Fãs sul-mato-grossenses realizam sonho e assistem shows do RBD, no Brasil 

Foto: Reprodução/Redes sociais
Foto: Reprodução/Redes sociais

A turnê do grupo mexicano RBD chegou ao fim no Brasil, no dia 20 de novembro, e deixou como saldo números expressivos. De acordo com a organização, no Brasil o quinteto se apresentou para 440 mil espectadores em oito shows, dois no Rio de Janeiro e seis em São Paulo. O grupo foi formado na novela Rebelde, produzida pela emissora mexicana Televisa entre 2004 e 2006, conquistando milhares de fãs em toda a América Latina. No Brasil, a novela foi exibida pelo SBT, entre agosto de 2005 e dezembro de 2006.  

A banda chegou ao fim em 2009, para a tristeza dos fãs! Mas eles se mantiveram fieis e continuaram acompanhando a carreira solo dos integrantes do RBD, sempre com a esperança de que acontecesse um reencontro. Em 19 de dezembro de 2022, o sonho dos fãs se tornou realidade com o anúncio da Soy Rebelde Tour, a turnê do grupo, 15 anos após seu término. Mesmo com a ausência de Alfonso Herrera, que optou por não participar do projeto, Anahí, Dulce Maria, Maite Perroni, Christian Chávez e Christopher Uckermann arrumaram as malas e partiram para a tour.

Como no Brasil as apresentações do grupo foram em apenas duas cidades, a maioria dos fãs precisaram se organizar para, finalmente, realizarem o sonho de assistirem aos shows do grupo mexicano. O jornal O Estado vai contar a história de cinco fãs de Mato Grosso do Sul que realizaram o sonho de adolescência e conseguiram ver o RBD de pertinho. Confira!

Kamila Alcântara.|Foto: Arquivo pessoal.

Kamila Alcântara, 28 anos, jornalista – Campo Grande

Show no Engenhão -RJ 

Kamila conheceu o RBD quando tinha 12 anos, por meio de sua amiga. A jornalista conta que sua amiga colocou um DVD da banda, ela gostou das músicas e nunca mais parou de ouvir. Kamila não pode ir aos shows que o RBD fez no Brasil, no auge do sucesso, por motivos financeiros e logísticos. A única opção era acompanhar tudo pela tv. Os anos se passaram, o grupo terminou, mas o amor de fã não foi abalado. Kamila continuou fiel aos integrantes do RBD e sempre esteve atenta às notícias, principalmente às especulações de uma possível volta. Quando soube do anúncio da Soy Rebelde Tour, a jornalista se emocionou e sabia que aquela era a oportunidade de realizar seu sonho de adolescência.

Kamila e a amiga conseguiram comprar os ingressos nos primeiros 40 minutos de venda, quase um milagre, tendo em vista a alta quantidade de acessos ao site da organizadora do evento. Era a concretização de um sonho! Nas semanas seguintes as amigas providenciaram os demais detalhes como, passagens aéreas e hospedagem. Apesar de passarem por transtornos como a mudança da data do show, problemas com remarcação de passagens e até com a hospedagem quando já estavam no Rio de Janeiro, a jornalista avalia positivamente a experiência, tanto do show quanto de conhecer outra cidade e suas peculiaridades.

“Entendo como um ciclo encerrado, não que eu vá deixar de ouvir as músicas do RBD, isso jamais. Mas concluo essa experiência com o sentimento de ter realizado um sonho que era impossível. Mas agora sei que posso realizar outros sonhos, porque sei que tenho força e organização para isso,. É um marco! E como diz em uma das músicas do RBD, “Não pare nunca de sonhar!” 

 

Priscila Oliveira.|Foto: Arquivo pessoal.

