Por Méri Oliveira – Jornal O Estado do MS
Com a chegada do ano da Copa, o comércio e a troca de figurinhas movimentam famílias inteiras, no Brasil e no mundo há décadas, com motivações que geralmente têm raiz no futebol. Assim, ter o pai e tios jogadores com passagens por times como Operário, Ponte Preta (SP), e Bangu (RJ), entre outros, foi um dos fatores que levaram o advogado e produtor Rural, Paulo César Barbosa, a colecionar cromos da Copa do Mundo. A paixão é tanta, que ele tem hoje o maior acervo de álbuns do mundial no Estado e que, embora avaliado em aproximadamente R$ 250 mil, é inestimável para o colecionador, em termos de valor afetivo.
Família de futebolistas
Quando muitos dos álbuns que possui foram lançados, Paulo César não era nascido ainda. Mas isso não o impediu de buscá-los, a fim de completar sua coleção. Mas aí você pode se perguntar: de onde veio essa paixão toda?
Paulo relata que seu pai, Odon Paes Barbosa, foi jogador do Operário Futebol Clube da Capital e que, enquanto fazia faculdade, chegou a jogar em outros clubes. “Meus tios jogaram bola, meu pai jogou profissionalmente, no Operário, na Ponte Preta, Guarani, Bangu e no América, porque ele foi fazer faculdade no Rio (a cidade onde ele fez cursinho foi Campinas). Já meu tio Silas jogou no Operário com o meu pai e jogou também na Ponte Preta, mas não foi pro Rio de Janeiro e meu tio Evandro jogou no Operário, também”.
À exceção de um dos tios de Paulo, que é empresário do ramo da comunicação, todos os outros se envolveram com futebol e faziam questão de levar isso para a família. “Meu pai e esses meus tios, todos eles jogaram bola, então minha família sempre jogou bola. Natal ia para um sítio jogar bola, e aí o ‘pau quebrava’ – família jogando contra família – jogavam todos os tios, primos, sobrinhos…”
Ele explica que, apesar de ter começado de fato a colecionar em 1974, no ano de 1970 já havia ficado ansioso por colecionar álbuns de figurinhas. “Na Copa de 1974 eu já parti para o álbum. Na [Copa] de 1970 eu queria fazer o álbum, mas não tinha [dinheiro], fazer um álbum era coisa demais. A paixão por figurinhas veio por causa do futebol e por causa da família. Em 1974 eu comecei a fazer e meu pai me ajudou, comprou as figurinhas, ele me acompanhou ali”, conta o colecionador.
César deu uma pausa no hobby e voltou a mexer com álbuns de figurinhas nos anos 1990. “Dali para a frente eu pulei uma parte e vim fazer [álbuns de figurinhas] aqui (diz, apontando para álbuns das Copas dos anos 1990), com meus filhos mais velhos. E aqui (apontando para álbuns dos anos 2000), é com o meu filho caçula”.
Coleção
Paulo César nos conta que entre todas as edições de álbuns, a mais valorizada no mundo todo é o a Copa de 1970. “Tudo o que é de 1970, tudo o que refere-se a Copa do Mundo, 70 é o mais valorizado”, afirma. Segundo Paulo, há teorias de que isso possa ser creditado ao fato de que foi o primeiro ano em que a editora Panini entrou no mercado com álbuns do mundial. Até então, havia uma grande variedade de álbuns no mercado, produzidos por grandes marcas, como é o caso das Havaianas e Knorr (sim, a marca de produtos alimentícios!), além de revistas, como a Época, sendo o mais popular o álbum lançado pela Editora Sadira, hoje tido como raro.
O colecionador nos mostra álbuns publicados desde 1930, o primeiro campeonato, e nos explica que nos anos de 1942 e 1946 não houve Copa, devido à Segunda Guerra Mundial, sendo o de 1950, que foi realizado no Brasil, um dos mais esperados, mas tido até hoje como uma das grandes derrotas do país, já que a seleção perdeu a final para o Uruguai e não nos sagramos campeões. “Em 1954 o Brasil perde, também, para a Alemanha; em 58, ele ganha, na Suécia. Aí no Chile em 1962, ele ganha; em 1966 fomos ‘roubados’, machucaram o Pelé propositalmente, a Inglaterra fez isso. Quando chega em 1970, ela [seleção brasileira] vem de dois bicampeonatos, o México não tem tanta força, então ela ganha a Copa”, explica.
O advogado explica que sempre é lançado um álbum, antes do evento, apenas com a seleção brasileira e que, caso o Brasil se sagre hexacampeão, por exemplo, esse material pode sofrer uma supervalorização posterior. Além disso, também são lançadas versões variadas dos álbuns com capa dura, dourada, prata, bronze, etc, mas que a que realmente tem valor para os colecionadores é a versão brochura. O acervo de Paulo César impressiona não simplesmente pela quantidade de itens, mas principalmente, pela quantidade e qualidade de itens originais e raros, como é o caso do caderno da primeira Copa, de 1930, no Uruguai: a impressão está muito bem conservada, mesmo 92 anos após a publicação.
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