Histórias de homens e mulheres que desvendaram o Pantanal da Nhecolândia é contada em livro

Pantanal
Foto: reprodução

Renda da aquisição será destinada às Brigadas Pantaneiras

Após imersão e dois anos de estudos sobre a história da família do pioneiro Cyríaco da Costa Rondon, que é tio-avô do famoso marechal Cândido Mariano Rondon, a jornalista Teté Martinho concebeu o livro “Memórias de um Pantanal: histórias de homens e mulheres que desvendaram a região do Rio Negro”, a ser lançado nessa segunda-feira (13), em São Paulo. 

A família em questão, no início do século 20, era proprietária de uma porção considerável das terras que formam a sub-região do Pantanal que hoje conhecemos como Nhecolândia, chegando quase à metade da área. A história da família é contada com base em narrativas contidas em antigos diários aos quais Teté teve acesso, além de fotos de época, mapas e outros documentos herdados pelos descendentes. 

A autora explica que, mesmo para ela, o Pantanal foi uma descoberta. “Não tinha ideia de que o que chamamos de Pantanal é, na verdade, algo muito plural, composto por um mosaico de paisagens diversas. Também desconhecia os detalhes do verdadeiro imbróglio cultural que marcou a história da região, usurpada dos povos originários, sucessivamente, por espanhóis, jesuítas, portugueses e paulistas. Uma riqueza histórica e cultural imensa se descortina a partir desse fragmento do Pantanal que o livro trata, a região do Rio Negro. Ela ilumina trechos pouco discutidos da história do Brasil e, pelo menos aos meus olhos, tornou ainda mais interessante uma região crucial no cenário das riquezas naturais brasileiras.” 

A obra é lançada em versão bilíngue (português/inglês) e, da capa à contracapa, conta os pormenores da história de uma das nove sub-regiões do Pantanal, incluindo os movimentos, ao longo dos anos, que conduziram à sua formação cultural. “O fato de ter sido uma grande propriedade, e a natureza, impiedosa, que forçou o homem a adaptar sua atividade ao regime de cheias, inclusive a pecuária, acabaram contribuindo para preservar o ecossistema”, afirma Teté.

Histórico

A saga pantaneira narrada pela jornalista remonta à busca de ouro e prata dos primeiros tempos, até o combate atual ao risco de desertificação da maior área alagável do planeta. “Dar a conhecer a história e a cultura pantaneiras pode sim ser uma maneira indireta de ajudar a preservar o bioma. […] Nossa ideia era apresentar essa região, sua história, a forma como culturas diferentes se sobrepuseram ali – e, em especial, a forma como a natureza se impôs sobre o homem, ali. A herança de Cyríaco, como a gente vê nas falas dos familiares que soam no livro, envolve um amor e um respeito àquelas terras, algo que é constitutivo do pantaneiro, e que certamente remonta à influência e à sabedoria dos povos indígenas”, pontua. 

E ela salienta que a ação da família Rondon foi muito relevante no processo. “Tão intrigantes quanto personagens ficcionais, como o José Leôncio das duas versões da telenovela que ajudou a popularizar a região, pessoas reais como Cyríaco Rondon e a mulher, Thomázia, contribuem para mapear as raízes do Pantanal contemporâneo”, considera a autora. 

Para Mônica Guimarães, da coordenação do Documenta, este título traz à tona um Pantanal de grande beleza e história intrincada, pouco conhecida até dos brasileiros. Ainda de acordo com ela, “retraçá-la minimamente, a partir do fio condutor da descendência de um pioneiro não teria sido possível sem a colaboração preciosa dos netos e bisnetos de Cyríaco Rondon, que se dispuseram a compartilhar as memórias de família”. 

“Memórias de um Pantanal: histórias de homens e mulheres que desvendaram a região do Rio Negro” foi realizado via Lei de Incentivo à Cultura e contou com o patrocínio da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e da Rodobens. 

