Maquinista relembra vivências e memória ferroviária no “Café com a Vizinhança”

Foto: Divulgação
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A entrada é gratuita e a classificação indicativa é livre.

Neste domingo (23), às 8h, a Casa Amarela recebe o segundo encontro do “Café com a Vizinhança: Histórias do Tombamento – uma criação coletiva”, com entrada gratuita. O convidado da vez é o ex-maquinista Nelson de Araújo, cuja trajetória se confunde com a própria história da ferrovia em Campo Grande. A Casa Amarela fica na Rua dos Ferroviários, n.º 118, no centro da Capital. A entrada é gratuita.

“Fui maquinista de 1984 a 2009, mas minha ligação com o Complexo Cultural Ferroviário começou muito antes”, conta Nelson. “Mudei para a Rua dos Ferroviários, nº 733, em 1964, quando tinha apenas 4 anos. Cresci ouvindo os trens manobrando, buzinando, partindo e chegando. Faz parte de quem eu sou”.

Antes do leilão e da privatização da RFFSA [Rede Ferroviária Federal S.A.], a ferrovia era sinônimo de orgulho e pertencimento para os trabalhadores. Nelson faz parte de uma geração construída sobre trilhos. Seu pai foi ferroviário — assim como o avô — e ele lembra com afeto dos momentos que marcaram sua infância. “Levei almoço várias vezes na rotunda para meu pai, que trabalhava como truqueiro e depois escriturário. Também me recordo do trem pagador… eu adorava pegar aquele envelope cheio de dinheiro, tudo em espécie”.

Durante a conversa, Nelson irá abordar aspectos históricos, culturais e arquitetônicos do Complexo Ferroviário de Campo Grande. “Vamos falar sobre a ferrovia e seu complexo cultural — sua importância, história e valores arquitetônicos. Depois, abriremos para perguntas e curiosidades”, explica.

Mas nem só de lembranças felizes é feita essa história. Ele também vai tocar no período que marcou o fim de um ciclo. “Entrou o período negro da ferrovia, com a privatização no governo Fernando Henrique, em 1996. Começaram o sucateamento da RFFSA. Muitos trabalhadores foram demitidos, os sonhos se perderam em tristeza, lágrimas e decepções. As empresas privadas só lucraram e não investiam. Decretaram o fim da nossa ferrovia”.

O encontro integra a programação especial de fim de ano da Casa Amarela, que celebra a memória, a arte e o convívio. A ideia é reunir pessoas queridas em torno de um café, trazendo à tona histórias que construíram a identidade ferroviária da cidade.

“Tudo que se relaciona com a ferrovia, e todos que tentam manter viva essa história, eu sempre estarei pronto para contribuir. Estamos aqui de passagem, como passaram meu avô, meu pai e meus tios, que também foram ferroviários. Mas precisamos manter, contar e divulgar essa história para as novas gerações”, afirma Nelson.

Tatiana De Conto, idealizadora do projeto e gestora da Casa Amarela ao lado do artista Guido Drummond, destaca a importância do encontro: “Esses relatos fortalecem o sentimento de pertencimento e preservam a história viva do Complexo Ferroviário, que é patrimônio afetivo da cidade”.

Os relatos coletados serão registrados e disponibilizados nas redes sociais da Casa Amarela, ampliando o acervo do MuAU (Museu de Arte Urbana), que transforma memórias em arte muralista e narrativa.

O projeto é realizado com financiamento da PNAB (Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura), do MinC – Ministério da Cultura e Governo Federal, via edital da FCMS (Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul), da Setesc e do Governo do Estado. Informações acesse o Instagram – @casa.amarela.muau.

Serviço: O evento “Café com a Vizinhança – Histórias do Tombamento” será realizado neste domingo (23), às 8h30, na Casa Amarela, localizada na Rua dos Ferroviários, 118, Centro de Campo Grande. A entrada é gratuita e classificação é livre. Mais informações pelo Instagram: @casa.amarela.muau

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