Musical universitário celebra a vida através do tempo e das emoções

Lia (a personagem principal) na vida adulta e na adolescência faz pose para fotografia - Foto: Divulgação
Lia (a personagem principal) na vida adulta e na adolescência faz pose para fotografia - Foto: Divulgação

Com direção de acadêmicas da UEMS, espetáculo estreia neste sábado no Teatro Elite Mace, em Campo Grande

 

Neste sábado (24), às 19h, o palco do Teatro Elite Mace, em Campo Grande, será tomado por memórias, sentimentos e música. Com um elenco composto inteiramente por estudantes do curso de Teatro da UEMS (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul), o musical “Velas e Eras”, inspirado no filme “Divertida Mente” propõe um mergulho sensível nas transformações da vida por meio de uma personagem que cresce diante do público: Lia.

Dirigido pelas acadêmicas Clara Lanzoni Camargo (direção-geral) e Sarah Oliver (roteiro), o espetáculo é uma homenagem poética ao tempo. Inspirado nas narrativas visuais e emocionais dos filmes “Aqui” e “Divertida Mente”, o musical costura cenas de diferentes aniversários de Lia, da infância à vida adulta e, com isso, revela as transformações internas que cada etapa da vida carrega.

O papel de Lia é interpretado por Mariana Lima Fernandes, atriz em formação que tem se dedicado ao teatro desde os 11 anos. Ao lado dela, um elenco de 17 estudantes de Teatro da UEMS dá vida a personagens que acompanham e moldam a trajetória da protagonista: pais, amigos, medos, memórias e emoções, em um roteiro que busca conversar com o público através da empatia.

Foto: Divulgação

Produção

A inspiração para o musical “Velas e Eras” surgiu após as diretoras assistirem juntas ao filme “Aqui” (Here, no original), de Robert Zemeckis. A proposta do longa é acompanhar diferentes vidas que atravessam um mesmo espaço ao longo do tempo, despertou uma reflexão sobre como as emoções também ocupam lugares nas pessoas, como cenários internos em constante transformação.

Para a reportagem do Jornal o Estado, as diretoras do musical, Clara Lanzoni e Sarah Beatriz, explicaram que a partir dessa ideia, nasceu o desejo de criar um espetáculo que acompanhasse a trajetória emocional de uma personagem ao longo da vida, conectando memórias, perdas e recomeços. Assim, “Velas e Eras” foi concebido como uma cena viva e sensível, uma espécie de casa habitada pelas emoções.

“Estamos com uma equipe de cerca de 25 pessoas, entre elenco, técnicos, músicos e produção. Iniciamos os ensaios há cerca de quatro meses. Eu e Sarah dividimos a direção de forma muito orgânica: ela traz um olhar mais dramatúrgico e poético, enquanto foco mais na construção cênica e emocional. Mas tudo é muito colaborativo. Cada encontro é um laboratório vivo”, afirma Clara.

A trilha sonora emociona com sucessos da música brasileira, de nomes como Cazuza e Marisa Monte, que ganham novos sentidos ao serem inseridos na narrativa. A música, segundo Clara e Sarah, é um fio condutor entre as fases de Lia e também um elo entre gerações.

“A trilha nasceu junto com os personagens. Escolhemos músicas que dialogam com os ciclos de dor, resistência e amor. Cazuza traz essa fúria lírica que combina com os momentos de crise da Lia. Já Marisa Monte nos conecta com a delicadeza da memória, do feminino, da ancestralidade. Cada canção é um espelho das emoções da personagem”, destacam.

O espetáculo é rico em detalhes desde o início, sendo a montagem uma celebração da potência criativa na universidade pública. Todo o espetáculo foi concebido e produzido pelos próprios acadêmicos, com apoio da iniciativa privada por meio da Vinci Produções. A produção geral é assinada por João Gussi, com coreografias de Karen Escobar e Gabriela Abreu, além da edição visual por conta de Luiz Eduardo.

“Trabalhamos muito com o corpo e a presença dos atores. Com mudanças sutis no tom de voz, no ritmo dos movimentos e nas expressões. As transformações da Lia são sentidas mais do que vistas. A trilha sonora também tem um papel fundamental nesse processo, pontuando momentos-chave e ajudando o público a mergulhar nas emoções dela. Além disso, usamos elementos cênicos simbólicos, como cartas, objetos e tecidos, que aparecem em diferentes fases da vida da personagem, funcionando como gatilhos de memória e emoção”, afirma a diretora-geral.

Crescer também é sentir

Trabalhando com a linguagem do palco, a equipe optou por uma cenografia minimalista e simbólica, em que poucos elementos ganham múltiplos significados. Conforme as diretoras, bancos, tecidos, caixas e objetos diversos se transformam conforme as cenas, permitindo que um mesmo item represente diferentes tempos e sentimentos.

No figurino, a proposta acompanha as fases da vida de Lia com trocas simples, porém carregadas de sentido, ajudando o público a perceber as mudanças temporais e emocionais da personagem. A estética do espetáculo é delicada, poética e funcional, concebida para oferecer liberdade aos atores e manter o foco na dramaturgia.

Para além do texto e da música, Velas e Eras aposta em uma encenação sensorial. As transições temporais são evidenciadas por elementos visuais e corporais, destacando o trabalho de corpo do elenco e o cuidado com a ambientação de cada era da vida da personagem. As diretoras esperam que o público reflita que ser adulto, é se permitir sentir.

“Foi um processo muito bonito. Trabalhamos com dinâmicas de memória afetiva, improvisações e escuta profunda. Cada ator trouxe uma parte de si para os personagens. Como diretora, desejo que o público saia tocado, que se reconheça em suas próprias dores e esperanças, e que entenda que crescer também é permitir que partes nossas fiquem para trás com amor”, finalizam.

Serviço: O musical “Velas e Eras” será apresentado neste sábado, dia 24 de maio, às 19h, no Teatro Elite Mace, localizado na Rua Íria Loureiro Viana, 47, em Campo Grande. Os ingressos custam R$ 70,00 (inteira) e R$ 35,00 (meia-entrada), com a promoção de meia para todos os públicos até o dia 23/05. Mais informações e aquisição de ingressos podem ser feitas pelo perfil no Instagram @vinciproducoes_.

 

Por Amanda Ferreira

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