Grande Rio é campeã do Carnaval carioca e leva o 1º título de sua história

Foto: Eduardo Anizelli/ Folhapress
Foto: Eduardo Anizelli/ Folhapress

O jejum de 34 anos chegou ao fim. Com enredo sobre o orixá Exú, a Acadêmicos do Grande Rio se sagrou campeã do Carnaval carioca e conquistou o primeiro título de sua história.

No último Carnaval, em 2020, a escola chegou muito perto do título, mas perdeu para a Viradouro nos critérios de desempate.

Dessa vez, porém, não teve quem parasse a escola de Caxias e a agremiação se tornou a grande campeã do Carnaval com um desfile considerado impecável.

Penúltima escola a entrar na avenida, a Grande Rio veio disposta a celebrar a potência de Exú e subverter a crença segundo a qual o orixá seria uma figura maligna, visão que é fruto da intolerância religiosa.

O que se viu na Marquês de Sapucaí foi um cortejo exuberante e cheio de simbolismo. A escola surpreendeu já na comissão de frente, que trazia como destaque o ator Demerson D’alvaro personificando Exú.

Na avenida, o artista se agarrava a um grande globo vermelho -representando a Terra- no qual havia quatro oferendas. Ao chegar ao topo, Exú se deliciava com os alimentos e gargalhava a plenos pulmões.

Especialistas e foliões rasgaram elogios à comissão de frente e à atuação de Demerson, considerada cheia de vigor e energia, como pede o orixá.

Batizada de “Câmbio, Exu”, a comissão faz referência à Estamira, catadora de lixo que protagonizou um documentário que leva seu nome. No filme, ela usava um telefone para se comunicar com Exú e abria as conversas com a frase “Câmbio, Exú. Fala Majeté”. Daí surgiu o nome do enredo deste ano, intitulado “Fala Majeté! Sete Chaves de Exú”.

No sambódromo, havia Exu Caboclo, Exu Mirim, Exu feito Santo Antônio, Exu Bossa Nova, Exu Macunaíma. Embora fossem muitas, essas representações tinham em comum o tom vibrante e festivo que o Carnaval e o próprio Exú simbolizam.

Rainha de bateria da Grande Rio, a atriz Paolla Oliveira encantou o público com fantasia inspirada na Pombagira, espécie de Exu feminino, entidade transgressora e insubmissa. Ao longo da avenida, Paolla se curvava para trás e ria como a Pombagira.

“Exu fala sobre potência, sobre comunicação, sobre tirar os conceitos que temos sobre determinadas coisas, abrir o coração, as mentes, para abrir os caminhos em volta”, disse a atriz, ainda na concentração. “Tem festa, tem cultura, mas tem um pouco de crítica e política também”.

O desfile da Grande Rio reflete em larga medida o tom do Carnaval deste ano no Sambódromo, que foi pautado pela temática social. É o caso da Portela, do Salgueiro, da Beija-Flor e do Paraíso do Tuiuti, que homenagearam as populações negras.

Com informações da Folhapress. 

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