Toda a renda obtida com a aquisição da obra será destinada para a manutenção das Brigadas Pantaneiras e da Brigada do Alto Pantanal, iniciativa do Documenta Pantanal, do IHP (Instituto Homem Pantaneiro) e de Wahba Filmes, que atuam na prevenção e combate aos incêndios em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. 

Sobre Teté Martinho 

Jornalista cultural, Teté nasceu no Rio de Janeiro, em 1963. Foi editora, correspondente e repórter especial da “Folha de S.Paulo” e redatora-chefe da revista “Bravo!”, entre outras. Publicou os livros-reportagem “5 Saraus, cada qual com sua poesia, cada qual com sua fúria” (Imprensa Oficial, 2015) e “Guia Triângulo Histórico SP” (Estação, 2013). É coautora do projeto da revista bilíngue “Pororoca”, sobre a Amazônia (2008-2009), e assinou a coluna Crítica de Loja na “Folha de S.Paulo” de 2007 a 2014. 

Coordenou a edição dos catálogos das exposições Eduardo Viveiros de Castro, fotógrafo (Sesc Ipiranga, 2017) e Olafur Eliasson _ Seu Corpo da Obra (Sesc Pompeia, 2011), entre outros. Em 2011, ganhou o Jabuti de prata, na categoria Livro de Arte, por “Joseph Beuys – A revolução somos nós” (Edições Sesc, 2010). Está à frente da Letra da Cidade, selo editorial que reúne as publicações dos institutos socioeducativos e culturais Acaia e Çarê. 

Documenta Pantanal

O Documenta Pantanal tem o intuito de documentar, valorizar e difundir a cultura e a natureza pantaneiras com ações educativas e culturais, como filmes, livros, reportagens. 

Criado em 2019, reúne estudiosos, empresários, artistas e produtores, contribuindo para o desenvolvimento de ações em múltiplos meios e formatos (exposições, livros, vídeos Histórias de homens e mulheres que desvenderam o Pantanal da Nhecolândia é contada em livro; renda da aquisição será destinada às Brigadas Pantaneiras Fotos: Reprodução Everton Ballardin e documentários, por exemplo) que, mais do que celebrarem a beleza e a biodiversidade desse ecossistema, pretendem chamar a atenção da sociedade para a urgência em conhecer e conservar este patrimônio da Humanidade, abordando esse ecossistema por uma perspectiva cultural e social. 

O Documenta atua, por meio de sua proposta editorial, para contribuir com a construção de uma biblioteca de referência sobre a história, a cultura e a visualidade pantaneiras, seja resgatando conteúdos clássicos, seja criando ou apoiando obras novas.

Biblioteca Documenta Pantanal

Em seu acervo de títulos, a biblioteca do Documenta contempla distintas visões do Pantanal. Entre os highlights de seu portfólio, livros de arte de grandes fotógrafos brasileiros – como os de João Farkas, Araquém Alcântara e Luciano Candisani –, uma edição dedicada à gastronomia pelas mãos do chef Paulo Machado e relatos e experiências da jornalista Claudia Gaigher em “Diários de uma Repórter no Pantanal”.

Sobre o Documenta Pantanal

Criado em 2019, o Documenta Pantanal é uma iniciativa que reúne profissionais de áreas diversas em torno da urgência de tornar as fragilidades e as riquezas do Pantanal mato-grossense mais conhecidas do público. Trabalhando por um bioma vivo, produtivo e exuberante, cria, provoca e apoia ações e conexões para mapear a cultura da região, apontar soluções de preservação e gerar recursos de proteção.

SERVIÇO: “Memórias de um Pantanal – histórias de homens e mulheres que desvendaram a região do Rio Negro”, de Teté Martinho, custa R$ 60 e será lançado segunda (13), às 19h, na Livraria Travessa, na Rua dos Pinheiros, 513, Pinheiros, SP. 

Por Méri Oliveira  – Jornal O Estado do MS.

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