Entre os grandes nomes do samba, Angenor de Oliveira, o “Cartola” é sem dúvida um dos pilares da música popular brasileira. Na última quarta-feira, assisti pelo Canal Brasil ao belíssimo documentário “Cartola – Música para os Olhos”, de 2017, que foi dirigido por Lino Ferreira e Hilton Lacerda. A obra tem depoimentos de artistas tarimbados como Hebe Camargo, Chico Buarque, Gal Costa, Beth Carvalho e Paulinho da Viola, entre tantos monstros sagrados da nossa música. Todos reverenciando a vida e obra do poeta da Mangueira.
Cartola foi um dos principais expoentes da Estação Primeira de Mangueira. Autor de sambas memoráveis, como “O Mundo é um Moinho” e “As Rosas Não Falam”. Ainda menino abandonou os estudos e passou a trabalhar como servente de obra. Foi nesse cenário que adquiriu o apelido de Cartola. Angenor tinha o hábito de proteger a cabeça com um chapéu coco contra o cimento, e por conta disso, os colegas de trabalho o apelidaram de “Cartola”. No documentário ele conta que seu pai lhe ensinava a escrever e também a tocar violão. “Era difícil. Eu sempre queria mais aprender violão”, relata Cartola entre risadas no documentário, porém ele aprendeu as duas coisas com seu pai.
Na segunda metade da década de 1920, Cartola criou o Bloco dos Arengueiros. A ampliação e a fusão do bloco com outros existentes no morro gerou, em 28 de abril de 1928, a G.R.E.S. Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira. Nesse período, seus sambas foram popularizados em vozes ilustres como as de Araci de Almeida, Carmen Miranda, Francisco Alves, Mário Reis e Sílvio Caldas. É também nessa época que o grande encontro entre Cartola e Noel Rosa aconteceu. O Poeta de Vila Isabel e o poeta do Morro da Mangueira mal sabiam que se tornariam dois dos maiores nomes da história do samba.
(Texto: Marcelo Rezende)
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