Fotojornalistas do Jornal O Estado destacam a importância das imagens e o impacto de seus trabalhos na celebração do aniversário do veículo de comunicação

Nilson Figueiredo, Marcos Maluf e Valentim Manieri - Foto: arquivo pessoal
Nilson Figueiredo, Marcos Maluf e Valentim Manieri - Foto: arquivo pessoal

Entre palavras, dados e gráficos, a imagem se destaca como um elemento essencial para uma matéria jornalística. Algo que aprendemos logo no início de um curso de jornalismo é que, por trás de cada foto, há um fotojornalista disposto a arriscar tudo para capturar a essência da notícia. Seu objetivo é garantir que a informação chegue até você, leitor, com a máxima qualidade e eficiência possíveis.

O fotojornalismo do Jornal O Estado de Mato Grosso do Sul é profundamente voltado para o cotidiano, captando imagens que retratam o dia a dia das pessoas, das ruas, da arte, da economia e dos altos palanques da política. No entanto, por trás de cada foto, é possível identificar um estilo único, característico de cada profissional. Nilson Figueiredo, Marcos Maluf e Valentin Manieri são nomes que fizeram e continuam fazendo parte da história do fotojornalismo na redação do jornal.

Neste ano, em comemoração aos 22 anos do Jornal O Estado, a redação destaca o trabalho dos fotojornalistas que passaram e ainda fazem parte da equipe. Esta edição revisita o cotidiano das redações, onde, a cada reunião de pauta, é definida a matéria que vai mobilizar esses profissionais para capturar os momentos que trazem a notícia à vida.

Nilson “Figas” Figueiredo

Nilson Figueiredo e Marcos Maluf são os fotojornalistas atuais da redação do Jornal O Estado. Embora Nilson já pudesse estar aposentado, sua paixão pela fotografia e a necessidade de complementar sua renda o mantêm ativo. Com mais de 45 anos de experiência, Nilson dedica a maior parte do seu dia à profissão, atuando nas redações e também registrando eventos e exposições.

Motociata do ex-presidente, Jair Bolsonaro, em Campo Grande – Foto: Nilson Figueiredo

Ao longo de sua carreira, trabalhou em diversos veículos, como O Palanque, Correio do Estado, Folha de Campo Grande e Primeira Hora, além de ter sido fotógrafo do governo Marcelo Miranda e do prefeito Lúdio Coelho. Embora tenha demorado a adotar a fotografia digital, Nilson reconhece hoje a grande contribuição dessa evolução para o fotojornalismo. Em 2018, o fotógrafo entrou no jornal após uma falta de profissionais na redação. Na época, Valentim o convidou para integrar a equipe de fotógrafos. Ele aceitou o convite e segue no jornal até hoje.

“A principal diferença que percebo é a evolução tecnológica, desde as câmeras analógicas até as digitais e outras inovações atuais. Além disso, no início da minha carreira, havia muitos mais jornais impressos, como em Campo Grande nos anos 70 e 80, com 17 jornais, enquanto no Rio de Janeiro eram apenas 3. Hoje, a quantidade de jornais impressos diminuiu, mas nos adaptamos a essa mudança”, destaca Nilson para a reportagem.

Foto: Nilson Figueiredo

Para Nilson, trabalhar no jornal é motivo de grande orgulho. Ele se sente satisfeito por contribuir com sua experiência para a história da publicação, reconhecendo a importância de sua trajetória ao longo dos anos. “Participar da celebração dos marcos do jornal é uma oportunidade de celebrar não apenas o tempo dedicado ao trabalho, mas também o crescimento da instituição e a evolução da comunicação em Campo Grande, refletindo a transformação que o jornal vivenciou ao longo do tempo e seu impacto na cidade”, relata.

Marcos Maluf

Marcos Maluf é um fotojornalista graduado em Jornalismo pela Uniderp, com início na fotografia em 2015 como freelancer no site MS Notícias. Sua trajetória o levou a trabalhar no jornal O Estado em 2017 e, em 2018, no portal Campo Grande News. Ao longo de sua carreira, Maluf conquistou diversos prêmios, incluindo o Prêmio MS Industrial de Jornalismo 2021, o 11º Prêmio Águas Guariroba de Jornalismo Ambiental 2022 e o Prêmio Jornalismo Empreendedor do Sebrae Nacional 2022, todos na categoria Fotojornalismo. Maluf começou no jornal O Estado como estagiário, mas rapidamente migrou para o fotojornalismo. Depois de um período afastado para se dedicar à faculdade, ele retornou em 2022. Ele acredita que não existe uma “receita” para fazer uma foto premiada, mas que a dedicação e o comprometimento com a fotografia trazem retorno, positivo ou negativo.

