Em isolamento, Delinha comemora aniversário com live ao vivo

Delinha
Foto: Divulgação/ Redes sociais

Embaixadora da cultura de Campo Grande, Delinha completou 85 anos de idade nessa terça-feira (7). A “Dama do Rasqueado” enfrentou a pandemia como deve, recolhida em casa, e por algumas vezes realizou shows virtuais, entre eles o de comemoração do seu aniversário, realizado no dia 6 deste mês. Dona de um humor único e afetivo, Delinha conta que aos 85 anos viveu muitas coisas boas e que hoje deixa os sonhos para a juventude e que a maturidade a ensinou a ter os pés no chão.

“Com essa idade não tem sonho mais não, restam algumas vontades é claro, mas já tenho a cabeça no lugar e consigo perceber o que dá certo e o que não dá. Alguns sonhos nos deixam decepcionados, e essa não é mais idade para isso”, diz.

Em março, a cantora sofreu um acidente doméstico e precisou ser internada para realizar alguns exames e ficar em observação durante um período. Ela conta que caiu no banheiro de casa logo após o almoço. “Eu não me machuquei, não bati a cabeça nem nada. Meu filho estava dormindo e eu fiquei no chão esperando. Quando ele percebeu e foi me pegar eu acabei desmaiando. Não sei qual foi o motivo. Não vi Samu nem nada chegar”, conta.

Isolamento social

O acidente aconteceu em um momento crítico da pandemia da COVID-19, quando a cantora havia tomado ainda a primeira dose do imunizante contra o coronavírus, hoje ela espera a terceira dose, que está agendada para os próximos dias. “Não tive nenhuma reação com as outras duas primeiras doses que eu tomei; vamos ver agora com a terceira que devo tomar por esses dias. Não sou muito de sair, então a pandemia acabou não atrapalhando passeios, mas me afastou do palco, né.”

Delinha conta que esse período de pandemia tem sido difícil, principalmente pela necessidade de se manter afastada das pessoas. “A gente vai meio que desistindo de fazer as coisas, de vez em quando vejo meu neto e isso é vida, me sinto muito melhor. Mas fico só aqui na minha casinha, limpando as coisas, arrumando tudo.”

Retorno aos palcos

A cantora e compositora se dedicou mais de seis décadas à música e boa parte do tempo passou com seu parceiro Délio. Ela tem a maior discografia entre os músicos de Mato Grosso do Sul, com 19 álbuns e 2 DVDS gravados. Mesmo depois de viúva, Delinha continuou interpretando canções que fizeram sucesso e retratam a cultura sul-matogrossense, passando a dividir o palco com amigos e filho.

Sua carreira se iniciou ainda na década de 50 e incontáveis shows foram realizados. Durante o período de pandemia, assim como muitos artistas, Delinha se adaptou ao digital e realizou cerca de seis lives. Quanto ao retorno aos palcos, a cantora prefere não se precipitar. “Quanto voltar aos palcos deixo nas mãos de Deus, que sabe sobre a vida. Não sei o dia de amanhã. Se der para voltar eu volto, mas se não der também tudo bem”, considera.

Sobre novas canções, Delinha disse que deve continuar interpretando as músicas antigas e que “a inspiração acabou, ficar só em casa míngua a inspiração, né. Eu só fico aqui na casinha, limpando, arrumando, não consigo pensar em nada mais”.

Questionada sobre o carinho dos fãs, a cantora se emociona e diz ser grata por tudo que seus ouvintes fizeram por ela. “Se eu pudesse, daria meu coração para meus fãs. Eu não tenho palavras para agradecer por tudo que fizeram pela dupla Délio e Delinha. Graças a Deus nunca tivemos problemas com as pessoas e por isso eu deixo um cheiro e um beijo para todos que estão comigo até hoje.”

A cantora diz que muita coisa boa aconteceu em sua vida e durante sua carreira, e que mesmo depois de ter ficado viúva continuou se sentindo acolhida pelos fãs, que sempre estiveram junto dela. Em agradecimento, ela publicou em sua página no Facebook: “Quero agradecer todo carinho recebido em meu aniversário. Significa muito para mim que tenham lembrado e ocupado um minuto de suas vidas para fazer o meu dia mais feliz”.

A mulher que carrega o título de “Dama do Rasqueado” diz que na idade em que está sente saudades, mas que não é tempo de sofrer por isso. “Tenho tantas boas recordações que não dá para escolher uma mais importante ou melhor que a outra. Lembro da minha infância nessa velha casinha, a que cheguei quando tinha apenas 8 anos de idade. Lembro dos meus pais, tios, da minha família, mas não adianta ficar com saudade, que tem hora que doi”, finaliza.

Hoje a cantora vende a coletânea completa dos discos da dupla Délio e Delinha em Campo Grande e no interior do Estado. (Texto: Beatriz Magalhães)

Leia matérias do caderno impresso.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *