Grupo Memória Capoeira promove o ‘Cine Memória’, por conta do Dia Municipal da Capoeira

capoeira
Fotos: Assessoria/Divulgação

Nesta quinta (3), é comemorado o Dia Municipal da Capoeira e, para celebrar a data, o jornal O Estado conversa com o grupo Memória Capoeira. A instituição existe desde 2015, e é destaque por conta de uma metodologia que o une o brincar ao aprendizado e resgate da cultura popular. Afora, em comemoração ao dia, a instituição organiza o “Cine Memória” e exibe o documentário “Mestre Pastinha – Uma Vida Pela Capoeira”. A sessão será aberta à comunidade e será realizada na Escola de Capoeira Grupo Memória, a partir das 18h30, com entrada gratuita. 

Idealizado pela instrutora do grupo, Priscila Silva Coutinho Buytendorp, a Pindorama, o objetivo do “Cine Memória” é dar mais visibilidade à prática em Campo Grande. Por um longo período, a capoeira foi considerada subversiva e foi, por muito tempo, marginalizada, mas, com o decorrer dos anos, passou a ser reconhecida como um símbolo da identidade brasileira. Em 2014, a Unesco conferiu à capoeira o título de Patrimônio Imaterial da Humanidade. Em Campo Grande, a celebração municipal, comemorada no dia três, passou a ser oficial por meio da lei n.º 5.638 em 2021. 

O projeto vai exibir o documentário sobre a vida e história do Mestre Pastinha, com o intuito de popularizar seus ensinamentos e os fundamentos da capoeira Angola aos participantes. Conforme a instrutora, a escolha pelo audiovisual surge por acreditar que essa é uma ferramenta artística bastante democrática e acessível para oportunizar e popularizar conhecimento. “O audiovisual é uma linguagem estratégica para a integração com a comunidade, alunos, mestres e professorares de capoeira, educadores, artistas. A estreia exibirá o documentário que conta a história do lendário Mestre Pastinha, poeta e o guardião da capoeira Angola. O filme representa uma rara oportunidade de conhecer os fundamentos da capoeira Angola e a vida de seu maior mestre, Pastinha”, afirma Pindorama à reportagem do jornal. 

A sessão vai acontecer às 18h30, no espaço do grupo localizado na rua Barão de Campinas, 1.944, bairro Jardim das Mansões. E para completar a programação foram convidados o Grupo Berimbau Capoeira do Mestre Barnabé, Mestre Emídio Omar e Mestre Cabeça.

Grupo Memória Capoeira

O grupo começou em 2015 e desenvolve atividades que unem a capoeira com esporte, cultura e arte. O ensino é organizado por meio de formações continuadas e trocas de graduação. Atualmente, a instituição é composta por 25 integrantes e possui um repertório de atividades que se destaca pela diversidade, como o ensino da roda de capoeira tradicional, a expressão da dança do maculelê, a encenação da “puxada de rede” – manifestação tradicional e popular do folclore brasileiro nas aberturas das rodas de capoeira, dando uma característica artística diferenciada das demais rodas. 

Na musicalidade, o grupo criou composições e cantigas inéditas que valorizam a cultura regional, a ancestralidade e implementou a temática sustentável na prática, dentro dos treinos e na concepção estética da apresentação da roda. Todas as atividades fornecidas pelo grupo são gratuitas.

Priscila Silva Coutinho Buytendorp é a instrutora Pindorama, uma referência para a instituição. Conhecida por sua paixão pela capoeira e por ensinar, a professora conquistou muitos adeptos com uma metodologia que une o brincar com outras rodas populares, mas sem comprometer o ensino e resgate da cultura popular, sendo a capoeira enquanto luta de resistência ancestral. “Comecei a praticar capoeira com 13 anos, mas precisei parar aos 16. Passei 18 anos sem praticar. Neste tempo, me formei, casei, tive duas filhas e quando a mais nova estava com 7 meses retornei a praticar capoeira, desde então não parei mais”. 

