Espaço Cultural do TCE abre nova exposição com nove entidades beneficentes de Campo Grande

Foto: Nilson Figueiredo
Foto: Nilson Figueiredo

Foi inaugurado na manhã de ontem (21), no Espaço Cultural TCE-MS (Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso do Sul), a ‘Exposição – Entidades Beneficentes’, com objetivo de promover a inclusão, e contemplar artistas de nove instituições beneficentes, com as mais diversas obras e expressões, que vão desde telas, fotografias, esculturas, entre outras.

O Espaço Cultural do TCE foi inaugurado no dia 25 de setembro de 2023, com objetivo de homenagear artistas representantes das múltiplas linguagens da arte que marcam a cultura sul-mato-grossense.

As instituições participantes desta edição são: AACC (Associação dos Amigos das Crianças com Câncer), AMA (Associação de Pais e Amigos dos Autistas), APAE (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais), Associação Amor pela Vida, Cidade dos Meninos, Educandário Getúlio Vargas, Associação Juliano Varela, Pestalozzi e Hospital São Julião.

Foto: Nilson Figueiredo

Durante a inauguração da instituição, o presidente do TCE, Gerson Domingos, ressaltou o compromisso do tribunal com a promoção da inclusão social.

“A inclusão social também é da nossa conta, temos que inverter os conceitos, buscar a sociedade e trazê-la para dentro do Tribunal, compartilhar, discutir e tentar achar saídas e soluções para melhorar a qualidade de vida das pessoas, principalmente as das intuições, que muitas vezes são esquecidas, e sem a oportunidade de mostrar que, verdadeiramente eles têm e podem ter igualdade em todos os sentidos dentro da nossa sociedade”, enfatizou.

O presidente ainda lembrou a participação de alunos da Associação Juliano Varela no Tribunal de Contas, onde prestam diversos serviços.

“A participação das crianças, oriundos da Escola Juliano Varela na cedência, não é um favor ou fazer uma caridade, em trazer 3 meninas e um menino com síndrome de Down. Muito pelo contrário, eles mostram um trabalho eficiente, e é um projeto que deveria ser copiado por outros órgãos do Governo Estado, instituições e secretarias, para ser possível entender e compreender, que não há ninguém diferente, é apenas algo diferente dentro da sua genética, mas nada que não possa oferecer à sociedade um bom trabalho, a sua integração e o reconhecimento que eles não têm de diferença nenhuma”, reforçou.

“É uma oportunidade de mostrar a sociedade lá fora que desconhece essas pessoas: ‘nós estamos aqui, nós existimos e nós temos que ter o respeito, o carinho e a consideração de toda a sociedade’. É um exemplo que nós estamos dando à sociedade que desconhece da importância dessas pessoas e nós nesse momento agora ofertamos a oportunidade de apresentar o seu trabalho”, finalizou Gerson Domingos.

Entidades Expositoras 

A responsável pela curadoria da exposição é a arquiteta, empreendedora de arte e doutora em design Selma Maria Rodrigues, a Seséu. “A exposição fica até dia 26 de julho e a intenção é mostrar o lado social do Tribunal, não é apenas a execução e sim o lado pedagógico, o lado social do Tribunal de Contas. Essa é a ideia principal”, disse em entrevista ao jornal O Estado.

“São entidades beneficentes que desenvolveram algum tipo de produto, artístico ou não, como uma maneira de estimular os seus alunos, pacientes, enfim. É como no caso do Educandário, eles trabalham com crianças pequenas, então não teria um produto que a gente poderia expor. Mas eles produzem biscoitos caseiros, e esse é produto deles, que está exposto aqui. A ideia é fazer as pessoas conhecerem as entidades, saber o que essa entidade promove, não somente a parte assistencial social, mas que também desenvolve a arte”, disse Seséu.

Para a co-fundadora e presidente de honra da Associação Juliano Varela, Maria Lúcia Fernandes, a arte mostrada na exposição mostra que não há barreiras para a expressão dos sentimentos, não importa de quem.

