“O Corsário” será apresentado no próximo fim de semana

Foto: Reprodução
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Espaço Pantanal em Dança apresenta repertório de balé clássico com aventura pirata, emoção e beleza

Campo Grande se prepara para viver um fim de semana em alto-mar, com direito a piratas, aventuras e grandes emoções. Neste sábado (6) e domingo (7), a partir das 19h, o Teatro Aracy Balabanian será palco do espetáculo de ballet “O Corsário”, apresentado pelo Estúdio Pantanal em Dança. Inspirado na clássica obra do repertório do ballet russo, o espetáculo promete encantar o público com uma produção caprichada, que une técnica, expressividade e muito cuidado em cada detalhe.

Com turmas de níveis intermediário e avançado, o elenco foi desafiado a interpretar personagens intensos, numa adaptação que respeita os limites técnicos dos bailarinos sem abrir mão da beleza e da força da coreografia original. O cenário, pintado à mão pelo artista Carlos — diretamente do litoral paulista —, dá vida ao universo marítimo da trama, complementado por figurinos cheios de brilho, muitos deles bordados à mão pelas próprias alunas.

Criado em 1856 e considerado um dos mais antigos repertórios do ballet clássico, O Corsário foi originalmente coreografado por Joseph Mazilier para a Ópera de Paris. Dividido em três atos e cinco cenas, o espetáculo narra a história do pirata Conrad, que se apaixona por Medora, uma escrava de alto valor. Incapaz de comprá-la, ele acaba a sequestrando, o que desencadeia uma série de conflitos. Após ser levado à caverna dos piratas, Conrad é persuadido por Medora a libertar outras escravas, mas seu companheiro Birbanto se opõe, o envenena e sequestra Medora de volta.

No clímax da trama, já no palácio do Paxá, Medora está prestes a ser entregue ao harém quando Conrad, disfarçado, invade o local, derrota o Paxá com a ajuda dos piratas e resgata a amada. Uma história de amor, traição e bravura, que ganha vida no palco através da dança.

Por de trás das cortinas

Foto: Acervo Fernanda Gutierrez

Para a reportagem do Jornal O Estado, a Diretora Geral do Estudio Pantanal em Dança, Fernanda Gutierrez, conta que a montagem de O Corsário surgiu de forma despretensiosa, após a participação da professora cubana Lorena Hernández, que coreografou um trecho do “Jardim Animado”. O resultado inspirou a criação de uma suíte mais completa do ballet, com coreografias divididas entre as professoras. Para completar o elenco, alunos de uma rede de ensino privada foram convidados a participar, tornando o espetáculo uma construção coletiva, emocionante e cheia de descobertas.

“Todo ballet de repertório exige um nível mínimo de domínio técnico para ser executado. Acredito que, se essa obra existe, ela deve ser respeitada. O que fazemos são adaptações técnicas, ajustando os passos para que todos consigam dançar com segurança e beleza, mas sem mexer na estrutura da obra em si.‘O Corsário’ é, de certa forma, uma obra pesada quando pensamos na sua narrativa, então escolhemos tratar com mais sutileza, sem perder o respeito pela obra original”, explica Fernanda.

Fundado em 2017, o Estúdio Pantanal em Dança completa oito anos de trajetória, com cerca de 250 alunos e uma equipe dedicada de professores e apoio. Ao longo desse tempo, já realizou mais de 16 espetáculos completos e participou de diversos festivais, conquistando espaço e reconhecimento. A montagem de O Corsário marca um momento histórico: é o primeiro ballet de repertório apresentado na íntegra pela escola, com narrativa, figurinos e cenários completos.

“O público pode esperar muita emoção com O Corsário. A apresentação será precedida por uma narrativa especial criada pelo artista sul-mato-grossense Correia, que dará contexto à história. É um espetáculo feito com muito amor, esforço e dedicação e os bailarinos certamente merecem cada aplauso”, destaca Fernanda.

