Lembre casos marcantes do ‘Linha Direta’, que reestreia na TV Globo com Pedro Bial

Domingos Meirelles
foi apresentador do
programa ‘Linha Direta’. Foto: YouTube/Arquivo Linha Direta
Domingos Meirelles foi apresentador do programa ‘Linha Direta’. Foto: YouTube/Arquivo Linha Direta

Programa policial que foi ao ar de 1999 a 2007, na Globo, sob o comando de Marcelo Rezende e Domingos Meirelles, o “Linha Direta” ganha uma nova versão, agora sob o comando do jornalista e apresentador Pedro Bial. Exibido originalmente em 1990, com Hélio Costa à frente, o “Linha Direta” se notabilizou por ser a forma que a Globo encontrou de enfrentar a guerra de audiência liderada pela Bandeirantes e pela Record, com programas com foco na violência e na criminalidade, comandados por José Luiz Datena e pelo mesmo Marcelo Rezende, que havia apresentado a temporada de retomada da atração global, em 1999.

Com o retorno do programa à grade da emissora, anunciado para o dia 4, confira abaixo cinco casos que ficaram marcados, por seu caráter violento, curioso ou até dito sobrenatural. 

Cartas de Chico Xavier 

Exibido em 2004, como uma forma de testar uma nova linha para a temporada seguinte do programa, o episódio narrou a história de como a Justiça aceitou cartas psicografadas pelo médium mineiro, que serviram para absolver dois acusados de assassinato. 

O caso aconteceu em 1976, quando dois homens que não se conheciam foram acusados de assassinato. João Batista França foi preso após atirar em seu amigo, Henrique Emmanuel Gregoris, numa brincadeira de roleta-russa. No mesmo ano, José Divino Nunes enfrentou acusações, após atirar acidentalmente em seu amigo, Maurício Garcez Henriques.

 Nos dois casos, o juiz Orimar Pontes aceitou como provas de inocência cartas psicografadas por Chico Xavier, nas quais as vítimas pediam que os acusados fossem perdoados pela família e pela Justiça. Em 1980, aconteceu algo parecido, quando José Francisco Marcondes foi preso após matar, também a tiros, sua mulher, Cleide Maria, ex- -miss Campo Grande. Marcondes foi absolvido. Depois, um novo júri foi convocado, mas o crime já havia prescrito.

O vampiro de Niterói

 Exibido em 1999, o caso conhecido como “Vampiro de Niterói” se tornou célebre, com direito à produção de uma série documental, a respeito dos fatos ocorridos entre abril e dezembro de 1991, quando Marcelo Costa de Andrade matou 14 meninos, de 5 a 13 anos. Depois de matá-los, ele manteve relações sexuais com os cadáveres e lambia o sangue que escorria das vítimas. 

Andrade fazia parte de uma seita religiosa e acreditava que, ao se relacionar com os cadáveres e lamber o sangue, não só absorveria sua juventude, mas também não os mandaria para o inferno, uma vez que, na sua concepção, crianças assassinadas estavam livres de seus pecados. 

Ana Lídia Exibido em novembro de 2007, o caso da jovem Ana Lídia se tornou um marco na história de Brasília quando, em 1973, ela foi deixada pelos pais no pátio do colégio Madre Carmen Salles e desapareceu. Testemunhas disseram ter visto um homem loiro e alto, carregando um livro vermelho, levar a garota pela mão. O corpo da garota de 7 anos de idade foi encontrado no dia seguinte, no terreno de uma universidade. Ela estava nua e tinha escoriações que indicavam que ela havia sido arrastada pelo cascalho. 

De acordo com a perícia, a causa da morte foi asfixia por sufocamento. O laudo indicava também que o assassino havia mantido relações sexuais com a jovem, depois de morta. À época, o irmão de Ana Lídia, Álvaro Henrique Braga, foi apontado como suspeito, ao lado de Raimundo Lacerda Duque, um conhecido da família. Os dois foram inocentados por falta de provas. Ao longo da investigação, surgiram como suspeitos filhos de pessoas poderosas e com influência política. 