Chegada de água potável na Aldeia Água Bonita – Foto: Marcos Maluf

“A fotografia é uma via de mão dupla com uma rotatória no final. Se você dedica seu comprometimento de corpo e alma e respira ela (fotografia), tudo volta para você, coisas boas e ruins; eu sinto muita gratidão a cada “click”, eu desejei muito isso tudo”, destaca para a reportagem.Ao ser questionado sobre o legado de um fotojornalista de jornal impresso, Marcos Maluf afirmou: “Muita história, reflexão e uma pitada de protesto contemporâneo. Fotografia é a grande ferramenta para um mundo melhor, e acredito muito nisso”. Maluf vê o fotojornalismo como uma forma de provocar debates essenciais para a sociedade e acredita no impacto que uma imagem pode ter na construção de um mundo melhor.

Em relação às críticas, ele admite que no início se sentia mal, mas hoje entende que são uma questão de ponto de vista e que são essenciais para refletir sobre o caminho que está trilhando. “Hoje eu tenho pleno entendimento que as críticas são uma questão de ponto de vista e opinião sendo fundamentais para refletir o caminho que estamos trilhando. Ouço todas”, explica.

Desigualdade social – Foto: Marcos Maluf

Quando questionado sobre seus planos para o futuro do fotojornalismo, Maluf responde com um olhar visionário: “Nossa geração tem a missão de ressignificar a profissão”. Ele se sente grato por ter vivido a transição do fotojornalismo impresso para o digital e acredita que sua geração está fazendo história, refletindo a importância real da fotografia e videografia. A experiência no O Estado foi fundamental para sua carreira. Ele se orgulha de ter começado no jornal impresso, algo que considera uma oportunidade única. Para Maluf, o jornal foi sua “graduação e pós-graduação” na história da fotografia, onde ele teve a chance de aprender com fotojornalistas que sempre admirou, como Figueiredo e Saul.

“É como se eu pegasse um pouquinho da sabedoria de cada fotojornalista que já passou por aqui, muitos ou sou fã de carteirinha: Figueiredo, Saul, são pessoas que eu admirava pela assinatura em cada foto enquanto criança. Agora faço parte disso!”. Por fim, seu concelho para os iniciantes na área é simples, mas profundo; “Todo conselho é válido; os técnicos, emocionais e pessoais, isso já tem muita gente pregando, mas o mais importante sem dúvida é a humildade, ela com certeza é um carro de combustível infinito e inquebrável”; finaliza.

Valentim Manieri

Valentim Manieri é um fotojornalista com mais de 40 anos de experiência, tendo iniciado sua trajetória na década de 80. Ao longo de sua carreira, trabalhou em importantes veículos de comunicação, como a Gazeta do Povo e o Jornal de Londrina, ambos no Paraná, e, após se mudar para Campo Grande, passou pelo Diário do Pantanal e O Estado, onde atuou por cerca de 6 e 5 anos, respectivamente, somando um total de aproximadamente 11 anos em redações. Ele ressalta que, para ser um bom fotojornalista, é fundamental ter ética, olhar atento para as situações e um compromisso em entregar sempre a melhor fotografia, o mais rápido possível. Manieri também acredita que muitas das melhores pautas surgem quando jornalistas e fotojornalistas se reúnem após o expediente, no famoso “buteco”, onde as conversas informais frequentemente geram informações valiosos. “Tem que ter ética para contar histórias através de uma imagem, tem que ter o olhar atento a situações e entregar sempre a melhor fotografia e comprometimento para entregar o material o mais rápido possível”, destaca Valentim para a reportagem.

Araras azuis – Foto: Valentim Manieri

Entre suas influências, o profissional cita grandes nomes da fotografia como Henri Cartier-Bresson, Sebastião Salgado e Bob Wolfenson, cujas obras ajudaram a moldar sua visão sobre o fotojornalismo. Manieri, por exemplo, teve a oportunidade de cobrir as manifestações durante as eleições, capturando imagens poderosas em frente aos quartéis situações que, para ele, geraram algumas das fotos mais impactantes de sua carreira.

Foto: Valentim Manieri

O fotojornalismo está, de fato, nas veias de Valentim Manieri. Ele sente uma grande nostalgia do tempo em que trabalhava com filme fotográfico e revelava suas próprias imagens no laboratório, uma época que considera extremamente rica na construção de cada fotografia. Para ele, o verdadeiro sentido da profissão vai além de simplesmente capturar o que se vê: “Fotojornalismo não é fotografar o que você vê, é fotografar o que você sente”, afirma. Com sua experiência e dedicação, Valentim Manieri continua a contar histórias através de imagens, sempre com paixão e comprometimento, elementos essenciais para quem vive e respira o fotojornalismo.

 

Amanda Ferreira e Marcelo Rezende

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