 

Medora; a bela sedutora, estrela, e protetora

Além da apresentação inédita, o estúdio aposta na formação de talentos como Laura Borges, de 18 anos, que interpretará Medora e se prepara para competir em festivais nacionais e internacionais. Na dança desde os cinco anos, Laura já dançou clássicos como Giselle e Coppélia, e agora ensaia O Corsário desde março com foco técnico e artístico para emocionar o público.

“Queremos trazer um pouco de repertório para Mato Grosso do Sul, porque aqui muita gente nem sabe direito o que é um ballet de repertório. A parte mais desafiadora desse processo é lidar com várias histórias ao mesmo tempo.Trabalhar com várias cenas que têm emoções e contextos distintos acaba sendo um grande desafio”, afirma Laura para a reportagem.

A bailarina conta que Medora é uma personagem forte e imponente, e transmitir essa liderança e intensidade em cena, movida por sua paixão pelo ballet. Um dos momentos mais marcantes para ela é o pas de deux com Conrado. Ao lado do bailarino Elliot, com quem desenvolveu uma forte conexão nos ensaios, Laura promete emocionar o público com uma dança cheia de técnica, entrega e sensibilidade.

“Acho que o que o público pode esperar de mim no palco é uma vitória de resiliência.Além do personagem, acabamos trazendo um pouco da nossa própria essência para o palco, e este ano tem sido muito especial para mim, um ano de muitas mudanças. Acho que só consegui transmitir os sentimentos que essa dança precisa justamente por tudo o que vivi.Tenho certeza de que o público vai se emocionar bastante”, destaca.

Dois personagens

Interpretando dois personagens opostos no espetáculo O Corsário, o professor e dançarino Jimmy Elliot

Foto: Acervo Fernanda Gutierrez

enfrenta um desafio duplo: dar vida ao mercador Lankendem, figura rude e arrogante, e também a Ali, escravo delicado e protetor. Com mais de 20 anos de trajetória na dança, Jimmy destaca que o maior obstáculo tem sido lidar com a exigência técnica de Ali, cuja variação inclui muitos giros e saltos, exigindo preparo físico diário.

Já Lankendem exige uma atuação expressiva mais distante de sua personalidade, marcada por gestos brutos e postura imponente. Para ele, dar vida a esses dois universos tão diferentes no mesmo espetáculo é uma experiência enriquecedora e desafiadora.

“No palco, busco contrastar bem os dois personagens: como Lankendem, meus movimentos são mais duros e a expressão, altiva e arrogante. Já como Ali, entro com leveza, delicadeza e um cuidado especial com a bailarina. Ele tem mais a ver comigo, e por isso me sinto mais à vontade, mas sigo estudando para aprimorar cada detalhe da interpretação”, conta Jimmy.

O bailarino destaca o PDD como sua cena favorita do espetáculo, por ser a primeira vez que interpreta o personagem principal Ali. Após uma década longe dos palcos, ele celebra o retorno com entusiasmo e gratidão, trazendo sua bagagem de São Paulo para Campo Grande, onde busca entregar ao público uma performance marcante e emocionante ao lado do Estúdio Pantanal em Dança.

“Espero que o público de Campo Grande aproveite muito o espetáculo e reconheça o talento das bailarinas que estarão no palco. O ballet de repertório une dança e teatro, e acredito que essa magia pode emocionar, encantar e atrair ainda mais pessoas para essa arte. Campo Grande tem muita dança, mas sinto que ainda falta mais espaço e apoio para a valorização da dança clássica. Quero que essa apresentação mostre o poder transformador da arte e toque cada pessoa que estiver na plateia”, finaliza.

Serviço: O espetáculo “O Corsário” acontece no próximo sábado (5) e domingo (6), no Teatro Aracy Balabanian, localizado na Rua 26 de Agosto, 453. Os ingressos estão sendo vendidos a R$50 inteira e R$25 a meia entrada pela plataforma Sympla.

 

Amanda Ferreira

 

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