Reportagem: Méri Oliveira
Guitarrista da banda Whisky de Segunda, Jefferson Pasa iniciou seu projeto solo, o Little Jeff, com composições próprias e clipes em lançamentos concomitantes e, hoje (7), lança o clipe de “Lovin’ Machine”, repleto de simbologia, mitologia e arquétipos em perfeita harmonia com um blues simples, que tem batida bem marcada, finalizado com letra sensual e provocante, para incitar o espectador.
“No meu trabalho solo, componho as músicas pensando não só no áudio, mas sim no todo. Essa música é fruto de mais de dez anos de estudos sobre mitologia, simbologia e psicologia. A serpente tem vários sentidos, mas neste trabalho utilizei a função do caos. O caos pode ser ruim ou bom, depende de como ele é proposto na vida da pessoa”, explica.
E prossegue: “As mitologias mostram isso, que precisa existir um equilíbrio entre tudo como, claro e escuro, caos e ordem. E nessa música tento mostrar que para a vida ter sentido, às vezes precisamos de um pouco de caos em nossa vida, dar uma ‘bagunçada’, um agito. Não esse caos maluco da nossa sociedade, mas sim o caos da mente, que nos faz querer mudar e buscar novos horizontes”, detalha Jefferson.
O blueseiro ainda explica que o elemento principal do clipe é uma serpente, que representa Apófis. “Uma divindade da mitologia egípcia que simboliza o Caos. Ela está sempre presente no vídeo, rondando no pescoço do cantor, nas atrizes, na mesa de jogo e na guitarra, sempre à espreita”, ao passo que Little Jeff representa o “Senhor do Caos”, vestindo roupas elegantes, tocando uma guitarra vermelha e cantando com vocais intensos e fortes. Ele tenta o tempo todo levar caos e bagunçar a mente da garota que está triste. “Porque às vezes a gente precisa de um pouco de caos na vida, um balanço. Quando tudo está em plena ordem, a vida perde o sentido”, afirma.
O videoclipe
O videoclipe também traz Ana Gee e Fernanda Marisco, que representam o principal poder de Apófis, a hipnose. Utilizam vestidos vermelhos e manipulam a serpente de forma envolvente e, com Jeff, formam uma tríade. A ideia do infinito e do absoluto se manifesta por meio desse signo. Já o cenário é mais sombrio, pois representa o estado da mente em que a garota se encontra. Explorando a profundidade infinita, “o clipe ora não tem fundo, ora está muito afastado, causando a sensação de desconforto, o que foi necessário pra ter mais impacto na proposta e gerar sensações diferentes de acordo com o estado mental de cada telespectador”, explica o artista. Além de tudo isso, a paleta de cores é forte, com predominância das cores vermelho e preto, que evocam poder, força e intensidade, combinando com a música, que é vigorosa.
Influência da simbologia
Jeff conta que sempre foi fascinado pela simbologia. “Meu fascínio pelo antigo Egito e pelos arquétipos de Carl Jung tomaram a frente em minhas composições. Hoje tento utilizar o máximo de simbologia em meus trabalhos, pois o subconsciente consegue identificar tudo isso e gerar sensações específicas nas pessoas. Como faço um trabalho com áudio e vídeo, isso se torna mais consistente”, pontua.
Como os símbolos sempre estiveram presentes em nossa sociedade desde o início e sempre serviram para passar alguma mensagem, Jeff também faz uso disso em suas músicas. “É isso que quero trazer para a minha música e quem sabe influenciar outras pessoas a estudar esse ‘mundo da simbologia’, que é tão rico e está sendo esquecido aos poucos”, dispara.
Carreira solo
Jefferson explica que a carreira solo veio no momento em que decidiu cantar. “Foi necessário para eu poder fazer todo esse processo em que eu preciso interpretar o que eu componho. Então veio essa ideia de lançar o Little Jeff, com inspirações no Velho Oeste americano, um pouco de country, algumas coisas do blues também. Eu não quis criar uma carreira para fazer shows, que é o mais comum, pois já tenho a banda Whisky de Segunda, onde eu já estou totalmente realizado, fazendo shows e tudo mais, mas, sim, para criar esses projetos de vídeo”, relembra o cantor.
Ele reforça que tem mais cartas na manga: “Há uns projetos mais ousados que eu quero fazer, de vídeos maiores, de curta metragem com música misturada, só que é um processo, exige treinamento e muito mais. Mas o começo da carreira foi bem aceito, principalmente porque eu produzo bastantes vídeos, a galera vai curtindo, vai seguindo, porque tem material novo pelo menos a cada 15 dias na internet, então isso faz com que várias pessoas comecem a me seguir. O início veio dessa maneira”, conta.
Futuro
Para 2022, Jeff ainda quer permanecer apenas nos singles, com vídeos especiais. “Para 2023 já comecei o planejamento de lançamento do primeiro álbum com dez músicas, estou fazendo a pré-produção. Este álbum será dedicado para arrecadar verbas para a ONG Cão Feliz, que trabalha com cachorros abandonados”, adianta o blueseiro.
Shows
O guitarrista explica que no seu projeto solo, por ter uma proposta mais complexa – já que trabalha toda essa questão envolvendo a simbologia em suas composições –, precisa trabalhar o material em áudio e vídeo, a fim de ter um resultado mais próximo do desejado, em vez de trabalhar com shows, pelo menos por ora. Com isso, os planos são de lançar um videoclipe a cada bimestre, sempre com arquétipos e mitologias diversas, a fim de passar sempre alguma mensagem diferente ao público.