De sorriso a sorriso, Fábio Rogério leva literatura sulmato-grossense ao Guarujá

Fábio Rogério divulga
a produção literária do
Estado doando livros no
Guarujá, e quer ir além (Foto: Marcos Maluf )
Fábio Rogério divulga a produção literária do Estado doando livros no Guarujá, e quer ir além (Foto: Marcos Maluf )

Quase 3 mil livros já foram doados por meio da iniciativa

Há uma frase que circula pela internet que diz: “Um sorriso vale mais do que mil palavras”. Mas para Fábio Rogério do Nascimento, de 61 anos, um sorriso vale um livro completo. Denominado como ‘mediador de leitura’, Nascimento é responsável por divulgar a produção literária de Mato Grosso do Sul pelas praias do Guarujá, em São Paulo, por meio do projeto ‘Sorria e Ganhe uma Poesia’.

Com o apoio da Life Editora e da Cruzeiro do Sul Transportes, ele presenteará a cidade paulista com um acervo de livros de autores sul-mato-grossenses. Em entrevista ao jornal O Estado, ele compartilhou o desejo de mostrar ao Guarujá como é a literatura de MS. “É uma literatura mais ligada a natureza, ao Pantanal. Nesse momento climático que o planeta passa, nada melhor do que divulgar esse tipo de literatura, que fala de coisas ligadas a natureza. E a população de São Paulo tem o conhecimento sobre, mas não do jeito que a gente pode levar, por meio dos livros”.

A distribuição de livros de forma gratuita é realizada por Nascimento há muito tempo, e começou aqui em Campo Grande, sendo que a ideia da distribuição surgiu após um sonho. “Eu recebi, em 1987, 400 exemplares do livro do Dr. Fábio Ribeiro Monteiro, já falecido, médico aqui da cidade. Ele falou, ‘Fábio, fiz mil livros, vou lhe doar 400. E eu não sabia o que fazer com esses livros. Aí numa noite eu tive um sonho de fazer uma plaquinha, ‘Dei um sorriso, ganhe um livro’. Assim, comecei a distribuir na Afonso Pena com a 14 de julho. Após esse início, o jornalista Jota Abussafi fez uma matéria sobre isso no programa dele, e não parei mais de receber livros, até perder a conta de quantos. Então fizemos a Geladeira Literária, a Prateleira Literária no Aeroporto Internacional de Campo Grande, e os livros foram não só para o Brasil, mas para o exterior também”, explicou.

Além dos próprios autores, o mediador também já recebeu doações da Secretaria Municipal de Cultura, com temas ligados a hotelaria e turismo. “Foi após a reportagem que a situação cresceu, foi uma coisa formidável. Eu nem se esperava isso. Tanto é que a própria fundação [de Cultura] doou livros importantíssimos, regionais. A gente vê que a aceitação da literatura sul-mato-grossense é incrível. O pessoal recebe muito bem”.

De MS para o Guarujá

Morando no Guarujá a dois anos, Nascimento decidiu expandir o projeto, que inicialmente era apenas em Campo Grande. “Assim que cheguei na cidade, pensei em continuar com o projeto. Na época, estava em um local perto da praia e encontrei um quarto cheio de livros; separei todos e comecei a doar os exemplares, por meio de ‘sorrisos’ como pagamento”, disse. “Eu iniciei em Campo Grande, com a plaquinha, eu continuei na cidade. Só que a coisa ficou muito grande lá também”, complementa.

No Guarujá ele conquistou o público com os projetos ‘Prancha de Surfe Literária’, o ‘Carrinho de Praia Turístico Literário’ e as iniciativas ‘Poesia na Praia’ e ‘Poesia na Travessia Santos-Guarujá’, com um total de 2.920 livros e 5.000 poesias sobre a pessoa idosa já distribuídos para a população em troca de um sorriso.

Também entra para a conta de distribuição, mais de e 700 cordéis, escritos pela poetisa Salete Nascimento, sobre a pessoa idosa. “Ela me autorizou a imprimir no Guarujá, eu vou lá e distribuo, distribuo em vários lugares e nas escolas também. E os tema sobre a pessoa idosa levanta questões, pois são pessoas que tem muita experiência, e que acabamos não ouvindo, principalmente os mais jovens”.

Segundo o mediador, a recepção dos paulistas em relação às obras de MS é sempre ótima, principalmente em relação aos livros de Raquel Naveira, autora da qual ele é muito amigo e que cunhou a ele o termo ‘mediador de leitura’. “Eles adoraram porque a simplicidade do que ela fala é uma coisa assim que encanta. Eu vou mandar imprimir na gráfica as audravias e vou distribuir também porque a audravia, ela sintetiza a poesia de tal forma que a pessoa precisa pensar muito. Ela vai ver na audravia a simplicidade e como a professora Selene Machado disse: ‘a poesia potencializa a palavra’, se você colocar as palavras certas no lugar certo, ela vai ter que ter um efeito. E eu procuro fazer isso de forma positiva”, explicou. “Então a aceitação é boa, como é tudo gratuito e tem qualidade, o pessoal respeita”, complementa.

Agora, o mediador irá transpor seu projeto para a Baixada Santista e outros locais litorâneos de São Paulo. “A ideia é a seguinte, como eu tenho que fazer a Baixada Santista, composta de nove cidades, eu vou começar pelo Guarujá, onde eu moro, para me deslocar lá é muito fácil. Eu já fui para Bertioga fazer esse trabalho, porque lá em Bertioga tem a balsa também, que facilitaria o transporte. Por enquanto, não fui para lá ainda, devido a uma epidemia de dengue na região”.

Impacto

Para Nascimento, a leitura tem um impacto de transformação na vida das pessoas. “Todo o processo da literatura, começa por ouvir. A pessoa ouve e depois ela tem a parte literária. Então, o que ela ouviu, ela vai concretizar na parte literária. E aí, ela consegue buscar elementos para poder absorver e ter conduta de vida. Ela provoca uma transformação completa. Se você lê, se você está em uma situação alegre, lendo sobre isso, você vai ficar mais alegre. Se você está em uma situação de melancolia e você pega uma poesia, caramba, pessoa já saia daquela sintonia e passa para outra sintonia, automaticamente. Mas sem forçar a barra, é uma coisa natural”, finaliza.

Por Carolina Rampi e Ana Cavalcante

 

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