Centro Cultural José Octávio Guizzo inaugura amanhã (07) a nova exposição
O Centro Cultural José Octávio Guizzo, em Campo Grande, abre suas portas para a exposição “Entre o céu e a terra”, que chega à cidade nesta quinta-feira (7) . Com curadoria de Ulisses Carrilho, a mostra traz ao público uma seleção de 87 obras de 19 artistas autodidatas, que exploram o universo da arte contemporânea através de diferentes técnicas e perspectivas. A exposição faz parte do projeto Arte nas Estações, idealizado pelo colecionador e gestor cultural Fabio Szwarcwald, que tem como objetivo democratizar o acesso à arte e promover o diálogo entre artistas emergentes e o público.
Após o sucesso da temporada de “Sofrência”, que, entre 5 de setembro e 26 de outubro, atraiu mais de mil visitantes e atendeu a mais de 30 instituições, incluindo escolas, ONGs, universidades e centros de pesquisa, a nova exposição dá continuidade à sua proposta de ampliar os horizontes do público. A exposição parte da ideia de que as crenças, quando expandidas, atravessam diversas esferas da cultura, como a arte, a pintura e a própria religiosidade, colaborando no processo de compreensão social. Ela propõe que instituições, museus, igrejas, o mercado e o capital dependem de um acordo mútuo entre os indivíduos e as regras que estruturam a sociedade.
A partir desse pressuposto, que remonta a uma tradição religiosa presente na história da arte, a exposição busca explorar como o funcionamento social está intimamente ligado a um conjunto de crenças e mensagens que são constantemente reproduzidas, seja por meio dos meios de comunicação de massa ou pela própria cultura brasileira.
“É uma grande satisfação levar ao público de Campo Grande mais uma etapa deste projeto, que tem a arte popular como ponto de partida para a construção de saberes compartilhados com as comunidades locais. Através de um programa educativo amplo e gratuito, que dialoga diretamente com as exposições, o Arte nas Estações se configura como uma plataforma artística e pedagógica, promovendo oficinas, visitas mediadas e uma série de ações voltadas à acessibilidade e inclusão”, comemora Fabio Szwarcwald.
Sobre a exposição
Na exposição, o termo “fés” é utilizado no plural para expandir o conceito de crença, abrangendo não apenas a fé religiosa, mas também os valores, narrativas e influências culturais que moldam a sociedade. Ulisses Carrilho destaca para a reportagem que a exposição explora as crenças contemporâneas, como a idolatria das celebridades, a busca pela fama e riqueza, e a forma como os meios de comunicação de massa impactam nossas percepções e valores.
“A exposição utiliza o conceito de fé de maneira ampla e sempre no plural. Essa abordagem justifica-se pela compreensão de que as crenças e as religiosidades são, antes de tudo, espaços de reunião para os indivíduos, mas também, essencialmente, locais de construção de alianças comunitárias, como vemos nas igrejas e nos terreiros. Em ‘Entre o Céu e a Terra’, a exposição revela a presença cotidiana desses elementos divinos, desses momentos extraordinários e maravilhosos que permeiam a vida das pessoas”.
A exposição, com base na coleção do Museu Internacional de Arte Naïf do Brasil, propõe uma reflexão sobre a miscigenação e os preconceitos que ainda marcam a sociedade brasileira. Ela explora a diversidade dos cultos e crenças, desde religiões populares até figuras do folclore, desafiando a noção tradicional de arte naïf e revelando um imaginário cultural rico que questiona os paradigmas históricos e sociais do país.
A exposição reflete sobre a relação entre as crenças religiosas e místicas e a formação do povo brasileiro, destacando o exemplo de Odoteres Ricardo Josias, um artista mineiro que, apesar de sua fé neopentecostal na vida adulta, continua a elaborar e representar as memórias de sua infância, vivida em um contexto de terreiro.
“Essa capacidade de resgatar e reinterpretar o passado é um dos principais pontos da Mostra, que também aborda a exclusão histórica de artistas autodidatas, cujas obras, muitas vezes marginalizadas, revelam uma rica diversidade da cultura popular brasileira. A exposição nos convida a valorizar esses artistas e suas biografias, oferecendo uma nova perspectiva sobre a arte brasileira fora dos grandes museus”, finalizou Ulisses.
O projeto Arte nas Estações é apresentado pelo Ministério da Cultura, com apoio da Lei Federal de Incentivo à Cultura. Conta com patrocínio master da Energisa, além do apoio de Copa Energia, BMA Advogados e Banco BV. A iniciativa também recebe o apoio da Fundação de Cultura do Mato Grosso do Sul, da Secretaria de Estado de Turismo, Esporte e Cultura do Mato Grosso do Sul e do Governo do Mato Grosso do Sul.
Serviço: A exposição Entre o Céu e a Terra ficará em cartaz de 7 de novembro a 7 de dezembro de 2024, no Centro Cultural José Octávio Guizzo, localizado na Rua 26 de Agosto, 453 – Centro, em Campo Grande – MS. O telefone de contato para mais informações é (67) 3317-1795.
Por Amanda Ferreira
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