Atenção, organização, disciplina e agilidade. O lema é: esteja preparado! Escoteiros, uma turma com uma proposta bem simples: aprender fazendo. Desde pequenos vão adquirindo obediência e respeito. Ser escoteiro é estar em harmonia com valores humanos universais que o escotismo promove todos os dias.
Imagine um lugar onde crianças, jovens e adultos são unidos por um ideal. Um movimento que valoriza as pessoas e que incentiva o desenvolvimento das suas competências, uma grande fraternidade aberta a receber gente de todas as origens sociais, raças, ou crenças. Estamos falando do grupo de escoteiros de Mato Grosso do Sul. Em Campo Grande o primeiro grupo foi criando em 1964 e ganhou o nome de Olavo Bilac. Aqui no Estado já tem 1.576 pessoas praticando o movimento, são 25 grupos, mas 15 deles ficam na Cidade Morena e contam com a participação de cerca de 1.100 pessoas.
Os jovens são divididos conforme sua faixa etária para que o programa educativo possa ser trabalhado em todas as áreas de desenvolvimento: são elas: física, intelectual, social, afetiva, espiritual e de caráter, com base nas características individuais de cada fase. Os grupos são divididos em quatro categorias: o primeiro é o Ramo Lobinho, onde há crianças com idades a partir de 6 anos e meio a 10 anos; o Ramo Escoteiro, que atende jovens de 11 a 14 anos; o Ramo Sênior, que recebe pessoas de 15 a 17 anos; e o Ramo Pioneiro, em que a partir dos 18 anos até os 21 incompletos podem participar.
Atual presidente da região escoteira de Mato Grosso do Sul, Jefferson de Pádua entrou para o movimento dos escoteiros quando ainda era criança, com 7 anos de idade; ele acredita que esse movimento é um estilo de vida.
“Para você se tornar um escoteiro você tem de aceitar a lei, a promessa e, mais do que isso, é colocar isso em prática no dia a dia; nós não somos escoteiros, lobinhos, sênior só durante as atividades, temos de ser escoteiros em casa, na escola, dentro da nossa comunidade. Os escoteiros têm deveres para com Deus e para com a pátria”, explica o presidente.
O Programa Educativo ainda se preocupa em estar inserido no cotidiano dos jovens, de acordo com suas necessidades de crescimento e do meio onde eles se desenvolvem, se adaptando a diferentes realidades e respeitando sua autonomia.
“Nós buscamos colocar valores no dia a dia, na prática para qualquer adulto isso já é difícil, imagina para uma criança, um jovem. Como nós conseguimos isso dentro das nossas atividades? Nosso objetivo é que a criança se torne um cidadão útil para a sociedade, que possa contribuir e seja responsável pelo seu próprio desenvolvimento. Todas as nossas atividades têm um objetivo educacional e esse objetivo acompanha o desenvolvimento de cada pessoa”, esclarece o chefe, como é chamado carinhosamente pelo grupo.
Quem participa do movimento não consegue descrever o sentimento de poder estar ao lado de jovens e crianças que almejam ser pessoas melhores no futuro, e se para eles a emoção já é grande, imagina para dona Brasília da Silva Melo, de 68 anos, diretora-presidente do Grupo Escoteiro Messiânico, matriarca de uma família de escoteiros e que hoje vê seu filho Jefferson à frente de um projeto que ganhou seu coração há 32 anos.
“Eu entrei porque meu filho entrou como lobinho, o Jefferson. Eu era a mãe que acompanhava, que cozinhava, que ajudava e me convidaram para eu ser a chefe dos lobinhos, e de 1987 até 2008 eu era chefe desse grupo, fazia atividades regionais, deixei de ser chefe de lobinhos por conta da minha idade: as pernas não aguentam mais correr atrás de guri”, conta aos risos.
Dona Brasília afirma que fazer parte do movimento ajudou-a na criação de seus três filhos. “Meus filhos são todos formados, todos tranquilos, foram escoteiros, a vida deles foi no movimento escoteiro e eu tenho certeza de que esse movimento tem uma disciplina que você não acha em outro lugar e ajuda as mães na criação, na formação dos filhos, e é por isso que eu luto pelo grupo, eu tento passar para as pessoas o que foi passado para mim”, declara.
As alegrias e realizações desse fiel escoteira não param por aí, já que hoje ela pode ver seus netos, sua terceira geração, participando do movimento. “É uma felicidade que não tem tamanho, você não tem ideia, é muito bom, muito maravilhoso ver eles lá fazendo promessa e correndo atrás, é muito bom”, finaliza emocionada.
Voluntariado
O movimento escoteiro, ou escotismo como também é conhecido, conta com o apoio de adultos voluntários que buscam contribuir para o desenvolvimento de pessoas e de um mundo melhor. A partir dos 18 anos, qualquer pessoa pode atuar como voluntário em um grupo escoteiro, sem limite máximo de idade. Para isso, basta ter disponibilidade aos sábados, dia de funcionamento da maioria dos grupos, dedicar-se ao preparo das atividades, adorar o contato com a natureza, crianças, adolescentes, jovens e compartilhar de todos os princípios e valores.
“No movimento escoteiro nada é obrigatório, tudo é voluntário, então se você assumiu a responsabilidade de tomar conta de uma equipe, de uma criança, ou de um grupo, você tem um compromisso com essas pessoas. Todos os voluntários que entrarem são treinados, passam por cursos para que eles se aprimorem e aprendam”, explica.
(Texto: Bruna Marques)