Quinta-feira é dia de cinema no jornal O Estado! Nesta semana, o longa em cartaz é para aqueles que gostam da boa e velha história de possessão demoníaca, com a estreia do filme ‘O Exorcismo’, protagonizado por Russel Crowe, ganhador do Oscar pela obra ‘Gladiador’.
O roteiro e a direção ficaram por conta de Joshua John Miller e M.A. Fortin, que já trabalharam juntos na série ‘A Rainha do Sul’. Com distribuição realizada pela Miramax e Outerbanks Entertainment (responsável por filmes como ‘Pânico 4’ e ‘Amaldiçoados’), ‘O Exorcismo começou a ser filmado no final de 2019, mas só teve lançamento em solo americano no mês de julho de 2024, sendo que no Brasil sua estreia é em 1º de agosto.
Um ponto interessante da criação desse filme é a ligeira semelhança temática com ‘O Exorcista’, de 1973. E isso não é por acaso: Joshua John Miller é filho do falecido ator Jason Miller, conhecido por interpretar o Padre Damien Karras, na obra de 1973. Agora, o filme de 2024 faz uma espécie de filme-homenagem à obra do diretor William Friedkine e a Jason Miller. Além disso, ambos os filmes se passam na cidade norte-americana Georgetown, mais uma referência.
Além de Crowe, o filme ainda tem no elenco Samantha Mathis, Sam Worthington, Chloe Bailey, Adam Goldberg e David Hyde Pierce.
Sinopse
A trama, que tem a pegada de ‘história dentro da história’, gira em torno de Anthony Miller (Russell Crowe), um ator problemático com um passado turbulento envolvendo drogas, mas que agora está determinado a seguir um caminho de sobriedade. Enquanto grava um filme de terror, seu comportamento estranho e agressivo começa a despertar preocupações, especialmente em sua filha, a jovem Lee. Ela teme uma recaída do pai, mas o que está por trás dessas mudanças pode ser algo ainda mais sinistro. À medida que os eventos no set de filmagem se tornam cada vez mais perturbadores, Anthony começa a questionar sua própria sanidade, enquanto sua filha investiga a possibilidade de uma força sobrenatural estar influenciando seu pai. O filme combina elementos de horror psicológico com um drama intenso sobre a luta pela redenção e a relação complexa entre pai e filha. A atuação poderosa de Crowe, juntamente com a direção habilidosa de Miller, cria uma atmosfera de tensão e mistério que mantém o público preso do início ao fim.
‘Pode copiar, só não faz igual’
As imagens oficiais do filme, o nome, e até o fato de Crowe retornar ao cinema como um padre exorcista, nos lembra automaticamente do filme ‘O Exorcista do Papa’, do ano passado, que continua fresco na memória de muitos. Entretanto, mesmo com a temática e os nomes semelhantes, os filmes não estão relacionados, e não são continuações.
Mas para quem gostou de ver o eterno Gladiador como um padre exorcista e purificador do mal, poderá ficar animado: ainda há possibilidade de um ‘O Exorcista do Papa 2’. Conforme o portal Bloody Disgusting, a produtora já teria recrutado Crowe para uma nova obra como o Padre Gabriel Amorth. O ator inclusive já disse durante entrevistas que existe uma ideia para mais um projeto no universo, que cabe destacar, arrecadou $ 52 milhões de bilheteria, em cima de um orçamento de $ 18 milhões.
Inspirações
Ainda para a Bloody Disgusting, o diretor Joshua John Miller e o co-diretor M.A. Fortin revelaram que uma das intenções do longa é quebrar um ciclo de filmes de terror onde o ser humano possuído é sempre uma mulher. Além disso, a política norte-americana também foi fonte de inspiração.
“Acho que o ímpeto foi a eleição de Donald Trump e que homens brancos e héteros pareciam estar possuídos em todos os lugares ao nosso redor. Nós meio que cansamos de ver mulheres [no cinema] como mulheres histéricas sendo retratadas como possuídas. Pensamos ‘Bem, e se nós realmente fizéssemos algo sobre um cara que está possuído e é salvo por duas lésbicas?’”, explicou Miller.
“Foi como um grande conjunto de coisas. Foi como pegar os filmes de exorcismo e o clima político e então realmente aprofundar no fato de que a maioria dos filmes de exorcismo são bem patriarcais por natureza”, complementou Fortin.
Crítica negativa
Para a jornalista Mari Dertoni, do portal Coletivo Crítico, as referências ao longo do filme podem ser envolventes, mas a obra em conjunto perde o fôlego ao longo da história.
“O Exorcismo funciona como um filme para fãs. Se você capta as diversas referências existentes no longa, ele faz mais sentido e se torna uma obra interessante. Por outro lado, como uma obra isolada de terror, segue a cartilha de certos clichês do gênero, como flashbacks, uns jumpscares, as cenas de possessão e conflitos religiosos, adornados por boa fotografia. Surfar na onda do sucesso de Crowe no gênero parece um negócio promissor, o ator já está confirmado para a sequência de O Exorcismo do Papa, que não ganhou ainda data para estreia, e tem sido devidamente relembrado por seu trabalho em Gladiador (2000), por causa da sequência que estreia ainda esse ano, dirigida por Ridley Scott”.
A falta de coerência nos eventos apresentados também é um ponto apresentado na crítica de Isabelle Coelho, do site Não Parece, Mas é Sério. “O filme não apresenta uma história coerente, os eventos surgem sem conexão ou lógica. A trilha sonora de suspense é interessante, mas não se alinha com as cenas e cria uma falsa sensação de tensão. Não é possível sentir medo ou suspense real, apenas a ilusão proporcionada pela música”.
O Exorcismo está em cartaz nos cinemas e a classificação indicativa é de 16 anos.
Por Carolina Rampi
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