Máscaras de chumbo Caso exibido em junho de 2004, ficou marcado pelo teor macabro e interesse ufológico de pessoas que ainda hoje estudam os acontecimentos de agosto de 1966, quando dois homens foram encontrados mortos no alto do Morro do Vintém. Sem marcas de tiros ou facadas, a dupla carregava máscaras de chumbo e um bilhete, que dizia: “16,30hs está no local determinado 18,30hs ingerir cápsula, após efeito proteger metais aguardar sinal máscara”. 

O caso nunca foi resolvido e a causa da morte também foi dada como indeterminada, após a necropsia. Com o tempo, muitos acreditam que a dupla possa ter sido vítima de suicídio involuntário, causado por uma overdose. Outra linha de argumentação, entretanto, acredita que os homens possam ter morrido após contato com extraterrestres, graças ao depoimento de uma dona de casa que disse ter passado de carro próximo ao Morro do Vintém e ter avistado uma luz muito forte, vinda do céu. Hoje é sabido que a causa da morte nunca foi revelada porque a necropsia não foi realizada, uma vez que as vísceras dos homens apodreceram no IML.

Edifício Joelma 

Caso mais célebre dos oito anos em que o programa esteve no ar, o incêndio no edifício Joelma foi um episódio exibido em junho de 2005, narrando a tragédia ocorrida em 1974, quando uma falha na instalação elétrica causou o incêndio que matou 189 pessoas e deixou 345 feridos. À época, o evento foi noticiado como sendo um entre outros fatos trágicos que ocorreram no terreno em que o edifício foi construído. Em 1948, o professor de química Paulo Camargo, de 26 anos, matou a mãe e as duas irmãs na casa que ocupava o espaço e depois cometeu suicídio. O bombeiro que encontrou os corpos morreu de infecção cadavérica.

Pedro Bial fala sobre a expectativa com a estreia do ‘Linha Direta’ 

Multiplataforma, o projeto conta ainda com o “Linha Direta Podcast”, que traz conteúdo extra, com impressões de Pedro Bial e depoimentos de bastidores, vivenciados por roteiristas, pesquisadores e pela produção do programa. Além disso, tem versão estendida dos casos e mergulha no círculo familiar de pessoas que tiveram ligação com as vítimas. Com publicações semanais, sempre nos dias seguintes à exibição na TV, o “Linha Direta Podcast” estará disponível no Globoplay e nas plataformas de áudio, a partir do dia 5 de maio. Confira entrevista com Pedro Bial. 

Quais serão as novidades e temáticas do programa?

 Estamos experimentando formatos que estejam mais antenados com os dias de hoje. Em cada um dos programas, teremos temáticas muito relevantes, como feminicídio, violência contra crianças, LGBTfobia, racismo, entre muitos outros. Às vezes, são casos que estão em andamento, então, esse é o formato preferencial: um caso concluído e um em aberto. 

Qual é o desafio de buscar a memória afetiva daquelas pessoas que já gostavam do programa, nos anos 1990/2000 e agora conquistar um novo público?

 O programa tem um tipo de abordagem e troca com o público no passado, ficou identificado por isso. Ao mesmo tempo, agora temos que apresentá-lo ao público que nunca viu, ou que era muito novo quando ele foi exibido. O “true crime”, o crime verdadeiro, é febre mundial. Além disso, essa hiper conexão que a gente vive hoje ainda não tinha se consolidado naquela época e isso também tem implicações e consequências na nossa linguagem. Hoje em dia, é muito difícil qualquer coisa acontecer numa grande cidade sem que tenha sido captada por duas ou três câmeras de segurança ou por alguém com celular, filmando o momento. Isso tudo determina a investigação, os registros e a linguagem do programa.

 Além da apresentação na TV Globo, o ‘Linha Direta’ também terá um podcast próprio. Como será o formato?

 O podcast não vai ser simplesmente uma versão em áudio do programa que foi ao ar na televisão. Vai ser um outro produto e com a linguagem do podcast, com tudo o que se espera de um, com vários bastidores. No podcast tem um espaço para aprofundar, que na televisão não tem. É mais que um desdobramento.

Por Bruno Cavalcanti – Jornal O Estado de Mato Grosso do Sul

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