O desenvolvimento das filhas em idade escolar foi uma influência importante para a professora aperfeiçoar o projeto, pois além de despertar memórias afetivas dos pais que, assim como ela, são profissionais da educação, também contribuíram para que Priscila nutrisse um olhar atento para a comunidade e ensino. “Minha motivação, a princípio, surge com as minhas filhas já em idade escolar e na educação infantil, foi aí que o despertar tocou e vi a possibilidade. Sem falar que sou filha de educador e meus pais trabalham na educação, então muita memória do trabalho deles continua em mim. Outra influência começou a surgir quando uma menina de uns 10 anos me via passando na rua com roupa de capoeira e dizia: ‘Tia me ensina capoeira, posso aprender a jogar etc’… Daí resolvemos abrir o quintal, onde acontecem as aulas de capoeira”, explica.

Aprendendo de forma lúdica 

Sobre o método de ensino diferenciado que o grupo fornece, o “Vem pra Roda Vem Brincar”, a instrutora fala sobre o interesse em proporcionar aulas onde os alunos possam ver que é possível aprender de maneira lúdica. “A vontade e a possibilidade de ensinar a capoeira de uma maneira lúdica, divertida, associando a brincadeira no processo de aprendizado da arte, me motivou bastante e o próprio nome do método já faz um convite e uma menção ao livre, ao prazer, à brincadeira de jogar com o outro e não contra o outro. De maneira alguma, o método exclui a capoeira como luta, isso faz parte de nossa história, viemos de um movimento corporal de resistência, isso é fato. Nosso objetivo é proporcionar o encontro das brincadeiras, das músicas no universo infinito da capoeira e aprender brincando.”

Para o aluno Davi Queiroz da Silva, de 9 anos, a capoeira foi o único esporte que conquistou o seu interesse e que o influencia a ser mais atento com questões ambientais, educacionais e de saúde. “Lá, aprendemos a respeitar os pais com os movimentos e disciplina da capoeira, e também a preservar o meio ambiente por meio da reciclagem. Se você gosta do meio ambiente, venha praticar capoeira no Grupo Memória e ainda fazer uma atividade física, porque ela é um exercício prático e pode ser feito por todas a idades. Eu amo fazer capoeira no Grupo Memória, porque lá aprendemos brincando e a professora e todos que ajudam são muito legais”, conclui Davi.

Wilson Figueiredo de Oliveira, de 41 anos, outro aluno do grupo, comenta que praticar o exercício proporcionou autoconhecimento, superação, e conhecimentos voltados à cultura. “A capoeira, para mim, é inclusiva, é minha história de superação. Aprendo cada vez mais como trabalhar o meu corpo (físico, resistência e coordenação), controle da mente (equilíbrio emocional, criatividade e atenção), na formação do caráter (disciplina e respeito) e hierarquia. E a grade de atividades é muito diversa, vai desde treinos físicos, rodas, apresentações temáticas voltadas à cultura, musicalidade, entre outros, é ótimo. Além de ser muito inclusiva, é acessível a todas as idades, da criança ao sênior, do magro ao gordo, incluindo as PCDs (pessoas com deficiência)”.

Thathy DMeo, produtora cultural do grupo, comenta sobre os meios de manutenção da instituição, que mantêm os custos por meio de arrecadações em eventos que os próprios instrutores e participantes organizam. Além disso, acrescenta, sobre as atividades que a instituição fornece e ressalta a importância do grupo. “O trabalho do Grupo Memória é diferenciado pelo método que consegue trabalhar a capoeira como luta e esporte, arte e cultura. Temos alunos de 2 aninhos aos 60, e o método ‘Vem pra Roda, Vem Brincar’, explora um lugar lúdico, de resgate e disciplina, o que gera um impacto na totalidade na vida de cada integrante. O grupo não possui caráter competitivo, mas tanto a instrutora Pindorama quanto o Mestre Aranha possuem títulos em competições anteriores. Desde sua criação, o grupo nunca recebeu suporte financeiro ou qualquer outro fomento cultural, sua estratégia sempre foi focar nos eventos, apresentações, venda de produtos recicláveis, arrecadando verba para realizar o maior evento do ano, a troca de cordão. A maioria dos integrantes são bolsistas, sendo assim a renda das aulas particulares não são suficientes”, afirma.

Para mais informações, acesse a página no Instagram: @grupomemoria. cg.ms.

Por – Ana Cavalcante  

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