Grupo de teatro Fulano di Tal reestreia ‘O Bem-Amado’ na Capital em comemoração aos 20 anos de existência

Foto: Reprodução/ Redes Sociais
Foto: Reprodução/ Redes Sociais

De estudantes a um grupo de teatro com 17 espetáculos no currículo, o Fulano di Tal nasceu da vontade de jovens de Campo Grande de fazer teatro e arte para a população, utilizando muitas vezes da linguagem do humor para mostrar temas como o resgate a infância, política e corrupção e até mesmo reflexões sobre os tempos pandêmicos em que vivenciamos. Em comemoração aos seus 20 anos de existência, o grupo reestreia a peça “O Bem-Amado” em Campo Grande, neste sábado (27). No ano passado, o grupo fez uma temporada do espetáculo “Seco”, com apresentações gratuitas, como início das celebrações pelos 20 anos. A peça é uma reflexão sobre os pensamentos, sentimentos, angústias e descobertas durante o período da pandemia.

Já neste ano, a companhia realiza mais uma temporada do espetáculo “O Bem-Amado”, adaptação de Dias Gomes. “Esse espetáculo está em sua terceira montagem. Estreou em 2019. Retornou ainda na pandemia em 2021 com apresentações on-line. Em 2023 retornou ao nosso repertório totalmente reformulado, refizemos tudo: cenário, figurino, iluminação, trilha sonora, direção e elenco. A peça trata de um assunto importante que é política e o autor Dias Gomes é um mestre em falar desse tema. Apesar de escrita a muito tempo, o texto continua muito atual”, explicou o dramaturgo, diretor, ator, produtor cultural e um dos fundadores do grupo, Marcelo Leite.

“Nosso projeto ‘Fulano di Tal – Ato 20’ celebra os 20 anos do grupo. São várias ações: ciclos formativos internos e externos, manutenção dos nossos espetáculos e circulação de “O Bem-Amado” de Dias Gomes e “O Santo e a Porca” de Ariano Suassuna, cada um se apresentando por 6 cidades do MS, totalizando 12 cidades. Nesse tempo todo de trajetória, trocamos com muitos parceiros culturais e também com o público que sempre nos prestigia durante as apresentações”, complementa.

Em livre adaptação da obra de Dias Gomes, o espetáculo, uma comédia política carnavalesca cheia de breguices, conta as peripécias malucas de Odorico Paraguaçu, um showman e também prefeito da cidade de Sucupira do Sul, que tem como promessa de campanha a inauguração de um cemitério municipal. Com o apoio das suas correligionárias, as irmãs Cajazeiras Dorotéa, Dulcinéa e Judicéa, a ajuda de seu secretário Dirceu Borboleta, do fazedor de defuntos Zeca Diabo e com os conselhos do Vigário da cidade, o prefeito precisa enfrentar a oposição de Neca Pedreira (dono do jornaleco da cidade) para cumprir sua promessa de campanha.

Interior

O espetáculo já passou por Naviraí, Dourados, Rio Brilhante, Nova Andradina e Três Lagoas e estreou ontem em Campo Grande, onde contará com mais uma apresentação neste sábado (27). “A interação com o público foi incrível e fomos bem recebidos por onde passamos, assim como em Nova Andradina, Três Lagoas e a expectativa para Campo Grande está bem alta. Estamos ansiosos para receber o público em nossa sede”, disse Marcelo.

Com direção do próprio Marcelo, compõem o elenco do espetáculo: Douglas Moreira, Edner Gustavo, Luana Miranda e Nicoli Dichoff. As músicas são executadas ao vivo com o músico Ewerton Goulart. O espetáculo tem classificação de 14 anos e o ingresso é gratuito.

Legado

O grupo foi criado e desenvolvido em 2003, por alunos de teatro de um colégio de Campo Grande, ainda de forma amadora. Já a nomenclatura do grupo surgiu durante a realização da ficha de inscrição de um festival em que participariam. “A pessoa responsável pela ficha de inscrição disse: ‘aqui no nome, vocês colocam fulano de tal’. Os integrante se olharam e pensaram que era um nome legal e para diferenciar colocamos o ‘de’ com a letra i”, disse o diretor, ator, dramaturgo, produtor cultural e um dos fundadores do grupo, Marcelo Leite.

