Dia do Paleontólogo mostra a importância dos estudos dos fósseis em Mato Grosso do Sul.

Professora de Geologia e Paleontologia, Edna Maria Facincani é a responsável pelo laboratório da UFMS - Foto: Nilson Figueiredo
Professora de Geologia e Paleontologia, Edna Maria Facincani é a responsável pelo laboratório da UFMS - Foto: Nilson Figueiredo

Laboratório da UFMS conta com vasto acervo de material encontrado e pesquisado no Estado

Conhecer e identificar a evolução da vida e a presença das mais diversas espécies, seja de animais ou plantas, que passaram pelo nosso planeta, é uma das curiosidades do ser humano. E há um grupo específico responsável por realizar esse tipo de pesquisa e trazer luz ao nosso passado: os paleontólogos. O dia 7 de março foi escolhido no Brasil para celebrar esses cientistas, que se dedicam a estudar fósseis de animais e de seres vivos.

A data de comemoração do Dia do Paleontólogo faz referência a fundação da SBP (Sociedade Brasileira de Paleontologia), que foi fundada em 7 de março de 1958, com sede na cidade do Rio de Janeiro–RJ. Esse ramo da ciência é responsável pelo estudo dos fósseis que, conforme o Serviço Geológico do Brasil (CPRM) são “restos ou vestígios de animais e vegetais preservados em rochas”, como ossos, dentes, escamas, troncos e até mesmo simples pegadas podem dizer muito sobre o passado no planeta.

A professora de Geologia e Paleontologia da Faculdade de Engenharias, Arquitetura e Urbanismo e Geografia (Faeng), da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), Edna Maria Facincani, explicou ao jornal O Estado, que durante muitos anos, os indícios paleológicos não foram estudados. “Eu criei o laboratório de paleontologia em 2020, antes não existia. Agora, estou trabalhando de uma forma muito intensa, não só na coleta, mas em todo o processo de tombamento do material fossilífero do Mato Grosso do Sul, porque até então não ficava no Estado, era distribuído em outras instituições, principalmente na região Sudeste do Brasil, como São Paulo e Rio de Janeiro”.

Foto: Nilson Figueiredo

Com a criação do Laboratório de Geologia e Paleontologia da UFMS, do qual a professora Edna é responsável, os materiais das descobertas da paleontologia sul-mato-grossense voltaram para seu território de origem. Segundo ela, o estudo na área paleontológica em MS é fundamental para o entendimento da evolução da vida. “É um ramo que está iniciando agora e essencial para qualificar alunos das ciências biológicas, ciências exatas, para o entendimento do processo evolutivo, da vida no nosso estado, que carece de estudos”, ressalta.

O Laboratório recebe todo o material paleontológico do Estado, onde o item passará por um estudo e poderá ser tombado e catalogado. Entretanto, ela relata que um dos desafios da paleontologia é a falta de uma oficialização da profissão. “Não existe o profissional paleontólogo, então um dos desafios é garantir, junto a lei, as exigências para a profissão, como atuante da área”.

Ainda segundo a especialista, o estado de Mato Grosso do Sul é muito voltado para os aspectos da mineração, em locais como: Corumbá, Bodoquena, Bonito e Rio Verde de Mato Grosso, onde há sítios paleontológicos reconhecidos. “A região de Nioaque é marcada pelas pegadas dos dinossauros; a região de Rio Verde é marcada pela presença dos invertebrados, de mais de 400 milhões de anos; já a região da Serra da Bodoquena conta com a presença dos mamíferos extintos da região”, explica a professora.

Além disso, a paleontologia irá se relacionar com diversos outros campos de estudo como a geologia, biologia, química, física e até mesmo estatística. A professora acredita que a melhor forma de divulgar o conhecimento da paleontologia, é levar os estudos para dentro das escolas. “É preciso levar esse conhecimento para alunos de ensino fundamental e médio, apresentações e exposições do material na Casa da Ciência, aqui na UFMS, para a sociedade, porque a partir do momento em que eles tem contato, podem identificar e trazer esse material paleontológico para nós, como foi no caso de um funcionário de uma fazenda de Corumbá, que achou um fóssil de uma preguiça gigante e hoje temos um sítio paleontológico na região”.