Foto: Nilson Figueiredo

“A arte é a forma mais genuína de expressão do ser humano, e independe do cromossomo a mais que a pessoa com síndrome de Down tem, do espectro que o autista esteja incluindo, ou da condição que a criança, idoso, enfim, todas as pessoas em vulnerabilidade social, se bem assistidas e oportunizadas, conseguem expressar através da arte seus sentimentos. E isso é lindo, gratificante, é realmente fazer a inclusão social. Vi nas peças expostas, me coloquei no lugar dos artistas, imaginei o sentimento de pertencimento de cada pessoa. Quero dizer a todas as associações: vamos continuar, porque esta valendo a pena a nossa luta”.

O coordenador de atividades complementares da APAE, Júlio César Sotano, explicou que cada trabalho é feito no prazo dos próprios alunos, em cima do objeto de interesse, conforme o processo de aprendizagem da instituição.

“A gente tentou trazer um pouco de cada momento importante que tivemos desde o ano interior até agora, com trabalhos mais recentes. Trouxemos um pouco sobre o pantanal, as negras, que trabalhamos durante o período da consciência negra, por exemplo.

Nossos alunos estão muito empolgados com a representatividade e a importância da pessoa com deficiência ter o seu lugar. Porque geralmente vemos apresentações de dança, teatro e música, mas a arte visual é muito limitada ainda. Você acompanhar todo o processo, deixar a criatividade dele é muito gratificante, e trazer esse trabalho para eles esta sendo ótimo”.

Em entrevista ao jornal O Estado, a presidente da Associação Amor pela Vida, Júlia Leite, que levou projetos artesanais, comentou sobre a importância tanto do projeto, quanto da exposição.

“Esse é um projeto em que trabalhamos com a melhor idade. Fazemos o projeto em que elas participam conosco e confeccionam artesanato para melhorar a depressão e a solidão. Elas têm um momento em que se encontram na instituição e confeccionam muitos artesanatos. É uma forma de ajudá-las e também de ajudar a instituição, ficamos muito felizes em contribuir. Nós também trabalhamos com a ideia de incentivar renda e tirar principalmente a depressão e a solidão como terapia ocupacional. Temos uma oficina com os idosos que envolve atividade física e artesanato. As oficinas de artesanato acontecem lá, nas quais elas se reúnem e fazem mantinhas que levamos para o hospital do câncer, como terapia”, explicou.

“É muito gratificante fazer parte da exposição porque é o sentimento de ser capaz de fazer algo que antes parecia difícil. Todos nós somos capazes, e ver a dedicação e a alegria delas em fazer parte disso é parte da família, amor pela vida. Cada um faz sua tarefa expressando amor pela vida delas e pelos outros que chegam lá”, finalizou.

Quem também participou da exposição foi as adolescentes Maria Eduarda Peralta e Maria Eduarda Santos, que expuseram fotografias confeccionadas como parte de atividades do projeto Cidade dos Meninos.

“Foi muito bom fazer parte da oficina, eu gostei bastante, foi bom para aprender mais sobre fotografia, para aprender a tirar fotos na horizontal, por exemplo. Agora quero fazer mais cursinhos de fotografia. A semana inteira eu fiquei nervosa, falei: ‘meu Deus, não chega logo’. Aí chegou aqui, vi a foto, falei: ‘Caraca’, fiquei toda nervosa assim”, disse Peralta.

“Desde que conheci o professor Aurélio, ele me explicava muito sobre isso [fotografia], e a gente ficou animado com a possibilidade de abrir um curso. E desde sempre tive muito interesse e acabei que até quero seguir carreira mesmo. O Aurélio me incentivou muito, então foi algo que descobri, que era um hobby que pode virar profissão. É uma oportunidade de tentar fazer algo. É minha primeira exposição, querendo ou não, pode ser a primeira de várias, de muitas. Então, está sendo bastante significativo para mim”, reforçou Maria Eduarda Santos.

Por Carolina Rampi 

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