Já pensou, você, pai, conseguir levar a sua filha adolescente ao show de sua cantora pop favorita, e assim fazer o dia dela? Legal né? Porém, o que era para ser um momento inesquecível de diversão, se torna uma perseguição a um serial killer, e você e sua filha estão presos dentro do estádio. Essa é a premissa do suspense ‘Armadilha’, do – nem sempre – aclamado diretor M. Night Shyamalan, que estreia nesta quinta-feira (8).
Inicialmente, quem vê o trailer e até mesmo a sinopse, acredita que todo o enredo foi revelado em poucos minutos. Mas, para quem conhece o estilo do diretor M. Night Shyamalan sabe que não é bem assim, e que ainda há reviravoltas para acontecer.
Sinopse
‘Armadilha’, segue Cooper e sua filha adolescente. Ambos estão em um show da cantora pop Lady Raven, quando Cooper percebe a presença excessiva de policiais ao redor do estádio e do show, e isso o deixa inquieto. Rapidamente, ele consegue descobrir com a equipe que trabalha no local, que ambos estão no epicentro de uma armadilha montada para capturar um serial killer e o que deveria ser uma noite de diversão entre pai e filha, se transforma em uma luta desesperada pela sobrevivência, enquanto tentam escapar das garras do assassino que os cercou. Contudo, a verdade é que Cooper está fugindo dele mesmo. O filme acompanha a angustiante jornada de Cooper e sua filha enquanto são perseguidos implacavelmente, com uma trilha sonora que intensifica cada momento de suspense e adrenalina. Entre reviravoltas chocantes e confrontos emocionais, eles precisam encontrar uma maneira de desvendar o plano do assassino e sair vivos dessa situação desesperada.
Já o trailer dá a entender, inicialmente, que há algo de errado com Cooper. Ao saber da segurança intensificada no local do show, ele fica aparentemente nervoso. Em seguida, vemos o personagem checar as câmeras de segurança da própria casa, pelo celular, e de lá, ver imagens do porão, onde há uma pessoa presa, pedindo por socorro. Tudo isso é embalado com o sorriso ligeiramente maníaco do personagem.
O elenco conta com Josh Hartnett, Ariel Donoghue, Hayley Mills, Allison Pill e Saleka Shyamalan, como a popstar Lady Raven. Achou o nome familiar? Sim, a estreante Saleka é filha do diretor, e além de atuar, compôs 14 músicas para a trilha sonora do filme, que ela mesma cantou, inclusive.
Críticas mistas
Ainda com apenas 22 críticas, ‘Armadilha’ já divide opiniões do público, com 50% de aprovação no Rotten Tomatoes. Ao que indica, os críticos não gostaram do roteiro do longa, mas aclamaram a atuação de Josh Hartnett, que vale destacar, tem filmes brilhantes no currículo como ‘Oppenheimer’ e ‘Pearl Harbor’.
“Pedir para o público embarcar em uma jornada tão fundamentalmente fantasiosa beira o insulto. Mais precisamente: não é divertido”, disse à revista norte-americana Variety. Já a Associated Press reitera que espera a volta de algo semelhante aos clássicos do diretor. ‘Continuamos querendo […] algo no nível de ‘O Sexto Sentido’ ou ‘Sinais’ novamente. ‘Armadilha’ não está a altura. Este é um filme pipoca, com uma reviravolta surpreendente de uma estrela subestimada. E, no final das contas, resulta em uma sessão divertida no cinema”.
Amado e odiado
O cineasta M. Night Shyamalan está em alta em Hollywood desde os anos 1990. Seu início começou tímido, com os filmes ‘Playing with Anger’, em 1992, quando tinha apenas 22 anos e ‘Olhos Abertos’. Mas foi com ‘O Sexto Sentido’, em 1999 (aquele mesmo, que a criança diz ‘eu vejo gente morta’) que o diretor explodiu, com uma obra-prima que assustou e impactou o público da época, principalmente com o seu plot twist.
Em 2000 o diretor segue fazendo sucesso, desta vez com o longa ‘Corpo Fechado’, onde trouxe uma nova perspectiva em relação aos filmes de super-heróis. Dois anos depois ele repete o feito e lança ‘Sinais’, sobre uma invasão alienígena e um pai que tenta salvar sua família (alguém lembra do vídeo da festa de aniversário no Brasil?). A tríade de sucessos mostrou ao público que Shyamalan gosta de reviravoltas em seu enredo, e que se torna o mais esperado em suas produções.
Como nem tudo são flores, após o sucesso veio as críticas. Em 2004 o diretor lança ‘A Vila’, que dividiu opiniões (porém segue com o plot twist); depois é a vez das obras ‘A Dama na Água’ (2006) e ‘Fim dos Tempos’ (2006) serem os alvos de seus ‘fracassos’.
Porém, quase 10 anos depois, Shyamalan realiza a sua redenção com a crítica ao lançar ‘A Visita’ (2015), um thriller de estilo found footage. Logo depois, veio Fragmentado (2016), que mostrou com força o seu retorno, fez uma conexão inesperada com o universo de ‘Corpo Fechado’ e ainda emendou com Vidro (2019), criando assim uma inesperada trilogia. Seu último trabalho foi ‘Batem à Porta’ (2023), onde um casal é perseguido por um grupo que acredita que o destino do mundo está em suas mãos, o que faz o diretor colocar assuntos mais sérios em perspectiva (assim como em Sinais), como intolerância e fanatismo.
Inspiração inusitada
Em entrevista a ‘Empire’, Shyamalan descreveu Armadilha como “O Silêncio dos Inocentes em um show da Taylor Swift”. Parece irreal e meio fora de mão que uma das obras do diretor tenha algo a ver com a loirinha, mas em sua passagem pelo Brasil para a divulgação do longa, o diretor voltou a falar sobre a inspiração, em entrevista ao portal ‘Omelete’.
“Eu não pude ir a nenhum show da ‘The Eras Tour’, infelizmente, mas toda a grandiosidade da turnê da Taylor Swift foi uma inspiração essencial para criar o ambiente do nosso filme. Não só dela, é claro, mas diversos outros shows que têm uma produção gigantesca, onde não sabemos o que acontece por trás das cortinas”, disse. Inspiração ou jogada de marketing, já que a mencionada ‘The Eras Tour’, alcançou recordes impressionantes desdes o seu início?
Para o longa, a equipe de produção precisou criar um concerto desde o início, e antes das gravações começarem, a obra já estava planejada para isso. “A Saleka treinou durante vários meses com os dançarinos. Quando chegamos, parecia que estávamos realmente num espetáculo de uma digressão mundial, tal como a da Taylor Swift,” comentou Hartnett.
Ainda conforme o cineasta, dessa vez para a ‘IndieWire’, Armadilha deve explorar temas perturbadores e verossímeis. “Gosto de falar sobre estes tópicos para me sentir mais à vontade com a realidade. O filme fala sobre monstros que habitam entre nós, na sociedade. Existem muitas outras tragédias quotidianas sobre as quais poderia refletir”.
Outra inspiração para o filme foi a Operação Flagship, realizada em 1985, onde o governo dos Estados Unidos, com o intuito de prender fugitivos, enviou ingressos gratuitos para que eles pudessem assistir a um jogo entre Washington Redskins e Cincinnati Bengals. Como consequência, 101 pessoas foram presas após o plano, que contou com policiais disfarçados de mascotes.
O filme ‘Armadilha’
Por Carolina Rampi
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