Priscila Oliveira, 27 anos, fisioterapeuta – Campo Grande

Shows Allianz Parque – SP

Um show era pouco para Priscila e sua irmã cantarem os sucessos do RBD, então, as duas assistiram a dois shows do grupo, na Capital paulista. As irmãs tinham comprado ingressos para um dos shows no Rio de Janeiro, mas alguns meses depois, com a venda de um novo lote de ingressos para São Paulo, elas optaram por mudar o destino e venderam seus ingressos do Rio de Janeiro.

A expectativa estava nas alturas! Priscila e sua irmã, assim como os outros fãs, se programaram financeiramente e em seus empregos, durante todo o ano para a tão sonhada viagem. No primeiro show, dia 17 de novembro, Anahí não conseguiu finalizar sua apresentação, por motivos de saúde, fato que preocupou os fãs que temeram pela possibilidade da artista não conseguir se apresentar nos shows restantes da tour, no Brasil. Mas no show que encerrou a passagem da banda pelo Brasil, a mexicana voltou com as energias renovadas e junto a seus companheiros, fez uma apresentação memorável, emocionando todo o público, com direito a homenagem à cantora Marília Mendonça, assumidamente fã da banda e que infelizmente morreu em um acidente aéreo em 2021, além de agradecimentos ao público brasileiro por tanto amor dedicado ao grupo.

“Assim que consegui comprar os ingressos, reservei a hospedagem e comprei as passagens aéreas, de forma parcelada, para que não pesasse no bolso e para não ter problemas na época do evento. Não acreditava que ainda seria possível ver o RBD reunido novamente, mas após a live que fizeram durante a pandemia, voltei a acreditar. Quando começaram os burburinhos, bateu aquela ansiedade e, determinei para eu mesma: Eu vou! No primeiro show que assisti, Anahí não conseguiu ficar até o fim da apresentação, era nítido que ela estava com muita dor e que estava ali para cumprir a agenda e pelos fãs, que esperaram o reencontro por 15 anos, ficaram o dia todo na fila, com calor, etc. Quando ela não voltou para as quatro últimas músicas , todos cantamos o mais alto que pudemos, os trechos que pertenciam a ela. E foi lindo! A experiência é indescritível! A Priscila de 15 anos atrás ficou extremamente feliz e a Priscila de hoje, muito realizada e emocionada”, afirmou a fisioterapeuta.

 

Aline Cardoso.| Foto: Arquivo pessoal.

Aline Cardoso, 27 anos – Três Lagoas 

Show no Engenhão -RJ 

A história de Aline com a banda mexicana começou quando sua irmã chegou em casa, dizendo que queria assistir a novela Rebelde e ela resolveu assistir para ver como era. No início não gostou, mas com o passar do tempo foi se apaixonando pela história dos estudantes do Elite Way School, escola onde a trama se passava. Desde então, Aline se interessa por tudo que diz respeito ao grupo. Apesar da tristeza com o fim da banda, Aline sempre sonhou em ter a oportunidade de assistir a uma apresentação do RBD, no Brasil. Com o anúncio da turnê, a três-lagoense ficou tão ansiosa que, assim que as datas dos shows foram anunciadas, reservou hotéis e avisou ao patrão que, em novembro, precisava tirar férias de qualquer modo, mesmo sem ter o ingresso.

Quando começaram as vendas dos ingressos, Aline ficou frustrada, porque não conseguiu comprar pelo site. Devido ao interesse dos fãs em trocar informações sobre a turnê, grupos de WhatsApp foram criados em todo o Brasil, e Aline participou de um deles, onde algumas pessoas estavam vendendo seus ingressos, devido a mudança da data dos shows do Rio de Janeiro. Foi nessa ocasião em que Aline e Priscila Oliveira se conheceram, conversaram e ela conseguiu o ingresso. “Mandei mensagem para a Priscila e disse que tinha interesse em ficar com o ingresso, mas precisava de alguns dias para fazer o pagamento. Ela foi compreensiva e esperou até o dia em que pude fazer o pagamento. Sou eternamente grata a ela!” Afirmou.

