Exposição recria escritório de Manoel de Barros, com objetos pessoais e experiência interativa

A exposição promete uma experiência interativa que deve agradar jovens, adultos e crianças no espaço - Foto: Gabriela Dias/Divulgaçã
A exposição promete uma experiência interativa que deve agradar jovens, adultos e crianças no espaço - Foto: Gabriela Dias/Divulgaçã

Decoração, painel interativo e obras audiovisuais fazem parte do acervo

Desde um mísero lápis, até a sua máquina de escrever, a exposição ‘Manoel de Barros: Poesia para o Futuro’ recriará o escritório do poeta Manoel de Barros, com itens que pertenceram a ele, como cópias de suas cartas. Os visitantes poderão interagir com a exposição, por meio de obras audiovisuais, fotografias e um painel de poemas. A mostra começa hoje (30), no Espaço Energisa e se estenderá até o dia 15 de junho, das 8h às 17h.

A curadora e organizadora da exposição, Gabriela Dias, explicou que a mostra trará toda a atmosfera de Manoel de Barros para o espaço. “São vários objetos da vida do poeta, como o seu lápis, máquina de escrever, um dos seus caderninhos de bolso – produzido a mão pelo próprio poeta – entre outros itens da sua casa”. Quem for prestigiar a mostra, também poderá ter um momento de ‘escritor’. “Um dos painéis da exposição é um chamamento aos visitantes, cada um que passar por aqui terá a oportunidade de participar, escrever um poema e colar no painel. Acredito que, em tempos de inteligêncial artifical, o poeta renasce em cada palavra escrita por quem acredita nas coisas simples da vida”.

O local contará ainda com origamis de pássaros, borboletas e libélulas, animais sempre presentes nas obras de Manoel, que também receberá a visita de alunos de escolas públicas.

“É uma oportunidade também dos nossos jovens conhecerem esse espaço e conhecerem a obra do Manoel de Barros. Essa conexão com a natureza do nosso Estado que ele tinha, chama para que as pessoas possam também escrever poesias, se conectar com a literatura. E pensar um futuro com mais simplicidade, que era algo que o poeta fazia”, enfatiza Gabriela.

Foto: Gabriela Dias/Divulgação

Integração

Para a curadora, a associação entre o Espaço Energisa, ambiente de informação, tecnologia, que apresenta princípios da física e experimentação, com o poeta pantaneiro ligado à natureza, é propor um paralelo entre passado e futuro.

“É muito bom viver em um mundo em que temos tecnologia, em que estamos atravessando a era da inteligência artificial. Mas é possível não perder a essência, manter a natureza viva, preservar o meio ambiente. Quando colocamos um pedaço do Manoel ao lado desses elementos tecnológicos do espaço, mostramos que a convivência é possível — que tecnologia, natureza, meio ambiente e arte podem coexistir de forma harmônica, sendo parceiras nessa caminhada rumo ao futuro”, opina.

“Acredito que o Manoel vem justamente para isso. Além disso, todas as TVs do Espaço exibem as projeções apresentadas na Casa Quintal Manoel de Barros. Assim, o público também tem acesso imagético ao universo poético do Manoel, pensado originalmente para a Casa Quintal e agora levado, por um tempo, ao Espaço Energia. Temos, então, tecnologia e arte caminhando juntas para construir um olhar mais integrado sobre o futuro. Acho que essa é a palavra: integração”, complementa.

Para o Diretor Presidente da Energisa Mato Grosso do Sul, Paulo Roberto Santos “é uma honra abrir as portas para uma exposição tão importante, de um poeta como Manoel de Barros, que nos ensina, com delicadeza e profundidade a enxergar beleza no simples, a valorizar o olhar curioso e a cultivar a criatividade e a sensibilidade como formas de aprender e crescer”, comenta.

