A mudança do seu lar ou do ambiente onde trabalha não precisa das dores de cabeça que acabam acontecendo durante uma reforma, por isso a alternativa mais revolucionária está na mistura de arte e arquitetura: o muralismo. A arquiteta, Thiemy Shinzato é especialista na área e acredita que o conceito traz uma renovação mais rápida para o ambiente.
Em Campo Grande, a arquiteta junto com o colega de profissão, Lucas Caneca, têm muitos trabalhos residenciais, o que acaba transformando os locais em atrativos de visitação. Mas, Thiemy também tem o seu muralismo na antiga BRAVA, Dom Menegazzo, escritórios, consultórios, além da Alimentar Dietas e Empório Mansur. O muralismo deles vai além de Campão e chega a: São Paulo, Rio de Janeiro, Florianópolis e em Barcelona, na Espanha, onde Thiemy fez sua especialização em Design, Arte e Espaço Público. É algo que pode ser considerado como arte efêmera, devido a muitos lugares já terem apagado o mural para renovar a temática.
Thiemy e Lucas são proprietários do ateliê Casa Muxarabi. Eles transmitem para o muralismo o cotidiano e vivência deles que afetam diretamente nas criações. O Caneca o faz por meio da origem da sua família pernambucana e as artes da avó autodidata. Já Thiemy cria por meio da observação da natureza dos arredores.
“Nos baseamos em experiências próprias e transformamos a ideia justamente para tentar fazer com que as pessoas fujam do cotidiano, que criem novas formas de enxergar o redor, que antes era normal e chato”, explica Thiemy.
Ela conta que para a contratação dos serviços há uma primeira conversa com o cliente para contextualizar a mensagem que o mural irá passar, além de estudo do espaço e medição. “A ideia é criar um equilíbrio entre as necessidades, especificidades e liberdade formal do trabalho, resultando em uma arte diferenciada e de design único. Os valores e prazos variam conforme a metragem quadrada, detalhamento do desenho e do lugar a ser aplicado”, destaca.
Questão de imaginar
A questão de imaginar e alteração ambiental por meio da comunicação com intuito de deixar os lugares mais personalizados desde há muito tempo esteve presente na história da humanidade. Está presente nas pinturas rupestres com desenhos do cotidiano, em afrescos buscando maior espiritualidade nas igrejas e templos religiosos, no pixo como protesto desde tempos do império romano, do cunho político e didático dos murais mexicanos, no grafito das revoluções industriais e contemporâneas.
“O muralismo nasceu, portanto, na transgressão, numa situação de conflito, no protesto e reinvindicação de alguma causa e segue assim até os dias de hoje, vislumbradas através de desenhos à mão, pinturas, grafito, letras estilizadas e até projeções eletrônicas que podem ser figuradas nos mais diversos temas”, analisa a arquiteta.
Como parte mais artística da arquitetura, Thiemy, conta que os murais alcançaram, todavia, novos ares e também são uma ferramenta cada vez mais comumente aplicada nos lares e nos estabelecimentos comerciais, numa percepção mais decorativa e de personalização dos espaços. “São representações artísticas, ilustrações na parede que mudam a sensação do lugar, que inspiram algum sentimento de proximidade e agem como elemento transformador e potente comunicador. Unem o trabalho de projetos arquitetônicos e acompanhamento de obras com os murais de desenhos feitos à mão por encomenda”, pontua.
Caneca, além de utilizar letras estilizadas (lettering), traz em suas criações figuras humanas e fantásticas, de estilo armorial e de cordel, herança de sua família pernambucana. Thiemy que começou com pinturas a óleo aos 12 anos, trocou a tela pela parede e utiliza de abstrações artísticas, linhas e formas livres com temáticas de fauna e flora da região.
Segundo os arquitetos, as ilustrações conversam, comovem e perturbam de maneira a trazer benefícios aos usuários da residência ou do espaço comercial. “Assim, descomprimem a estafa do dia a dia, criando uma espécie de museu particular”, refletem.
Por fim, a dica dos arquitetos do muralismo fica por conta da flexibilidade de conteúdo que permite decorar facilmente um quarto de bebê, compor uma fachada comercial ou simplesmente criar um cenário, agora exigido pelo teletrabalho ou em mídias sociais. “É uma opção interessante ao tradicional e clássico quadro pendurado, com o charme da efemeridade onde os artistas são capazes de enxergar e reproduzir nas paredes as tendências estéticas e os anseios de mudança sem a necessidade de reformas ou de algum quebra-quebra”, concluem.