Peça é inspirada em sentimentos despertados durante a pandemia
Por Marcelo Rezende – Jornal O Estado do MS
Medo, existência, política, futuro, amor. Que tipos de pensamentos e sentimentos a pandemia e o isolamento social despertaram em nós? Em cena, no espetáculo “Seco”, os atores do grupo de teatro Fulano di Tal refletem sobre a vida, trazem à tona pensamentos, sentimentos, angústias, alegrias, dores, descobertas, questionamentos, amor; recortes do que vivemos nos últimos dois anos. A nova temporada da peça acontece a partir de hoje até o sábado (10), sempre às 19h30, no Sesc Cultura, na Avenida Afonso Pena, 2.270, Centro. A entrada é gratuita, com ingressos distribuídos 1h antes de cada sessão.
A dramaturgia da peça surgiu a partir de um diálogo em um grupo de WhatsApp. Os atores Edner Gustavo e Bruna Neto foram provocados pelo diretor Marcelo Leite a conversarem sobre seus afetos durante o isolamento social. A partir desses fragmentos da realidade vivida por cada um surgiu uma dramaturgia de urgências.
“‘Seco’ nasceu como um processo cênico, uma necessidade de investigarmos modos de se fazer e pensar o teatro, buscando romper com as organizações e trabalhos que realizamos em nossos 19 anos de trajetória. A experiência é a exposição de um processo cênico colaborativo que nós artistas criadores do Grupo Fulano di Tal vivemos”, destaca Marcelo Leite, diretor do grupo.
É silencioso dizer coisas que não podem ser ditas. Mas eu falo. Eu grito. A obsessão por um vizinho. Telefonemas estranhos com mensagens de amor. Desejo pela liberdade. Um amor que queima. O medo de mudar. Seco. Em cena, dois seres discutindo afetos, dores, alegrias, passam pelo amor, pelo ódio e pela guerra. Os atores entram em cena como intérpretes de si mesmos, do outro, de nós, com uma performance urgente e sensível sobre o momento que vivemos, sobre a vida.
O espetáculo “Seco” questiona o agora. Reflete com o corpo e a palavra a realidade que já está posta e a possibilidade da mudança, de se alcançar outros lugares. Quando a palavra não é suficiente o corpo grita o que não pode ser dito. A performance dos atores busca esse grito para além da palavra.
“A peça vem com essa nossa vontade de falar sobre esse momento que todos nós passamos e que ainda estamos passando, a pandemia, o isolamento social. O medo de pegar o vírus, o medo de morrer, as angústias, as descobertas, o valor que damos a nossa vida. Entramos em cena como intérpretes de nós mesmos, não entramos para fazer personagens, retratamos o que passamos, são textos que nos representam e que comunicam com muita gente. Ao falar dos nossos sentimentos, estamos falando por muitas pessoas, que também passaram pelas mesmas questões. O espetáculo é uma experiência visual, sonora, tem várias músicas que também nos representaram durante a pandemia, que ficaram em alta e que falam criticamente sobre esse momento”, finaliza o ator Edner Gustavo.
O espetáculo tem como artistas criadores Bruna Neto (colaboração, dramaturgia e encenação), Douglas Caetano (ator criador e encenação), Edner Gustavo (ator criador, encenação, dramaturgia e produção) e Marcelo Leite (encenação, direção e produção).
SERVIÇO: O espetáculo “Seco”, do grupo de teatro Fulano di Tal, será apresentado de hoje (8) até sábado (10), sempre às 19h30 no Sesc Cultura, que fica na Avenida Afonso Pena, 2.270 – Centro. A classificação indicativa é de 14 anos.
Mais informações pelo Facebook, Instagram ou pelo telefone/ WhatsApp (67) 98111-4177.
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