Coletivo Ictiomulheres lança levantamento com nomes da ciência que são inspiração para estudos
A cada dia mais, as mulheres precisam trilhar seu caminho nos mais diversos campos da sociedade, ainda mais na ciência e isso não seria diferente na Ictiologia, ramo da zoologia devotado ao estudo dos peixes. Foi com essas questões em mente que o coletivo ‘Ictiomulheres’, realizou um levantamento histórico de mulheres na ictiologia brasileira, que rendeu frutos, com o lançamento do ebook ‘ICTIÓLOGAS – Mulheres que inspiram na Ictiologia Brasileira’.
A obra tem o objetivo de exaltar e popularizar a vida e o legado de pesquisadoras que atuaram ou ainda atuam em diversas áreas de conhecimento da ictiologia brasileira, com histórias e crônicas de mulheres que foram pioneiras nesses campos de estudo.
O livro apresenta 18 histórias de profissionais da ictiologia, que são pioneiras e influentes em suas áreas de conhecimento e regiões político-administrativas, sendo dividido em duas partes: a primeira contém histórias de pesquisadoras já falecidas, consistindo em uma homenagem póstuma aos seus legados. Na segunda parte, pesquisadoras contemporâneas relatam suas próprias histórias a partir de entrevistas e registros fotográficos.
Uma das homenageadas foi Elisabeth Criscuolo Urbinati, Professora Associada, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Unesp, campus Jaboticabal. Com foco na aquicultura, ciência que estuda técnicas de cultivo não só de peixes, mas também de crustáceos, de moluscos, de algas e de outros organismos que vivem em ambientes aquáticos, a cientista tem pesquisas conduzidas em diversas áreas do país, inclusive no Pantanal.
“A ideia de pesquisa sempre foi olhar para os nativos, embora a gente saiba a importância dos exóticos para a economia […]. Nosso modelo de trabalho é o Pacu, que é um peixe nativo do Pantanal. Quando começamos a estudá-lo, estava começando a se fazer a piscicultura, e os peixes eram levados para um ambiente artificial. Então, o projeto que desenvolvemos foi no Mato Grosso do Sul, em Aquidauana, Corumbá, e nós visitamos a mesma região durante um tempo, sempre na mesma estação, fizemos coletas, para conhecer a fisiologia desse peixe na natureza, e a partir daí, em ambiente de criação”, relatou a profissional ao jornal O Estado.
Família
Quando uma mulher se ‘coloca’ no mundo, e pretende seguir uma carreira, um dos desafios que são sempre mencionados é como ela irá equilibrar a família com o trabalho. Para Urbinati, essa questão foi resolvida como uma rede de apoio equilibrada.
“Eu sempre fui muito família e meu marido sempre me apoiou muito. Durante as minhas viagens, ele sempre assumia tudo em casa. Além disso, quando vim para Jaboticabal, eu ganhei uma companheira de vida, que foi uma pessoa que veio cuidar, ficar com as crianças em casa. Os meus quatro filhos foram adotados por ela e existe um amor profundo entre eles. É uma pessoa de muita confiança e tendo sido muito importante a nossa parceria. Então isso é vital, você ter uma rede de apoio. E eu tive a felicidade de ter conseguido”, diz em trecho do ebook.
Orgulho
Ainda ativa, tanto na pesquisa quanto na educação, a Urbinati orienta duas disciplinas no curso de Pós-graduação em Aquicultura, e outra disciplina na Zootecnia. “Minhas maiores conquistas profissionais são os(as) alunos(as) que ajudei a formar. Tenho ex-alunos em diversos países, no Brasil inteiro, afinal de contas, sou docente há 45 anos. Consegui formar excelentes profissionais, que são pessoas que estão impactando nas regiões em que atuam”.
Sobre o lançamento do ebook, a profissional destaca que o impacto maior será o fortalecimento da participação da mulher na pesquisa. “Hoje, a participação da mulher em todos os setores, vem sendo discutido, valorizado e eu acho que uma iniciativa desta [do lançamento do ebook], tem esse caráter, de dar destaque às mulheres da pesquisa”.
“Foi uma experiência muito gratificante, porque eu não tinha ideia que iria aparecer entre 30 mulheres que impactaram essa área de pesquisa. A iniciativa foi da sociedade brasileira de ictiologia, que tem estudos mais voltados para a biologia, e eu faço parte da Sociedade de aquicultura, então isso destacou mais esse reconhecimento do trabalho, e lógico que isso é maravilhoso, se reconhecida entre um grupo tão seleto de profissionais, foi muito gratificante”, completou.
Por Carolina Rampi
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