Colecionadores de quadrinhos falam da paixão

Foto: Wanderson Lara
Foto: Wanderson Lara

Amantes de HQs de várias idades falam sobre paixão que os move há anos

Que as histórias em quadrinhos fascinam pessoas de todas as idades, a gente sempre soube: aquelas histórias contadas com as imagens ilustrando praticamente o “passo a passo“ da ação, ajudando a imaginação a voar longe… quem é que não gosta? Para saber um pouco mais sobre esse universo, o jornal O Estado foi conversar com colecionadores da Capital e traz os depoimentos deles para você, leitor.

O engenheiro de dados Edinor Junior tem 40 anos e, entre hobbies como assistir a filmes e séries, e passear com a família, também inclui leitura. Em especial de gibis, desde cedo. “Começou na infância, quando tinha uns 4 a 5 anos, na época passava o desenho dos Superamigos na TV e como toda criança eu era muito fã. Acontece que os brinquedos do desenho vinham com minigibis de quatro páginas, e foi aí que começou o interesse. Minha coleção hoje tem mais de 4 mil HQs; comecei pra valer na pré-adolescência e permaneço firme até hoje”, lembra.

Para ele, a influência sobre os jovens pode ser bastante positiva. “As HQs são uma leitura prazerosa e que diverte, quando o jovem percebe que é possível ler e se divertir, aquilo acaba virando um hábito. Acredito que HQs tenham o poder de cativar e criar novos leitores, seria muito bom que as escolas e professores incentivassem mais. Não querendo desmerecer os clássicos da literatura nacional, mas eles são leituras pesadas para servirem de entrada no hábito da leitura. As HQs têm um potencial muito maior pra isso”, finaliza.

Hobbies

Para o autônomo Leonardo de Castro Matos, os hobbies se dividem entre jogar videogame, assistir ao futebol e a prática de exercícios físicos, além dos gibis. “Eu sempre lia esporadicamente algumas edições quando era criança, mas comecei a ler mesmo de acompanhar mensalmente em 2014. Sempre fui muito interessado pelo mundo dos super-heróis, comecei a ter uma curiosidade em querer saber as origens e as grandes sagas”, relata.

Para ele, o interesse pela leitura pode acabar nascendo nas telas, ao invés das páginas, pelo menos, inicialmente. “Acho que pode influenciar pelo grande interesse em filmes de heróis que hoje em dia dominam as bilheterias e isso pode atrair muitos jovens. Eles podem começar lendo uma história em quadrinhos e criar um hábito de leitura que pode ajudá-lo na escola e na vida adulta. Porém, acredito que hoje em dia, por mais que haja esse interesse em começar a ler quadrinhos, os preços atuais podem acabar afastando o público mais jovem, o que é ruim, já que está se tornando um nicho cada vez mais específico, e acredito que isso possa afetar o interesse em começar a ler”, pontua.

Leonardo conta que a coleção começou em 2014, e que uma coisa levou à outra: “O meu interesse por começar a ler histórias em quadrinhos, e o meu interesse por querer ter uma coleção de quadrinhos. Ter uma coleção e um hábito de leitura é algo que me deixa muito feliz e me possibilitou criar grandes amigos e vínculos, me ajudando até mesmo na minha formação como pessoa: me ajudou a ter disciplina e hábitos saudáveis”.

O servidor Severino José de Oliveira Neto coleciona bonecos, estátuas e também é guitarrista, além de ser leitor de gibis. “Leio quadrinhos desde criança. Meu pai tinha o costume de chegar em casa com gibis para meu irmão e eu lermos. Comecei a comprar por iniciativa própria em 2004, com a segunda edição do mangá de Cavaleiros do Zodíaco pela Conrad. Ao ir à banca pegar o mangá, acabava levando alguns comics, também, e a coleção começou a tomar forma.”

O analista de sistemas Felipe Oliveira Rodrigues gosta de correr, tocar violão, assistir a filmes e séries e, ainda, cultiva o hábito da leitura por meio de HQs, e conta que o hábito começou pela telinha. “Quando eu era mais novo, meu irmão e eu assistíamos aos clássicos desenhos da extinta manchete, como Cavaleiros do Zodíaco, Cybercops entre outros, e por meio desses desenhos começamos a comprar algumas revistas dos desenhos da época.”

Jovens leitores

Felipe considera que as histórias em quadrinhos conseguem atrair mais a atenção dos leitores mais novos. “Pois com os desenhos, as crianças conseguem ver como seriam seus personagens. Isso facilita, pois começar com leituras ‘pesadas’, ao meu ver, acaba desinteressando a introdução da leitura nas crianças. Pierluigi Piazzi disse uma vez que é importante começar criando o prazer pela leitura nas crianças e a melhor forma era colocando algo que desse a elas vontade de ler”, afirma.

A coleção começou há quase 20 anos. “Foi em 2004 que comecei a colecionar meus primeiros mangás. Eu comecei a coleção com Cavaleiros do Zodíaco e, em seguida, de One Piece, que na época não era conhecido, pela antiga Editora Conrad, que infelizmente faliu. Tive de começar novamente One Piece, agora pela Panini”, conta, aos risos. Ele complementa que “a leitura de gibis, mangás, livros, etc. traz consigo não somente a diversão de ver seus personagens favoritos em histórias, mas em muitos, uma visão de amizade, de lutar pelo que se acredita e outros ensinamentos que podem ajudar a moldar o caráter de uma criança”, finaliza.

Gibiteca tem acervo com mais de 25 mil gibis

O psicólogo Ronilço Guerreiro, hoje vereador da Capital, deu início à Gibiteca a partir de seu anseio em despertar o encantamento das pessoas e promover o bem-estar por meio do mundo da leitura, ainda no ano de 1995, e hoje conta com um acervo de mais de 25 mil gibis. “Eu sou psicólogo, e incentivar a leitura, para mim, também é uma ferramenta de intervenção psicológica”, afirma, e explica: “Você pode trabalhar com as crianças esse lance do bullying, do respeito e da empatia. O Cebolinha não fala errado, ele fala ‘elado’.

O cebolinha tem um problema na fala, que é dislalia, ele troca o R pelo L, e isso eu trabalho em sala de aula, também, porque quando a criança tem essa dificuldade na fala e não fala para ninguém, quando você entra com o Cebolinha, ela vê que não é a única”. Mantida com recursos próprios desde sempre, a Gibiteca já foi destaque em programas de veiculação nacional, como o “Esquenta!”, de Regina Casé, e o “Programa do Fábio Porchat”, entre outros, e mantém várias iniciativas de incentivo à leitura, como a “Livros Esquecidos”, na qual livros variados são “esquecidos” em carros que estejam em estacionamentos de supermercados da Capital e do Mercado Municipal, com um bilhete dentro contendo um número de telefone para que a pessoa que “achou” o livro possa dar um retorno.

SERVIÇO: A Gibiteca fica na Rua Sacramento, 800, Jardim Centenário. O telefone é (67) 3365-0405, e o horário de funcionamento é das 8h às 11h, e das 13h às 17h, de segunda a sexta-feira.

Por Méri Oliveira – Jornal O Estado do MS.

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