O curador da Casa Quintal Manoel de Barros, Ricardo Câmara, destaca que Manoel de Barros faz parte do ‘panteon’ de clássicos da poesia brasileira. “Como todo clássico, é atemporal e sempre atual. Cuidarmos desse nosso tesouro é proporcionar às novas gerações a oportunidade de vivenciar o ambiente do poeta e sua obra, com isso fortalecemos nossa identidade e nosso senso de pertencimento”, reflete.

Família

Com o auxílio da Casa Manoel de Barros, Gabriela teve acesso a depoimentos e pedidos da família do próprio poeta.

“Uma das pessoas que mais me ajudou na seleção dos objetos pessoais do Manoel de Barros foi a Raylla Mirela, uma das facilitadoras da Casa Manoel de Barros. Ela me recebeu com muito carinho e tem uma conexão muito próxima com o neto do Manoel, o Silvestre — com quem ela conversa bastante”, revelou.

“Ela me contou que, em uma dessas conversas, o Silvestre disse algo que a tocou muito: ‘Eu quero que as pessoas conheçam mais do que apenas a obra do meu avô. Quero que conheçam a família, a essência dessa história. Quero que conheçam a minha avó’. A partir disso, a Raylla começou a compartilhar várias descobertas comigo: contou que a comida favorita do Manoel era sopa, me mostrou as sopeiras da casa dele… Caminhamos pela casa, enquanto ela ia me contando histórias, e, nesse processo, fomos selecionando itens que fariam sentido para compor esse ambiente que chamamos de ‘escritório’ do Manoel”.

Para compor o ambiente, foi preciso encontrar móveis parecidos aos de Manoel, como a escrivaninha, além de se manter atento a paleta de cores.

“A Raylla trilhou essa jornada comigo, e juntas escolhemos alguns enfeites da casa, fotografias e outros elementos que iriam compor a exposição. Foi um trabalho em conjunto, feito com muito cuidado e afeto”, relembra.

A proposta de aproximar o público infantojuvenil da obra de Manoel de Barros é um dos pilares da mostra, que aposta em experiências sensoriais e afetivas para estimular a conexão com o universo do poeta. Um dos destaques nesse sentido é o Painel Interativo, idealizado após uma visita à Casa Quintal Manoel de Barros, espaço que abriga objetos e memórias do autor. “Lá havia um cantinho onde as crianças faziam desenhos inspirados nas obras do Manoel, e aquilo me tocou. Pensei: ‘Isso conversa com o que queremos trazer aqui, né?’ — essa possibilidade de as pessoas brincarem com a poesia e com os desenhos do Manoel”, conta a idealizadora da exposição.

Para criar essa ponte entre o poeta e os visitantes mais jovens, o espaço exibe desenhos do próprio Manoel, cópias de seus livros e cartas escritas por ele, cuidadosamente guardadas na chamada “gavetagem”. O objetivo, segundo a curadora, é proporcionar um mergulho íntimo no olhar do autor. “Deixamos esses elementos à disposição para que o público pudesse acessar esse olhar tão único que ele tinha sobre a vida. É uma forma de estimular a curiosidade, a imaginação e o afeto, valores que ele tanto prezava”, destaca.

A curadora acredita que esse contato lúdico com a obra de Manoel de Barros pode marcar profundamente crianças e jovens, plantando sementes de sensibilidade e pertencimento cultural. “Quando as pessoas chegassem ao painel das poesias, a ideia era que se permitissem pensar o mundo através das palavras, dos diálogos — algo que o Manoel nos deixou como herança. Ele nos ofereceu um ‘legado de palavras’ e também um ‘legado de mundo’, um jeito de enxergar a vida com mais humanidade, simplicidade e poesia”, resume.

Serviço

A exposição ‘Manoel de Barros: Poesia para o Futuro’ começa hoje (30), no Espaço Energisa, na Avenida Afonso Pena, 3901, de forma gratuita.

 

Por Carolina Rampi e Amanda Ferreira

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