Grupo teatral homenageia Delinha, a Dama do Rasqueado

teatro delinha
Foto: Divulgação

Arrebol Cultural homenageia a Dama do Rasqueado com apresentações no Glauce Rocha

Uma das maiores vozes sertanejas sul-mato-grossense, Delinha é homenageada em um musical homônimo, elaborado pelo Arrebol Cultural, grupo de extensão oriundo do curso de teatro da Uems (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul). O espetáculo narra desde a primeira infância até os últimos dias da cantora, além de dar um destaque especial à relação de Delinha com a mãe, Dona Chiruca. As apresentações acontecem hoje (17) e quinta-feira (19), no teatro Glauce Rocha, às 19h45.

A Dama do Rasqueado comemoraria 85 anos no mês passado, no entanto, em julho de 2022, veio a falecer. Sua trajetória é uma referência para o Estado, e em homenagem ao legado deixado pela cantora que, com um olhar sensível e experiente, o diretor Fernandes Ferreira reconheceu, enquanto lia a biografia “Por Onde Andei”, o potencial narrativo que há na história de Delinha.

“Eu encontrei muita teatralidade na história dela. Ela é uma menina que veio de Vista Alegre com um sonho, mas que tem muita dificuldade. Ela foi humilhada na escola, foi muito pobre, trabalhava de doméstica e, apesar dessa realidade, nunca se queixou”, disse.

A relação com a mãe é um dos pontos de destaque do espetáculo que, conforme o diretor, era constantemente ressaltado pela cantora, em entrevistas. Contudo, apesar da forte ligação, a história com a progenitora não fora aprofundada, o que contribuiu para a escolha do foco narrativo.

“Foi esse o ponto que chamou minha atenção, porque a mãe de Delinha, Dona Chiruca, que nós trouxemos para a história, foi alguém que se sacrificou muito porque também acreditava no sonho da filha”, explica.

Flávia Laís Alarcon, a atriz que dá vida à cantora no musical, salienta que interpretar Delinha é uma grande responsabilidade, tanto por seu legado quanto pelas características do próprio musical, que exige muito de seus integrantes em diversos aspectos, desde a atução até o canto.

“É um grande desafio para qualquer ator interpretar uma pessoa que realmente existiu, além disso, que é também tão importante culturalmente para o nosso Estado. No musical, nós cantamos, atuamos e dançamos ao vivo, mas apesar disso eu não sou uma cover da Delinha. Eu sou uma atriz que possui como função contar a história dela, desde a vida pessoal até a trajetória musical, e o meu corpo e a minha voz estão à disposição disso. Então eu busquei fazer o melhor que eu posso e estudei muito, movimentação e claro, o jeito da Delinha cantar porque a voz dela é inigualável”, disse.

Delinha iniciou a trajetória artística nos anos 1950 e tornou-se conhecida também como a Dama do Rasqueado, em referência ao gênero musical recorrente no repertório da artista. Para resgatar a história da cantora, alguns pontos são essenciais e é impossível não citar o parceiro de diversos shows – Délio José Pompeu (1925-2010), falecido há 12 anos, cantor e marido de Delinha. Quem viverá Délio nos palcos é o ator profissional Samir Henrique, que destaca os desafios e a emoção com o espetáculo que vem sendo produzido e ensaiado há mais de um ano.

“É um trabalho muito minucioso que a gente fez, de estudo, de pesquisa, de laboratório. Muita gente vê Délio e Delinha como uma coisa só, então, essa é uma responsabilidade conjunta, embora a história seja dela. Por isso, trazemos os elementos da infância, fomos buscar referência, fomos até as pessoas, conversamos com quem conheceu eles e, como a Flávia falou, nós não vamos imitar nem fazer um cover, mas vamos recriar e para recriar, precisamos conhecer”, pontua o ator.

Biografia com licença poética 

Conforme o filho de Délio e Delinha, João Paulo Pompeu, ter uma produção realizada pelo Arrebol Cultural (grupo que está há mais de 12 anos produzindo inúmeros musicais) é muito bacana, além de ser uma oportunidade para que as novas gerações conheçam a história da cantora e da dupla.

“Eles já fizeram várias produções de sucesso, como, por exemplo, ‘Mamma Mia!’. Mas agora eles estão fazendo de uma artista regional e escolheram justamente a minha mãe para contar a história dela, do legado que ela deixou. Então, estou muito feliz deles terem proporcionando e por levarem ao público a história de ‘Delinha: O Musical’. Além disso, estou bem ansioso, tanto que não quis assistir nem ao ensaio geral. Quero ver o espetáculo pronto. A gente sabe que existe uma licença poética, vai contar a vida dela, mas, por exemplo, eles colocaram um casal de compadres fictício para contribuir com a narrativa”, afirma João.

As sessões vão ser realizadas no teatro Glauce Rocha, às 19h45. Os ingressos podem ser comprados por meio do link https://ingressos.spartaproducoes.com.br/comprar-ingresso. Para mais informações, acesse, no Instagram: @arrebolcultural.

Por Ana Cavalcante

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