Jovens atores do Grupo Diga Sim reinterpretam clássicos e obras contemporâneas em uma noite de criatividade no Teatro Allan Kardec
O Festival de Releituras, realizado pelos alunos do curso Laboratório de Atuação Teatral do Grupo Diga Sim, promete transformar o palco do Teatro Allan Kardec em um mosaico de versões ousadas e criativas de grandes obras do teatro mundial. Em uma noite dedicada à imaginação e ao protagonismo estudantil, cada grupo apresentará sua própria releitura, explorando novas linguagens cênicas e ampliando o diálogo entre tradição e inovação.
Marcado para o dia 28 de novembro de 2025, das 19h às 21h, A Formidável Exaltação aos Grandes Expoentes do Teatro Mundial (ou quase isso), destaca o processo colaborativo dos jovens atores, que assumem não só a interpretação, mas também a construção estética de figurinos, cenários e atmosferas dramáticas. A proposta é revelar como cada grupo ressignifica histórias consagradas, imprimindo identidade própria e olhar contemporâneo às narrativas clássicas.
Mais do que um festival artístico, a iniciativa se consolida como um espaço pedagógico e experimental, onde o trabalho em equipe, o amadurecimento criativo e a autonomia dos alunos ganham protagonismo. No Teatro Allan Kardec, em Campo Grande (MS), o público poderá vivenciar uma noite repleta de surpresas, humor, emoção e leituras inesperadas das grandes obras do teatro.

Foto: Rapha Oliveira/Arquivo pessoal
Produção
O diretor do Teatro Diga Sim, Rapha Oliveira, explicou para o Jornal O Estado, que o Festival de Releituras deste ano ganhou força devido ao comprometimento dos 16 alunos que integram o elenco da montagem, número definido não por seleção, mas por adesão espontânea. Distribuídos em cinco grupos, cada um responsável por uma releitura teatral diferente, os estudantes possuem total autonomia para organizar seus ensaios, conciliando a rotina artística com jornadas escolares e acadêmicas variadas.
“A maioria ainda nem terminou o ensino médio; alguns nem o fundamental. Outros estão na faculdade. Mesmo assim, fizeram planilhas, negociaram horários e decidiram que os domingos seriam os melhores dias para ensaiar”, conta o diretor.
O festival surgiu como resposta a um momento de frustração do grupo: o adiamento de um grande musical previsto para encerrar o ano de 2025. A decisão tomada por questões logísticas, abalou emocionalmente os alunos, que já vinham se preparando há muito tempo para essa estreia. “Foi um dia muito triste para todos nós”, relembra Rapha.
A busca por uma alternativa rápida, porém significativa, resultou no resgate de um projeto que completa agora uma trilogia iniciada em 2019, com o Tributo aos Grandes Clássicos da Televisão e do Cinema, e retomada em 2022 com A Fabulosa Homenagem aos Grandes Ícones da Música Brasileira. A edição de 2025 fecha o ciclo com releituras de grandes expoentes do teatro mundial, mantendo o espírito irreverente e criativo que marca a companhia.
Para motivar ainda mais os alunos, Rapha introduziu ao festival um elemento extra: a competição, com prêmios para categorias como melhor cenário e melhor figurino, estimulando o engajamento dos grupos na criação visual e narrativa das cenas. O diretor afirma que essa foi a forma encontrada para transformar a frustração do adiamento em combustível artístico.
“Eles querem ganhar troféu, querem ver o esforço reconhecido, e isso está fazendo eles se dedicarem como nunca”, observa. Com cenários, figurinos e releituras sendo desenvolvidos com entusiasmo e autonomia, o festival se consolida como uma celebração do aprendizado, da resiliência e da paixão desses jovens artistas pelo teatro.
Obras
No processo de seleção das obras para o festival, Rapha adotou uma abordagem ampla e inclusiva, abrindo espaço para clássicos consagrados e textos contemporâneos, sem se prender a critérios elitistas. O objetivo do Grupo Diga Sim é mostrar que o teatro pode ser divertido e acessível para todos, atraindo diferentes públicos.
O repertório do festival inclui desde “O Auto da Barca do Inferno”, um clássico secular, até obras locais e populares, como “Eduardo e Mônica”, além de adaptações de filmes e musicais recentes, como “Beetlejuice” e “Matilda”, garantindo diversidade de estilos e proporcionando entretenimento de qualidade.
Segundo o diretor, o maior desafio do teatro em Campo Grande não está na logística ou na arte em si, mas em tornar as produções visíveis para o público.
“Qualquer outro desafio de produção, qualquer desafio artístico, é superado pela nossa ânsia de estar no palco. Quem faz teatro quer levar arte, passar uma mensagem, e isso supera tudo. Houve algumas diretrizes, principalmente sobre classificação indicativa, movimentação e expressão vocal, mas de forma indireta durante as aulas. No módulo de montagem, eu ensinava técnicas e eles aplicavam nas cenas. Uma semana antes do festival, cada grupo teve 15 minutos comigo, sem os outros presentes, para lapidar texto e detalhes”, destaca.

Foto: Rapha Oliveira/Arquivo pessoal
Importância
O impacto de participar de uma produção completa vai muito além da prática artística. Conforme Rapha, essa experiência proporciona um enriquecimento intenso, desenvolvendo habilidades interpessoais e intrapessoais que vão além da técnica.
“É muito diferente uma aula de teatro e uma produção de espetáculo. Um aluno que participa durante um mês do processo completo aprende mais do que em um ano de curso sem espetáculo. A gente lida com situações que não conseguimos prever em aula: divergência de ideias, frustrações, pressão por vendas de ingressos, adaptação de iluminação e sonoplastia, além de considerar o público presente.É um exercício de vida, não só de arte. Eles aprendem a conviver, negociar, resolver problemas e se adaptar, e isso é tão valioso quanto a construção de personagens ou a movimentação cênica”, finaliza.
Serviço: O espetáculo será realizado no dia 28 de novembro (sexta-feira), às 19h, no Teatro Allan Kardec, localizado na Av. América, 653, Vila Planalto. Os ingressos estão disponíveis no Sympla.
Amanda Ferreira