Aline finalizou ressaltando a satisfação em realizar esse sonho. “Se antes eu já era fã, agora tenho plena certeza de que escolhi ser fã da banda certa, porque o RBD sempre foi e sempre será a melhor banda do mundo pra mim. O show foi sensacional, cantamos, dançamos, gritamos e choramos juntos pelo mesmo propósito. Sem dúvidas, nunca vou esquecer do dia 10 de novembro de 2023, o melhor dia da minha vida! Dia em que realizei um sonho que todos falavam que nunca iria realizar. E como disse a Anahi: “Foi mágico, único y real”.

 

Caroliny Raiher.|Foto: Arquivo pessoal.

Caroliny Raiher, 31 anos, gerente de restaurante – Campo Grande

Show no Morumbi -SP

Caroliny Raiher, conta que assistia a novela escondida da mãe, que temia que ela e sua irmã acabassem ficando “rebeldes” como o nome da novela. Assistir a um show do RBD era algo inalcançável, então, ela se contentava em assistir a novela e ter produtos relacionados ao grupo, como cards e recortes de revistas. Quando anunciaram a tour, em janeiro de 2023, Caroliny acreditou que, finalmente, teria a chance de realizar esse sonho. A organização logística e financeira, ficaram em segundo plano, a partir de então, a expectativa pelo início das vendas dos ingressos, que aconteceria no mesmo mês, era maior.

Como a vida de fã nem sempre é fácil, começaram os perrengues. Caroliny só conseguiu comprar os ingressos, dela e de uma amiga, quando abriram datas extras. Em seguida, compraram as passagens aéreas de Campo Grande para São Paulo, mas no dia seguinte, os bilhetes foram cancelados pela companhia, o que as obrigou a encarar 18h de viagem de ônibus até a Capital paulista. Para finalizar, após o tão sonhado show, Carol e sua amiga se viram no meio da multidão, correndo em meio a um “arrastão”, onde felizmente, não tiveram seus pertences levados.

“Só de me lembrar fico emocionada. A experiência foi maravilhosa, não me arrependo de nada! É um misto de emoções espero que todos possam realizar seus sonhos de infância/juventude. Sinto que eu devia isso a minha criança interior. Foi tudo lindo, vou lembrar disso pra sempre. “Nadie nos creia pero lo logramos!” (Ninguém acreditou em nós, mas nós conseguimos” (trecho da música “Cerquita de Ti”). 

 

Aline Monteiro.|Foto: Arquivo pessoal.

Aline Monteiro, 30 anos, arquiteta – Campo Grande

Show no Engenhão -RJ 

Aline diz que quando soube do anúncio da tour, ficou muito feliz e a nostalgia foi inevitável. Mesmo sendo fã, a arquiteta não imaginou que depois de 15 anos, ficaria tão empolgada em realizar seu sonho de adolescente. O primeiro e mais importante passo era conseguir o ingresso. Com o objetivo alcançado, Aline e os amigos foram em busca de passagens aéreas e hospedagem, além de se organizarem nos empregos para deixarem tudo organizado para que pudessem viajar tranquilos.

Como imprevistos acontecem, a data do show foi alterada e, Aline e seus amigos precisaram comprar outras passagens e procurar nova hospedagem, porque as compras feitas anteriormente, não davam direito à mudança de datas para utilização ou reembolso. Na saída do show, que contou com 70 mil espectadores, enquanto estavam indo em direção ao metrô, Aline percebeu que sua bolsa havia sido aberta, mas felizmente, não teve nenhum pertence furtado, sorte que infelizmente, um de seus amigos não teve e acabou ficando sem o celular, em meio a multidão,  mesmo tomando todas as precauções. 

