Músico terá mesa redonda especial com debate sobre canções e legado
Considerado um dos principais compositores da música sul-mato-grossense, criador de ‘Trem do Pantanal’ ao lado de Paulo Simões, Geraldo Roca deixou um legado inestimável para a música brasileira, sendo um dos precursores do estilo polka-rock e do termo Litoral Central. E é esse legado que será homenageado nesta semana no Festival Mais Cultura, da UMFS (Universidade Federal do Mato Grosso do Sul).
A homenagem fica por conta do cantor, compositor e instrumentista Márcio de Camillo, com o show ‘Do Litoral Central do Brasil: Márcio de Camillo canta Geraldo Roca’, dirigido por Luiz André Cherubini. Aproveitando a presença do diretor na cidade, a UFMS também irá promover um bate-papo sobre o papel do diretor teatral, nos espetáculos musicais, para o público em geral, interessado em artes cênicas.
Além do espetáculo em homenagem a Geraldo Roca, haverá também, como parte das atividades de Oficinas e Palestras do ‘Festival Mais Cultura’, uma Mesa Redonda com o tema ‘O Legado de Geraldo Roca’.
Poucas, mas as melhores
Geraldo Roca é autor, em parceria com Paulo Simões, da música “Trem do Pantanal”, sucesso na voz de Almir Sater. Considerado “maldito” por seus pares, era chamado de “Príncipe” por Arrigo Barnabé. Sua produção musical pode ser considerada pequena, se tomarmos como referência a quantidade de composições e discografia, mas analisada a fundo, perceberemos um artista de voz potente e marcante, com composições inspiradas e profundas. São polcas, rocks, chamamés, guarânias e até baladas e Márcio de Camillo, amigo e admirador de Roca, soube pesquisar e escolher um repertório primoroso, uma panorâmica deste artista reverenciado, cantado e gravado por amigos que assim como ele, fizeram parte da “geração de ouro” da música pantaneira sul-mato-grossense: Paulo Simões, Alzira E, Geraldo Espíndola, Tetê Espíndola, Almir Sater, entre muitos outros.
“Além de um músico que eu admirava muito (não só como compositor, mas como violonista, violeiro e cantor), Roca influenciou muito a música da minha geração”, conta Márcio de Camillo. “Além disso, ele era meu vizinho, morava em frente à minha casa. A gente saía para jantar, para conversar, éramos amigos. Conheço a obra dele e vejo a obra dele na minha, compusemos uma canção juntos, em parceria com outros compositores, chamada ‘Hermanos Irmãos’. Também dividimos uma faixa no CD Gerações MS chamada ‘Lá vem você de novo’. Roca é referência e pedra fundamental na construção da Moderna música sul-mato-grossense… Ele soube ler a música de fronteira, mesclando elementos do Rock, do pop, do folk, criando um estilo único. Ele é um verdadeiro representante do folk brasileiro.”
A arte visual do show, com fotos feitas por Lauro Medeiros, foi baseada no álbum “Veneno LIght”, que Geraldo Roca lançou em 2006. A foto principal de divulgação do show faz referência direta à capa deste álbum, cuja foto original é assinada pelo cineasta Cândido Fonseca.
Terceira da sorte
Este será o terceiro espetáculo de Márcio de Camillo dirigido por Luiz André Cherubini do Grupo Sobrevento. A parceria iniciou-se em 2012, com o lançamento do espetáculo cênico musical ‘Crianceiras Manoel de Barros’, e que prosseguiu em 2018, com o ‘Crianceiras Mário Quintana’.
“Este show vai mostrar os muitos lados e a contradição que era o próprio Geraldo Roca, a riqueza, a variedade de personalidades que viviam dentro dele e que foram tão conflitivas ao longo de toda a sua vida”, explica o diretor Luiz André. “Ao mesmo tempo, um homem que representa aqueles que somos nós nas nossas fragilidades, inconstâncias, dúvidas e com uma qualidade artística que vocês vão ficar surpresos de conhecer”.
O show reúne músicos experientes com formações muito ecléticas, da orquestra sinfônica ao punk rock, tocando cello (Denise Ferrari), bateria e percussão (Nath Calan) e flauta, teclado e saxofone (Thiago Sormani) e ainda promete surpresas, com participações especiais. Márcio de Camillo, por sua vez, toca violão, viola caipira e canta as músicas de Roca, revelando as muitas facetas de sua personalidade musical.
Márcio de Camillo e Geraldo Roca foram amigos e companheiros de palco, e agora, ao homenagear Roca, Márcio nos dá pistas de suas influências musicais e nos convida para uma reflexão sobre as raízes deste país ainda a ser descoberto, um Brasil musical e maravilhoso, que tantas vezes está de costas para o interior, um lugar pantaneiro, repleto de praias, no Centro do país. A partir dali, abre-se para o mundo como quem está à beira-mar, ou melhor, à beira do Litoral Central.
Festival Mais Cultura
Em 2024, o Festival Mais Cultura comemora dez anos, com atrações gratuitas na Cidade Universitária, de 23 a 29 de setembro. Além de sensibilizar a comunidade interna para as artes e difundir a cultura, o evento, que já faz parte do calendário acadêmico da UFMS, também tem como objetivo atrair a comunidade externa para a Universidade.
Programação
O show ‘Do Litoral Central do Brasil: Márcio De Camillo canta Geraldo Roca’ será nesta terça-feira (24), às 20h, no Teatro Glauce Rocha, de forma gratuita, com reserva de ingressos por meio da plataforma sympla.
Na quarta-feira (25), às 14h, haverá a mesa redonda ‘Geraldo Roca e seu Legado’, no Auditório Luis Felipe de Oliveira, na Cidade Universitária. Com transmissão ao vivo por meio do link (https://link.ufms.br/tvufms), a palestra terá participação de Márcio de Camillo, Henrique de Medeiros (presidente da academia Sul Mato Grossense de Letras), Luiz André Cherubini e Bosco Martins.
Já às 16h é a vez da oficina com o Diretor Teatral Luiz André Cherubini, no Anfiteatro Marçal de Souza Tupã da UFMS – Corredor Central. A oficina terá ainda participação de Andréia Freire Márcio de Camillo. Todas as atrações e oficinas são gratuitas.
Por Carolina Rampi
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