, que pretendo amarrar nos próximos episódios.

Por Luciano Shakihama 

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