Cantor e compositor sul-mato-grossense leva música autoral a Assunção e Concepción
Em comemoração aos seus 40 anos de trajetória musical, o cantor e compositor sul-mato-grossense Jerry Espíndola cruza fronteiras e leva sua música ao Paraguai em uma turnê que une shows, intercâmbio cultural e ações sociais. A agenda inclui apresentações nas cidades de Assunção e Concepción, entre os hoje (17) e sexta-feira (19).
A primeira apresentação acontece na quarta-feira (17), no Jazz Cube, em Assunção, durante o evento “Conexiones 2025 – Respirarte”, que reúne artistas de diferentes países da América do Sul. Na quinta-feira (18), Jerry participa de uma ação beneficente ao lado do músico Rodrigo Teixeira e da cantora Maria Alice, em apoio à Orquestra de Instrumentos Reciclados de Cateura. Encerrando a programação, o artista se apresenta na sexta-feira (19) no Centro Cultural de La Villa Real, em Concepción.
Acompanhado pelos músicos Sandro Moreno (baixo), Gabriel de Andrade (guitarra) e Rodrigo Teixeira (baixo), Jerry Espíndola apresenta um repertório autoral marcado pela fusão de ritmos latino-americanos, como a polca-rock e a guarânia-reggae, características de sua identidade musical. No show do Jazz Cube, o público também confere participações especiais da cantora Maria Alice, dos paraguaios Funkchula, 4Ally e Ale Shit, além da argentina Luli Maidana. O evento ainda promove debates e encontros entre produtores culturais do Brasil, Paraguai e Argentina.
Com mais de quatro décadas dedicadas à música, Jerry Espíndola soma mais de 140 composições gravadas por nomes como Ney Matogrosso, Zélia Duncan e Paulinho Moska, além de parcerias com artistas como Chico César, Anelis Assumpção e Itamar Assumpção. Atualmente, integra o duo Hermanos Irmãos e o coletivo Fronteira Guarani. A turnê “Jerry Espíndola 40 Tons – Intercâmbio Cultural Paraguai” é viabilizada por meio da PNAB, do Ministério da Cultura e do Governo Federal, com apoio da Fundação de Cultura e do Governo do Mato Grosso do Sul.
40 anos de carreira
Celebrando 40 anos de carreira, o cantor e compositor Jerry Espíndola escolheu o Paraguai como um dos palcos de sua turnê comemorativa, reforçando os laços culturais entre os dois países. A apresentação ganha um significado especial ao dialogar com influências históricas presentes em sua obra, como a polca e a guarânia, ritmos tradicionais paraguaios que atravessam fronteiras e ajudam a moldar a identidade musical da região.
Ao Jornal O Estado, Jerry conta que para além da comemoração profissional, a turnê se insere em um contexto de integração cultural já consolidado entre Brasil e Paraguai, agora reafirmado diante do público hermano.
“Pra mim é muito simbólica essa experiência. O Paraguai tem uma influência importante na minha música através da polca e da guarânia. Essa integração já existe musicalmente há muito tempo, e poder tocar lá, encontrar os hermanos paraguaios, é uma conexão necessária”, afirma.
Ao longo de quatro décadas de trajetória, Jerry Espíndola construiu um percurso marcado por parcerias com alguns dos principais nomes da música brasileira, como Ney Matogrosso, Zélia Duncan e Chico César. Nesse período, o artista acompanhou de perto as transformações profundas do cenário musical, especialmente após o advento da internet, que redefiniu as formas de produção, circulação e consumo da música no país.
Apesar das mudanças e da menor visibilidade da música autoral no grande público, a diversidade e a riqueza da criação musical brasileira seguem ativas e disponíveis nas plataformas digitais, compondo um panorama fértil, ainda que mais segmentado.
“As coisas mudaram bastante depois da internet. Hoje, acredito que a maioria das pessoas não conhece a música exuberante que já foi e que ainda é feita no nosso país por tantos artistas da música autoral. Mesmo assim, toda essa produção continua à disposição do público, com fácil acesso pelas plataformas e redes sociais. Eu procuro fazer a minha parte, conquistar mais pessoas para esse nicho e levar o meu som pra quem quer ouvir”, destaca.
Repertório
Nos shows que realizará no Paraguai, Jerry Espíndola levará ao palco uma sonoridade que se tornou marca registrada de sua carreira, baseada na fusão entre ritmos regionais e gêneros populares contemporâneos. Polca-rock e guarânia-reggae sintetizam essa identidade musical construída a partir da vivência na região de fronteira de MS, onde as influências paraguaias sempre estiveram presentes no cotidiano cultural.
A proposta reafirma a relação orgânica do artista com a música tradicional paraguaia, reinterpretada a partir do diálogo com o pop, o rock e o reggae, resultando em uma linguagem própria dentro da música brasileira.
“Essa fusão surge naturalmente, porque desde criança a gente ouve muita música fronteiriça aqui no MS. Eu só misturei esses ritmos com o pop, o rock, o reggae, trazendo uma identidade inédita pra música brasileira”, detalha.
Como integrante do duo Hermanos Irmãos e do coletivo Fronteira Guarani, Jerry desenvolve uma pesquisa musical voltada às influências da região de fronteira, transformando essa vivência em identidade artística. Os projetos destacam a sonoridade da chamada “fronteira guarani” e reforçam o papel da música como instrumento de integração cultural e valorização da produção latino-americana.
“Tanto no Hermanos Irmãos quanto no Fronteira Guarani trabalhamos essas influências fronteiriças, apresentando uma sonoridade que temos somente aqui, na fronteira guarani, e firmando nossa identidade dentro da música brasileira. Com o Hermanos Irmãos gravamos, em 2013, um álbum em Assunção com músicos de vários países. A cultura sul-americana precisa ser valorizada e sinto que este é um momento de maior aproximação entre nós e nossos hermanos”.
Reciclados de Cateura
Jerry Espíndola também marca presença em iniciativas sociais, como o apoio à Orquestra de Instrumentos Reciclados de Cateura, durante o evento beneficente em Assunção. O projeto, reconhecido internacionalmente, transforma materiais reciclados em instrumentos musicais e oferece oportunidades de aprendizado e expressão artística para crianças e jovens em situação de vulnerabilidade.
“Todo projeto que traz arte e esperança para crianças e jovens é bem-vindo. Precisamos muito de escolas e iniciativas como a Cateura. O trabalho deles é incrível e reconhecido em todo o mundo. É uma honra ser convidado e poder participar dessa festa, ajudando um pouquinho esse trabalho grandioso”, finaliza.
Serviço
O cantor Jerry Espíndola apresenta sua turnê no Paraguai hoje (17), às 19h, ele se apresenta com banda e participação de Maria Alice no “Conexiones 2025 – Respirarte”, no Jazz Cube, em Assunção; na quinta (18), a programação inclui a Escola da Orquestra de Instrumentos Reciclados de Cateura; e a turnê encerra na sexta-feira (19), às 20h, no Centro Cultural de La Villa Real, em Concepción. Mais informações pelo Instagram @jerryespindola.
Por Amanda Ferreira
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