Leishmaniose pode ser tratada e garante qualidade de vida

A leishmaniose visceral (LV) é uma doença causada por um protozoário da espécie Leishmania chagasi. O ciclo evolutivo apresenta duas formas: amastigota, que é obrigatoriamente parasita intracelular em mamíferos, e promastigota, presente no tubo digestivo do inseto transmissor. O veterinário Dr. Cristian Duarte, da clínica Doutor Vet, esclareceu sobre os sintomas e tratamentos dessa enfermidade que maltrata os cães.

“É uma doença que pode ser transmitida de animais para humanos e vice-versa, sendo o mosquito o vetor. Ou seja, é uma zoonose. Aliás, uma grave zoonose que pode levar à morte tanto o humano quanto o cachorro infectado. Por isso essa enfermidade é uma questão de saúde pública que exige cuidados de todos no combate e na prevenção”, pontua o veterinário.

“Os sintomas são diversos. Entre os sinais externos, são bem características as lesões, descamação e coloração branco-prateada na pele. Nas patas, pode ocorrer infecção (pododermatite), pele grosseira por excesso de produção da queratina (hiperqueratose dos coxins) e unhas espessas e em formato de garras (onicogrifose), além de machucados que não saram nunca, e feridas na orelha também são comuns e servem de alerta para a doença. Outra particularidade da leishmaniose canina é que 80% dos cachorros infectados apresentam problemas oculares, além de caroços que são características típicas dessa enfermidade”, alerta Cristian.

A doença era praticamente uma sentença de morte até pouco tempo atrás. “O Ministério da Saúde não permitia que o tratamento fosse realizado, pois a doença não tem cura – até hoje. Como se não bastasse, além de ser uma grave zoonose, abre a possibilidade de contagiar outros animais e humanos. Embora o parasita necessite do vetor para a sua transmissão, o mosquito flebotomíneo – que é conhecido popularmente como mosquito-palha, asa-dura, tatuquiras, birigui, entre outros –, o cachorro é o principal hospedeiro urbano da doença. É também a forma de manter o parasita vivo, com o cão como hospedeiro. Diante desse cenário, muitos cachorros foram sacrificados na tentativa de combate à doença”, explica o médico.

Essa realidade começou a mudar em 2016, quando surgiu um novo medicamento regulamentado pelo Ministério da Saúde e com resultados bastante positivos. Mas é preciso lembrar que a leishmaniose canina permanece sem cura total. O que esse tratamento faz é promover uma cura clínica e epidemiológica. Isso significa que o cachorro não apresentará lesões ou sinais de estar doente, vivendo como um animal saudável, porém é um tratamento caro, longo e que requer muito cuidado e intenso acompanhamento veterinário.

O médico esclarece que existem tratamentos de custo menor. “Aqui na clínica Doutor Vet, nós temos um tratamento com custo muito baixo que também consegue fazer todo esse processo. Lembramos e informamos que o diagnóstico tardio da doença já terá trazido danos irreversíveis que prejudicam o tratamento.”

A vacina também é uma forma de prevenção contra a leishmaniose “Ela pode ser tomada por filhotes acima dos 4 meses de idade. É administrada em três doses, com intervalo de 21 dias entre elas, e deve ser repetida todos os anos. Entretanto, é preciso ressaltar que somente os cachorros avaliados como soronegativos (que comprovadamente não apresentam o parasita) podem tomá-la. E, embora seja importantíssima para a prevenção e tenha bons resultados, a vacina infelizmente não protege 100%”, finaliza Duarte.

(Texto: Marcelo Rezende)

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