Obra celebra os silêncios da estrada, os detalhes esquecidos e os afetos partilhados em família
Entre corridas, fotografias e goles de tereré, o escritor Mazão Ramires transforma o cotidiano em crônica no livro ‘Entre Jogos & Jornadas’. A obra celebra os silêncios da estrada, os detalhes esquecidos e os afetos partilhados em família, reunindo histórias inspiradas no esporte, na fé e nas pequenas pausas da vida — aquelas em que o simples se revela extraordinário. O lançamento está marcado para este sábado (9), das 16h às 19h, na cafeteria Doce Lembrança.
Os textos misturam suor e silêncio, paisagens e pessoas, o autor consegue transpassar para as páginas tudo que aprendeu ao longo de sua jornada de vida, ao perceber detalhes no caminho. Fotógrafo profissional desde 2007, Ramires é escritor por paixão, já tendo realizado trabalhos em jornalismo; o livro ‘Entre Jogos & Jornadas’ é sua estreia na literatura.
“Comecei no fotojornalismo, atuando nas editorias de política, esportes e fotografia documental. Com o tempo, meu passaporte virou o mapa de um estado inteiro: Mato Grosso do Sul, com seus 79 municípios e infinitas histórias”, relembra em entrevista ao jornal O Estado.
Fora das notícias, ele também já capturou em suas lentes a natureza, retratos e esportes. Hoje, ele é maratonista, pai, esposo e exerce sua fé em vários aspectos de sua vida. “Acredito que cada clique é um testemunho e cada crônica um gole de vida. Sempre tive o hábito de anotar as loucuras que a vida desenhava à minha frente. Anoto em caderninhos gastos, moleskines viajados, notas rápidas no celular que mais parecem pequenos bilhetes para o futuro”, disse.
A fotografia foi mais que um ofício para Mazão Ramires, tornou-se um passaporte para enxergar o mundo fora dos roteiros óbvios. “A fotografia me levou para longe. Longe dos caminhos óbvios. Conheci histórias em cada rosto que cliquei: de um chefe de Estado apressado a um ribeirinho sereno à beira do rio; de CEOs que mantinham o olhar fixo à espera do retrato ideal a peões pantaneiros que, entre um gole de tereré e outro, contavam causos que dariam livros inteiros”.
Mas antes mesmo da câmera, foram as palavras que moldaram o olhar de Ramires. “Desde pequeno, caminhei com os olhos grudados em páginas: gibis, revistas Placar, MTV, jornais O Lance, livros de futebol. Mais tarde, já crescido, foi Manoel de Barros quem me ensinou que a poesia mora nas miudezas, na água parada, no sapo distraído, no silêncio que ninguém escuta”.
Como cronista, ele acredita que ainda há espaço na vida das pessoas para um olhar mais lento em meio ao caos da vida digital.
“Mais resenha, mais risada, mais o simples. Manoel de Barros, sempre foi uma inspiração, olhar o simples, olhar do chão, voltar a ser criança. Fazer amizades e conversar sobre o futebol dentro do mercado, na fila do açougue. Sair para correr, e olhar para cima e ver araras sobrevoar. O Tereré, ou um café nos une a mesa para conversar, e ouvir e aprender”.
O autor finaliza com o desejo de que seus leitores, assim como ele, consigam aproveitar mais as simplicidades. “Desde ir aos parques, aqui temos o Parque das Nações Indígenas, Parque dos Poderes, caminhar, correr, praticar um esporte, corrida de rua, mesmo nos dias difíceis! Deus está com a gente, podemos ver nos simples detalhes”.
Por Carolina Rampi