Mato Grosso do Sul realiza em agosto a 1ª ‘Jornada Estadual do Patrimônio Cultural’

Foto: Ricardo-Gomes/Divulgação
Foto: Ricardo-Gomes/Divulgação

O objetivo é democratizar o acesso à memória e valorizar os bens culturais, materiais e imateriais

Com o tema ‘Caminhos de Memória: Territórios, Saberes e Resistências’, Mato Grosso do Sul participa pela primeira vez da Jornada Estadual do Patrimônio Cultural, realizado no mês de agosto. A ação inédita integrará as comemorações do Dia Estadual de Valorização do Patrimônio Cultural sul-mato-grossense, celebrado em 17 de agosto, e se alinha ao Dia Nacional do Patrimônio Cultural, homenageando o legado do criador do SPHAN (atual IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), Rodrigo Melo Franco de Andrade.

Realizada em Mato Grosso do Sul pela fundação de cultura em parceria com o IPHAN/MS, a jornada é inspirada nas edições de São Paulo e Minas Gerais (que também são influenciadas pela Journées du Patrimoine, da França), com objetivo de democratizar o acesso à memória, valorizar os bens culturais – materiais e imateriais – e fortalecer a conexão entre comunidades e seu território.

As ações poderão ser propostas por instituições públicas, privadas, comunitárias e educativas e terão ampla liberdade criativa. Estão previstas atividades como exposições, rodas de conversa, visitas guiadas, oficinas em escolas, projeções audiovisuais, campanhas de salvaguarda, cines-patrimônio, concursos e feiras culturais.

“Nosso objetivo é criar essa agenda estadual chamando a atenção para o nosso Patrimônio Cultural, em que os agentes que atuam na preservação da memória possam mostrar o que produzem na área de educação patrimonial e que permita que cada município expresse suas identidades patrimoniais com autonomia”, disse ao jornal O Estado a diretora de Memória e Patrimônio Cultural da FCMS (Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul), Melly Sena.

Dos centros às comunidades

Por meio da temática “Caminhos de Memória: Territórios, Saberes e Resistências”, a edição de 2025 propõe um olhar para as raízes culturais do estado, abrangendo desde os modos de vida pantaneiros até as línguas de resistência, festas populares, patrimônio arquitetônico, saberes tradicionais e especialmente a cultura da erva-mate, símbolo de identidade coletiva.

“Esse tema foi escolhido justamente por sua capacidade de abraçar as complexidades do nosso Estado. Ele reconhece que o patrimônio cultural não é apenas o que foi cristalizado no passado, mas aquilo que vive, resiste e se reinventa nos territórios, nos saberes transmitidos, nas lutas cotidianas das comunidades tradicionais, nos centros urbanos e nas margens. Cada município carrega seus próprios ‘caminhos de memória’, e a Jornada é uma oportunidade para que esses percursos ganhem visibilidade e reconhecimento”, destaca a diretora.

Foto: Embratur/Divulgação

Para participar

A adesão é gratuita e pode ser feita até o dia 30 de julho de 2025 por meio do link: https://abre.ai/jornadapatrimonioms. Os participantes receberão um press-kit com identidade visual, modelo de certificado e orientações sobre o uso do Selo da Jornada Estadual do Patrimônio, que reconhecerá institucionalmente as ações inscritas. As experiências mais relevantes poderão integrar publicações oficiais de Boas Práticas de Patrimônio e Educação Patrimonial em MS.

“A diversidade de agentes é a essência do projeto. Ao reunir escolas, museus, coletivos culturais, comunidades indígenas e quilombolas, universidades, arquivos e bibliotecas, estamos fortalecendo uma política de memória que não é verticalizada nem centralizada, mas que nasce da construção coletiva, do encontro entre saberes técnicos e populares”, diz Sena.

A jornada também se propõe a ser um espaço de educação patrimonial, até mesmo com a realização de simpósios para apresentar as boas práticas desenvolvidas na área. Conforme a diretora, escolas e educadores possem um leque amplo para incentivar e engajar a participação com várias ações.

“As escolas e educadores podem contribuir com a valorização do patrimônio local ao integrar o tema às disciplinas, promover projetos interdisciplinares, organizar visitas e produções sobre a cultura da comunidade. Também podem firmar parcerias com instituições locais para ações educativas, desenvolver campanhas de preservação e utilizar mídias digitais para divulgar o patrimônio, estimulando o protagonismo dos alunos e fortalecendo a identidade coletiva”.

Inspirada em outras iniciativas, a Jornada Estadual do Patrimônio Cultural de MS busca construir um formato próprio, sem replicar modelos prontos. “A proposta é reconhecer os caminhos já trilhados por outras experiências e adaptá-los à nossa realidade, valorizando a escuta dos municípios e a construção colaborativa”, reforça a diretora de memória e patrimônio.

“O maior legado que esperamos deixar é o reconhecimento coletivo de que a memória é um direito e um bem comum. Que os municípios e comunidades se vejam como protagonistas na preservação e na reinvenção do seu patrimônio. Que a Jornada se consolide como uma política de Estado, não apenas de governo, promovendo continuidade, visibilidade e pertencimento. E, principalmente, que a sociedade sul-mato-grossense perceba que cuidar do patrimônio é cuidar de si mesma”.

“A Jornada é uma oportunidade única para que cada cidade mostre seus valores culturais e fortaleça o vínculo da comunidade com sua história. Convidamos todos os municípios a se engajarem e fazerem parte dessa construção coletiva”, finaliza Sena.

O encerramento oficial da Jornada acontecerá em setembro de 2025, com destaque para a realização da 1ª Jornada de Educação Patrimonial e o 15º Simpósio de Educação, nos dias 14 e 15 de agosto, eventos que devem reunir educadores, pesquisadores e agentes culturais de todo o estado.

Serviço: Mais informações podem ser obtidas pelo e-mail: [email protected] ou pelo telefone/whatsapp (67) 3316-9155.

 

Carolina Rampi

 

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