Juntamente com Marcelo, o grupo é administrado pelo também dramaturgo e ator Edner Gustavo. O primeiro espetáculo do Fulano di Tal foi o monólogo “Suspeitos de um crime quase perfeito”, que coloca o personagem Sherlock Gomes (uma analogia ao detetive Sherlock Holmes) para investigar seis suspeitos do assassinato de um advogado. O espetáculo foi dirigido por Marcelo Leite.

“A partir deste espetáculo que o grupo foi criado e se consolidou ao longo dos anos como um grupo de teatro daqui da nossa cidade e que tem um trabalho importante de formação de plateia, formação de atores e principalmente contando histórias que achamos importante dividir com o público”, comentou em entrevista ao jornal O Estado.

Ao longo do tempo, o grupo se aperfeiçoou em seu fazer teatral, usando primeiramente a linguagem do humor para a construção de seus espetáculos, mesclando a comédia com temas contemporâneos. Um de seus espetáculos de maior sucesso foi a adaptação do texto de Ariano Suassuna, “O Santo e a Porca”, que teve um público de mais de 10 mil pessoas, em 2013, e passou por vários municípios de Mato Grosso do Sul. Entretanto, neste mesmo ano, o grupo não se limitou aos palcos, levando a arte cênica para cinco Escolas Municipais com o espetáculo ‘A turma do Abecedário em: O apagão!’, onde foi prestigiado por mais de mil alunos.

“O principal objetivo foi comemorar o dia do meio ambiente, passando pelas escolas e informando sobre assuntos importantes como reciclagem e sustentabilidade, porém de uma forma lúdica, por meio de brincadeiras infantis. A recepção não poderia ser melhor. Além dos espetáculos, fazíamos um trabalho com as professoras, deixando uma cartilha explicativa e ilustrada para elas trabalharem com os alunos em sala, além de um jogo para as crianças brincarem”, explicou o produtor cultural.

Em 2004, o Fulano di Tal ganhou o prêmio de melhor atriz revelação, pela interpretação da então atriz Ana Maria Assis, no 25º Festival de Teatro da Federação Sul-Mato-Grossense de Teatro (Fesmat). Já em 2005, o grupo arrematou o prêmio de melhor atriz na 26ª edição do Fesmat, pela atuação de Ligia Prieto, tendo também recebido indicações de Melhor Texto Original e Melhor Sonoplastia.

Outra peça de grande destaque do grupo foi “A fabulosa história do guri-árvore”, também dirigida por Marcelo Leite, com estreia em 2019 a 6ª Mostra Fulano di Tal, com temporadas nos anos de 2020, 2021 e 2022. A peça ganhou prêmios de melhor direção, cenografia, figurino, texto e operação de luz em 2021, na 1ª edição do Prêmio Campo Grande ao Teatro. Em 2022, o Fulano di Tal foi contemplado com investimento do FIC (Fundo de Investimentos Culturais de Mato Grosso do Sul) da FCMS (Fundação de Cultura de MS), e conseguiu levar o espetáculo para 12 municípios, com oficinas e serenatas.

“É sempre muito importante o financiamento público, assim como nas outras áreas, pois envolve a população, além de possibilitar o nosso desenvolvimento enquanto grupo, seja na nossa estrutura de sede, seja na nossa formação artística”, destacou Marcelo Leite.

As oficinas de teatro são voltadas tanto para atores quando para quem está interessado em entrar no mundo da arte cênica, seja na atuação quanto nos bastidores, com trabalhos ligados a iluminação, sonoplastia, figurinos e cenários.

Serviço: Pelo projeto ´Fulano di Tal – Ato 20´, o grupo de teatro Fulano di Tal apresenta o espetáculo ´O Bem Amado´ neste sábado (27), às 19h30, na sede do Fulano di Tal (rua Rui Barbosa, 3.099, centro). A entrada é gratuita, para reservar o ingresso basta fazer contato pelo telefone/whatsapp: (67) 98129-7263. Mais informações pelo Instagram do grupo @fulanodital.

Por Carolina Rampi 

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