Livro aborda a entrada das novas tecnologias no ensino das escolas

Educomunicação
Foto: Arquivo pessoal

Segundo pesquisa, mais da metade dos jovens se informa pelo WhatsApp

O grupo de pesquisa Mecom (Mediações Educomunicativas), da USP (Universidade de São Paulo), fez um estudo sobre os hábitos midiáticos e tecnológicos dos jovens e professores, que culminou no livro e-book “Comunicação e educação: dinâmicas midiáticas e cenários escolares”, organizado por Adilson Citelli pela Editora Editus, e disponível gratuitamente por meio do site: http://books.scielo. org/id/trzc8/.

Os dados da pesquisa revelam que 69% dos estudantes obtêm informações e notícias por meio do aplicativo WhatsApp e 73% deles recorrem ao YouTube para assistir a seus programas favoritos.

Em relação aos docentes entrevistados, a investigação apontou que 49% veem necessidade em realizar cursos de formação para o entendimento de linguagens e meios de comunicação e 90% afirmaram ler notícias no ambiente digital.

A pesquisadora de Campo Grande Elisangela Rodrigues da Costa, integrante do Mecom, foi responsável pelo estudo sobre as percepções dos educadores sobre os dispositivos comunicacionais, em parceria com Suéller Costa e Wellington Nardes.

De acordo com Elisangela o trabalho foi realizado entre 2018 e 2020, e abrangeu todas as regiões do país. “Nós começamos essa coleta das informações inicialmente no segundo semestre de 2018, e como foi uma pesquisa que atingiu todo o Brasil, com cada um fazendo a sua pesquisa em determinadas partes do país, nós demos continuidade em 2019. Em 2020 foram feitas as análises de dados. Até gostaríamos de ter ampliado, mas com o início da pandemia, houve uma certa dificuldade, mas acabamos nos limitando a esses locais por conta da pandemia mesmo”.

Segundo a pesquisadora, a análise dos dados reflete os hábitos das novas gerações perante as tecnologias digitais e os desafios que os professores enfrentam em sala de aula para adequar o trabalho pedagógico diante do perfil desses jovens.

Em todo o Brasil participaram 509 professores(as) da educação básica e 3708 estudantes – 57% do Ensino Fundamental e 40% do Médio (incluímos, também 47 alunos/ as da Educação de Jovens e Adultos). A distribuição alcançou 23 das 26 unidades da Federação e contou com mais representantes na Região Sudeste (36%), seguida pelas do Sul (33%), Nordeste (20%), Norte (1%) e Centro-Oeste (5%), incluindo o Estado de Mato Grosso do Sul.

Dificuldade bilateral

A pesquisa apontou algumas dificuldades de ambas as partes. Professores e estudantes dividem problemas que vão da falta de estrutura das escolas até a precariedade ou ausência de internet. “Muitas vezes encontramos desigualdades que são apontadas no estudo. Uma escola que não tem infraestrutura, ou o professor que já tem a infraestrutura um pouco melhor.

Outro fator é a questão do acesso à internet, que é um gargalo na educação brasileira. É lenda a gente dizer que em todo o país existe acesso à internet. É um discurso comum, mas, quando a gente faz uma pesquisa de maior alcance, percebemos que tem muita coisa distante dessa realidade no nosso país. Além do fato de o professor se sentir muitas vezes sem o total conhecimento dessas novas tecnologias e desses dispositivos, necessitando até possuir formação continuada em relação a isso, ainda mais estando em uma pandemia”.

Desinformação

Para a pesquisadora, o fato de os jovens informarem-se pelo WhatsApp gera cautela, pois podem cair na armadilha da desinformação.

“É perigoso o jovem se informar por WhatsApp, por aplicativo, mas a não podemos deixar de trabalhar e de explicar também as funções do aplicativo e incluir no seu conteúdo didático a desinformação. Particularmente, não gosto do termo ‘fake news’. Eu coordenei uma pesquisa científica na Estácio de Sá em 2019/20, onde ficamos um ano, junto aos universitários de comunicação, e os próprios acadêmicos de comunicação nos revelaram a dificuldade que têm com essa questão de receber informações do WhatsApp e a necessidade de informações”, explicou Elisangela.

“Inclusive, uma disciplina no Ensino Superior já abordava essa questão da desinformação. Então a gente pensa: ‘Poxa, se um aluno de universidade, se um aluno de ensino superior tem essa dificuldade, então imagina o aluno da educação básica’”, acrescentou a pesquisadora.

“Nós gostaríamos realmente que os professores e até estudantes que tenham essa curiosidade pelo livro, que eles se apropriem dela, para que possamos dar sequência e observar onde podemos aprofundar os estudos, pois existem muitos caminhos. O livro dá esses caminhos. Tanto para estudantes e pesquisadores da área da comunicação e educação, sem sombra de dúvida”, finaliza Elisangela Rodrigues da Costa.

SERVIÇO: Os resultados completos estão no e-book “Comunicação e educação: dinâmicas midiáticas e cenários escolares”, organizado por Adilson Citelli pela Editora Editus, gratuitamente disponível pelo site: http://books.scielo.org/id/trzc8.

(Texto de Marcelo Rezende)

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