No dia 11 de setembro de 2001, os Estados Unidos sofreram o maior atentado terrorista de sua história. Vimos diante de nossos olhos as duas torres do World Trade Center irem abaixo nas transmissões televisivas. Precedido apenas pela Segunda Guerra Mundial, este acontecimento repercutiu no mundo do entretenimento de forma avassaladora. Nos quadrinhos de super-heróis, as reações foram imediatas e, passados 19 anos, apresentaram-se grandes mudanças na forma de se fazer HQ. Naquele fatídico dia nem Homem-Aranha nem Super-Homem puderam fazer nada contra o seu maior arqui-inimigo: o terrorismo.
Alguns meses após os atentados, uma infinidade de HQs especiais sobre o tema chegou às bancas de jornais dos Estados Unidos. Uma delas foi a editora independente Alternative Comics, que ganhou notoriedade no mercado ao publicar “9-11 Emergency Relief”, com 208 páginas de histórias em quadrinhos nas quais 80 artistas, entre eles ninguém menos que os renomados quadrinistas Will Eisner e Harvey Pekar, narravam o heroísmo de bombeiros e policiais que trabalharam no resgate de corpos e de sobreviventes daquela tragédia. De repente os heróis não usavam mais máscaras nem capas, mas uniformes para combater incêndio e distintivos.
O mais bacana de tudo isso é que os valores arrecadados com as vendas de “9-11 Emergency Relief” foram doados à Cruz Vermelha norte-americana. Outras editoras também tomaram a mesma postura e destinaram as rendas para fundos de apoio aos familiares das vítimas. Esse foi o caso de “Amazing Spider- -Man #36”, lançada pela Marvel Comics ainda no ano do atentado e, no Brasil, em “Homem-Aranha – Em memória das vítimas do 11 de setembro” (Panini Comics, 2002). A história trouxe cenas peculiares, como os vilões Magneto e Doutor Destino chorando pelos mortos na tragédia – a intenção era mostrar o profundo sentimento de pesar que pairava sobre a população dos Estados Unidos. Esta HQ vendeu mais de 200 mil exemplares.
Um ano após o ataque ao World Trade Center, a Marvel deu novo fôlego editorial ao Capitão América. A partir dali, ele passa a voltar suas ações contra terroristas, inimigos bem mais críveis pelos leitores do que os supervilões espetaculares que o personagem costumava enfrentar.
(Confira mais na página C2 da versão digital do jornal O Estado)