O material está sempre disponível para visitação no Laboratório de Geologia e Paleontologia da UFMS. Escolas podem visitar o local por meio de projetos de extensão, entrando em contato com a coordenação da Faeng, por meio do telefone 3345-7452.

Arqueologia e Paleontologia
A Paleontologia pode ser uma ciência muito confundida com a Arqueologia, principalmente por sua semelhança nos métodos de trabalho, como, por exemplo, as escavações. Enquanto na arqueologia os pesquisadores analisam objetos e materiais produzidos pelos seres humanos, a paleontologia irá rastrear e descrever, plantas, microrganismos e fungos fossilizados, com objetivo de aprender sobre a evolução das espécies no planeta terra.

“A Paleontologia estuda os vestígios de seres vivos preservados desde o período da origem da vida na Terra até, “geralmente 10 mil anos atrás” com a suposta extinção da megafauna. Seus estudos incluem a análise de vestígios botânicos, zoológicos, e muito raramente (muito mesmo) de outros tipos de seres vivo caso estes estiverem bem preservados. Outro tipo de vestígio estudado são os icnofósseis, que são os vestígios preservados de atividades dos organismos, como pegadas fossilizadas”, explica a Profª Drª Lia Brambilla, arqueóloga e Diretora de Popularização da Ciência da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), em entrevista ao jornal O Estado.

Já na Arqueologia, o foco dos estudos são os artefatos históricos, de qualquer lugar ou período, relacionados à existência humana. “Os vestígios analisados pela Arqueologia vão desde ossos (às vezes até fósseis) humanos ou animais (desde que relacionados às atividades humanas), sepultamentos, instrumentos de pedra polida e lascada, utensílios cerâmicos, artefatos de madeira (raramente preservados), estruturas de fogueira, representações rupestres, estruturas de moradia (naturais ou construídas), vestígios botânicos (desde que relacionados às atividades humanas)”, complementa a professora.

MuArq
Para quem busca aprender mais sobre o tema, e deseja ver ‘com os próprios olhos’ os itens já descobertos e analisados em Mato Grosso do Sul, o Museu de Arqueologia (MuArq) da UFMS conta com a Exposição de Longa Duração, onde o interessado poderá realizar um tour 360° dentro do museu e conferir peças, exposições e fotografias presentes nas mostras.

O museu também conta com visitas guiadas, principalmente para estudantes de escolas públicas e privadas, universidades e projetos sociais, como por exemplo, a APAE (Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais).

Foto: Nilson Figueiredo

Conforme a responsável técnica do MuArq e mestre em antropologia, Laura Roseli Pael Duarte, durante os meses de março e abril são os que mais recebem visitas de escolas. “Esses meses agora, nós recebemos muitas escolas municipais, privadas e estaduais e também dos municípios do interior, é a época em que a gente mais recebe escolas, porque no primeiro semestre os alunos, principalmente do 6º ano em diante, estudam a Pré-História. Então os professores aproveitam, e já trazem no museu nesse começo [de ano]”.

O agendamento para os passeios é feito pelo telefone (67) 3331-5751, de segunda a sexta-feira, das 07h30 às 11h30 e das 13h30 às 17h. “A gente tem um número de escolas que atendemos, uma no período matutino e outra no período vespertino, caso a escola atrase, aconteça algum imprevisto, então a gente deixa aquele período reservado para aquela escola. Passamos vídeos, eles percorrem a exposição, participam dos jogos e por último a escavação. Recomendamos no máximo 40 pessoas para que caibam no nosso auditório”, explica a responsável.

O Museu de Arqueologia da UFMS está situado no Memorial da Cultura Apolônio de Carvalho, 1º andar, na avenida Fernando Corrêa da Costa, 559, Centro.

 

Por Carolina Rampi 

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