“Não me arrependo de nada, foi uma experiência que devia pra Aline do passado. Nunca tinha visto tantas pessoas juntas em um evento. Foi surreal ver a multidão vestida como os personagens da novela, felizes por estarem realizando um sonho, assim como eu. Imaginei que os shows lotaram, mas não tinha dimensão da magnitude. Hoje entendo o sentimento que faz com que as pessoas se emocionem em um show. Se você tem um sonho, lute para realizar! O sentimento de realização, de conseguir ter feito algo por você mesmo, é indescritível”, finaliza Aline.

A psicóloga Júlia Evana explica que na fase da adolescência, é muito importante para o indivíduo, encontrar pessoas com quem ele se identifique e, a partir disso, formar a sua própria identidade (senso de identidade). Outro aspecto importante dessa fase é sentir que não está sozinho e que pertence a um grupo (senso de pertencimento). Esses dois pontos são encontrados nas pessoas que o rodeiam e que o inspira, sejam elas do seu convívio diário ou não. Isso inclui os artistas e os famosos. 

Psicóloga Júlia Evana.|Foto: Arquivo pessoal.

“Os ídolos teens traduzem, por meio de seu trabalho, o que os adolescentes sentem, desejam e buscam, gerando senso de identidade e pertencimento. E isso o grupo RBD fez  brilhantemente! São pessoas que os inspiram profundamente e os acolhem como são e, muitas vezes, o adolescente encontra no seu ídolo a compreensão de si mesmo. Por isso, também os defendem com unhas e dentes, pois isso significa defender a si mesmo. Imagine você encontrando alguém que o compreende e que traduz o que você sente de mais profundo… Como não virar fã desse alguém?”, pontua a psicóloga.

Júlia ressaltou ainda que, o processo cerebral do adolescente possui aspectos próprios que o diferencia do cérebro da criança e do adulto. Um desses diferenciais é que as sensações internas são mais intensas e, viver intensamente é uma característica e também uma necessidade do adolescente, que serve para criar significado e vitalidade por toda a vida, marcando a nossa história. A psicóloga explica que na fase adulta, geralmente não nos permitimos vivenciar os sentimentos desta forma e, acontecem as alterações cerebrais que diminuem a intensidade que existe na adolescência, em maior ou menor grau, dependendo do estilo de vida e temperamento da pessoa. Mas o fato é que são fases diferentes. 

“O adolescente carrega uma intensidade e outras características que a criança e o adulto não carregam. Por isso, as memórias criadas nessa fase são muito marcantes e guardadas carinhosamente para sempre, como a pessoa cantando Rebelde interpretando a Mia, a Roberta ou a Lupita em seu quarto. É maravilhoso poder reviver no show e na expectativa dos dias que o antecedem, essas memórias e sensações tão significativas dessa fase. Saímos do modo adulto automático e nos conectamos com o brilho da adolescência que está guardado lá no fundo do nosso ser. Que saibamos aproveitar o que cada fase nos oferece, assim como atender as necessidades de cada uma delas, e que nossa criança e adolescente interior nos lembre do brilho de cada etapa da vida”, finalizou.

A próxima etapa da Soy Rebelde Tour será no México, onde a série de shows será encerrada no dia 21 de dezembro, no estádio Asteca, na Cidade do México, capital do país. Os fãs seguem esperançosos para que em 2024 o grupo mexicano faça uma nova tour e volte ao Brasil.

Foto: Divulgação

 

Confira as redes sociais do O Estado Online no Facebook e Instagram

1 thought on “Fãs sul-mato-grossenses realizam sonho e assistem shows do RBD, no Brasil ”

  1. Jecson Leo de Souza Araujo

    Ótima reportagem. Achei muito importante a fala da psicóloga Julia sobre a identidade da juventude, ser e pertencer, criar valores, construir sua identidade. Neste ponto está cada dia mais dificil uma identidade com os valores familiares. Muitas das bandas e grupos da atualidade estão demonstrando um vies de rebeldia, egoísmo e desdenho aos valores familiares básicos. Parabéns pela materia!!!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *