Memória fonográfica: Pesquisador busca preservar a história da música de MS

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Foto: Eduardo Medeiros/Divulgação

Com o intuito de preservar a história da música regional, o projeto Memória Fonográfica do pesquisador Carlos Luz, busca pelos clássicos discos de vinil até os CDs (compact disc) de músicos de Mato Grosso do Sul. Financiado pelo FIC (Fundo de Investimentos Culturais), o projeto prevê conservar um total de 50 discos e 75 CDs da década de 50 em diante, que serão digitalizados e disponibilizados ao público de forma totalmente gratuita no MIS (Museu da Imagem e do Som de MS) em maio deste ano. O pesquisador aceita obras musicais do Estado em formato de discos de vinil, CDs ou fitas cassetes. Interessados em contribuir com o projeto podem entrar em contato pelo celular (67) 98401-4648 para a devida avaliação.

Incumbido pelas demandas da Gravadora Sapucay, ainda nos anos 2000, o campo-grandense (desde 1983) Carlos Luz fora responsável por catalogar e comercializar os CDs de grandes nomes da música sul-mato-grossense. Buscando por uma relação metódica que melhor divulgasse os artistas do Estado, Carlos deparou-se com uma produção rica e vasta em formato físico, em especial formada por LPs (Long Playing). “A surpresa foi muito grande, pois tinha músicos que haviam gravados mais de 18 discos de Vinil como o caso de Délio e Delinha, Beth e Betinha, Amambai e Amambaí, Castelo e Mansão, Victor Hugo, Curioso e Barqueirinho, Tetê Espíndola, Almir Sater, Paulo Simões, Grupo ACABA, Entre outros”, disse Carlos.

Desde então, completam-se 24 anos de pesquisa em desenvolvimento e encantamento com os músicos sul-mato-grossenses. Sua relação com a música, a partir da década de 70, floresceu por influência de sua geração e após adquirir os famosos “bolachões”, conforme explica o pesquisador. “A música sempre esteve presente em minha vida, ainda mais quando ganhei os discos do Pink Floyd, Beatles, etc.”, afirmou. Contudo, foi com uma cantora que a sua paixão pelas músicas de Mato Grosso do Sul floresceu. “Em MS, foi Helena Meirelles que despertou meu interesse, pela sua habilidade musical e por ser autodidata”, acrescentou.

Revolução digital?

Para além da paixão, o projeto propõe uma reflexão sobre as formas de consumo de música. Foi a partir de 1960, com o estouro de bandas, como os Beatles e os Rolling Stones, que o conhecido LP tornou-se popular. Desde os anos 60 até os dias atuais, o mercado da música passou por profundas transformações: os CDs (compact disc) e DVDs transformaram-se na nova tendência de mercado, até chegar à mídia digital. Que, para Carlos, foi uma transformação paradoxal. “Na década de 80, com a vinda dos CDs, os discos de vinil praticamente foram deixados de lado e muitas gravadoras de discos fecharam. Agora, com as mídias digitais, a maneira de se ouvir música se tornou mais dinâmica, mas, ao nível de informação e contato com as obras dos artistas, como letras das músicas, etc., acho que prejudicou, nesse sentido de informação”, argumentou.

De volta ao vinil

O projeto Memória Fonográfica, para o jornalista Rogério Vidmantas, residente em Dourados há mais de 30 anos, e colecionador de LP’s, é de suma importância por fins de registro histórico e pela experiência auditiva. “Fazer esse registro histórico dessas mídias, mesmo que estejamos vivendo, já há alguns anos, a retomada dos discos em vinil, com relançamentos, venda de novos equipamentos e tudo mais, é muito importante. Além disso, o vinil não é apenas a música, é toda arte da capa, das informações e letras do encarte. É todo esse conjunto”, disse o jornalista.

O gosto musical de Rogério e o apreço pela arte fora desenvolvido ainda na adolescência, com o segundo álbum da banda britânica Tears For Fears, “Songs From The Big Chair”. Desde então, a lista foi só aumentando: The Smiths, The Cure, U2, são algumas das bandas que integram sua coleção com aproximadamente 160 LP’s. De acordo com o jornalista, o disco de vinil, assim como o CD, proporciona uma experiência singular, são canções pensadas para se escutar como um todo. “Bastou comprar um toca discos e colocar o primeiro na agulha para relembrar de como é gostoso e viciante a música neste formato. Ver o disco rodando no prato, manusear o encarte, o cheiro da capa. É muito legal”, afirmou.

Por Ana Cavalcante.

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