Colecionadores de arte estão a fim de gastar, NFTs não vão desaparecer tão cedo e o mercado, enfim, respira mais aliviado depois da queda drástica de vendas em 2020.
Não parece uma surpresa o que revela a sexta edição da ampla pesquisa sobre os ânimos financeiros das artes feita pelo banco UBS (Unidade Básica de Saúde) em parceria com a economista cultural Claire McAndrew e com a feira Art Basel.
Para ficar só num exemplo brasileiro, São Paulo viu um salto de uma para três feiras de arte na agenda só do primeiro semestre deste ano. Mas os números mostram a dimensão desse retorno a uma vida de pretensa normalidade do ano passado para cá.
Depois de encarar a maior queda nas vendas na última década em 2020, o mercado de arte no mundo se recuperou em 2021 com um aumento de 29% desse índice em relação ao ano anterior. Isso faz com que o setor chegue a níveis da vida pré-pandemia com um valor de vendas de US$ 65,1 bilhões, cerca de R$ 310,6 bilhões.
Nessa briga de cachorro grande, os Estados Unidos mantiveram a liderança e representam 43% das vendas do mundo, em valor. O mercado chinês, no entanto, desbancou o Reino Unido e chegou como o segundo maior, com 20% dessas transações.
Quem ficou com o maior salto de negociações foram os leilões públicos de artes decorativas e antiguidades. Os cerca de US$ 26,3 bilhões de vendas representam um aumento de 47% em relação a 2020.
E os tais dos NFTs, que agitaram o mercado de arte com obras digitais sendo vendidas como as mais caras do mundo, também foram responsáveis por esse crescimento do mercado.
Com o boom de trabalhos vendidos com esse certificado digital, as vendas de NFTs fora do mercado oficial de arte atingiram US$ 2,6 bilhões, cem vezes mais do que em 2020.
O volume de transações nas plataformas externas de NFT também cresceu e passou de mais de 755 mil para 5,5 milhões, com itens colecionáveis representando 85% delas.
A pesquisa também aponta que esse mercado foi um grande responsável por atrair um novo público de colecionadores para as casas de leilões tradicionais –78% dos que foram atrás de NFT em casas como Sotheby’s e Christie’s eram novos clientes, e mais da metade deles tinham menos de 40 anos.
Entre os 2.300 colecionadores de dez mercados diferentes que fizeram parte da pesquisa, 88% também apontam que pretendem comprar esse tipo de obra virtual.
Por outro lado, a corrida atrás de se adaptar ao universo digital sem a presença do físico parece ter se estagnado, e o mercado virtual cresceu somente 7% do ano passado para cá.
Os efeitos negativos da pandemia vieram acompanhados de um crescimento do poder aquisitivo de bilionários, que viram a riqueza aumentar em quase um terço em 2020 –o que impacta a capacidade de compra desses clientes em potencial.
O Brasil, que faz parte da pesquisa entre colecionadores pela primeira vez, não viu esse número crescer expressivamente do ano passado para cá –foi de 2.299 para 2.657, apesar de ter visto um crescimento maior nessa parcela na virada de 2019 para 2020.
Mas é fato que estão todos animados e vêm da América do Sul os maiores níveis de otimismo com o futuro do mercado de arte. No Brasil, 31% dos agentes de mercado esperam vendas substancialmente maiores neste ano e 85% se dizem otimistas com o cenário nos próximos seis meses.
Os que colecionam arte no Brasil, aliás, são os que têm os maiores acervos segundo a pesquisa, com média de 52 obras. Na Ásia, por exemplo, chega a 30 peças.
De olho nos próximos 12 meses, mais da metade dos colecionadores afirmaram que planejam comprar arte neste ano, e a arte digital se tornou um ponto de interesse, principalmente entre os mais jovens. O entusiasmo em adquirir essas peças encontra seu maior número entre os millennials, com 61% de interessados em ter um jpeg para chamar de seu.
Com informações da Folhapress