O músico e produtor audiovisual Felipe Lourenço, da BlackStar Produções, com o objetivo de mostrar a história da vida real em seu novo curta-metragem, decidiu lançar uma vakinha virtual e contar com a colaboratividade para dar andamento ao projeto de “Karma”. “Para o próximo trabalho, que é o ‘Karma’, eu já tinha feito tentativas de arrecadação de Capital, através de incentivos da prefeitura, do governo, por meio das leis de incentivo, mas não rolou. E eu sinto essa pressa de colocar o filme em prática, de tirar do campo das ideias, trazer para a realidade, tirar do papel […], é uma burocracia muito grande para quem tem pressa de produzir arte”, explica o cineasta, sobre o motivo que o levou a lançar a vakinha virtual.
Outra preocupação de Felipe é conseguir fazer algo de qualidade com esses recursos. “A vakinha virtual me pareceu ser a melhor forma de arrecadar um giro mais rápido, para poder pagar bem a equipe e conseguir produzir um conteúdo de qualidade”.
Desde 2020, Felipe e sua produtora lançaram quatro curtas-metragens de forma independente, sem recurso ou patrocínio. Sua nova obra demanda mais recursos, para que tenha maior qualidade e que possa custear os gastos de produção e da equipe. “O processo de arrecadação através da vaquinha virtual se mostrou a maneira mais rápida e viável de realizar o filme. Quero poder pagar minha equipe, ajudar a alicerçar um sistema de economia criativa e cultural rentável, além de usar parte do recurso em marketing para as pessoas que normalmente não tem acesso ao cinema autoral local passem a ter”, explica Felipe.
Sinopse
Uma mulher está passando por dificuldades financeiras e essa série de problemas econômicos toma muito de sua atenção nas atividades do cotidiano. Ao parar num restaurante para comer, ela acaba esquecendo a chave de seu carro no banco do passageiro e o deixa destrancado.
Assim começa a história de Karma, o próximo curta-metragem de Felipe Lourenço. “A ideia do ‘Karma’ é sobre certas atitudes que nós tomamos e que venham acabar gerando consequências. Óbvio, pelo título. Mas, por exemplo, a ideia da protagonista, que é personificada pela Mel Dias, é de uma mulher atarefada, que tem muita coisa para resolver, contas para pagar, tem as problemáticas do dia a dia, e tudo isso consome o tempo dela, consome a concentração dela”.
O cineasta gosta de se basear em coisas do dia a dia para suas obras, retratando, assim, histórias da vida real. “A gente volta e meia se vê perdido nesse tipo de situação, também. A gente tem muita coisa para resolver, e por ter muita coisa para resolver, acaba esquecendo de uma coisa ou outra. E essa falta de concentração proveniente dos problemas do dia a dia que a gente tem que lidar é o estopim para as coisas que acontecem no filme, mas não quero dar spoiler”, alerta.
O filme é protagonizado pela cantora Mel Dias, que também é atriz, modelo, apresentadora, malabarista, palhaça e dançarina, tendo iniciado sua carreira nas artes aos 15 anos. Já o músico Wagner Chaves vem de um berço musical, vários membros de sua família são ativamente atuantes no ramo. Ele já trabalhou como ator em peças publicitárias e compõe jingles. A função de diretor de fotografia será desempenhada por Deivison Pedrê, da Indie Produções.
Audiovisual e música
“Em Campo Grande, capital de Mato Grosso do Sul, sempre nos deparamos com uma imensa dificuldade para produzir conteúdo original, já que o fomento, tanto público quanto privado, é escasso. Meu amor pelas artes me faz batalhar muito para dar vida às minhas ideias, tendo que superar minhas condições financeiras e sociais. Espero encarecidamente que possa contribuir com meu trabalho”, conclui o produtor.
Desta forma, Felipe precisa se reinventar e ser multifacetado. “A música é o meu carro-chefe de trabalho. É o que paga as minhas contas, é o que eu faço para viver. Para falar a verdade, conciliar as duas coisas é difícil, como conciliar qualquer outra coisa na vida, como bom brasileiro médio, eu tenho mais de um emprego para manter as contas em dia, eu sou pai solteiro, tenho um filho pequeno que vive comigo… O difícil não é conciliar os trabalhos, o difícil é conciliar a vida profissional, produzir e gerenciar arte, e a vida pessoal, que é mais complicada, porque uma coisa acaba levando à outra.”
O artista se desdobra, ao máximo, para poder se manter atuante na arte e levá-la como profissão. “Infelizmente, aqui em Campo Grande os círculos de arte estão sempre com as mesmas pessoas, então, ter que tocar fim de semana, ou meio de semana de noite, ou ter que trabalhar num estúdio para fazer uma gravação, ajudar a compor alguma coisa, fazer direção musical para peça… é menos complicado do que parece conciliar isso com a produção audiovisual, porque na minha cabeça funciona tudo no mesmo processo”.
E a explicação segue: “Então, enquanto eu estou produzindo arte musical, a minha cabeça também está conseguindo pensar para produzir arte audiovisual. O mais complicado é quando você vai filmar, aí sim, é difícil! Quando eu vou filmar, eu tenho que dar um tempinho nas atividades musicais para me dedicar a estar no set, à pré-produção, à organização, buscar locação, organizar todo o casting, porque a gente tá falando de produções super independentes que eu faço. Boa parte dos processos que circundam a pré-produção são feitos por mim e somente por mim.”
Histórico
Felipe Lourenço nasceu no estado do Rio de Janeiro, tem 30 anos, e reside em Campo Grande desde 2001. Músico, ator, roteirista, produtor independente e artista marcial coreógrafo de lutas para produções audiovisuais. Seu primeiro trabalho com atuação foi em 2015, como ator figurante no filme “Astaroth”, dirigido por Larissa Anzoategui. A obra se encontra atualmente no streaming Amazon Prime Video.
“Minha trajetória no audiovisual, especificamente, começou na atuação. Comecei como figurante no filme ‘Astaroth’, posteriormente como ator em uma série para a internet, e também trabalhei como coreógrafo de lutas nesse processo. Foi durante a pandemia que eu mudei as funções de trabalho da minha produtora, que até então era de eventos, para poder produzir audiovisual”.
Em 2018 fundou a Black Star Produções, onde atua como produtor, ator, diretor e roteirista. Já produziu os curtas “Trilha Sonora Funk Jazz” (2019), “O Coach” (2020), “Isolamento Social” (2021), “Memórias da Noite Passada” (2021) e mais recentemente foi protagonista no curta/videoclipe “I won’t belong”, de Júlio Diniz (2021).
Neste ano, produziu e apresentou o festival em comemoração dos 10 anos do espaço cultural Holandês Voador, na praça do Preto Velho, e uma das edições do Festival Sarau Cidadania e Cultura no Parque, no Parque das Nações Indígenas. É baterista das bandas Haze (thrash metal), Dias Valentes (Hip Hop), Babaflau (jazz), Júlio Diniz (indie rock), entre outras. Atualmente, está produzindo um novo curta-metragem, intitulado Karma.
Para doar qualquer valor é só acessar o link https://vakinha.bio/3246284 ou pelo pix 3246284@vakinha. com.br. A Black Star Produções pode ser encontrada como @black_star_67.
Por Méri Oliveira – Jornal O Estado de MS.
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