Circo dos Sonhos: Sessão especial inclusiva para crianças autistas

circo
Foto: Valentin Manieri/Jornal O Estado MS

Inclusão e alegria: Circo dos Sonhos realiza sessão adaptada para crianças autistas em parceria com entidades; participaram 250 autistas com seus familiares

dos Sonhos, que está instalado no estacionamento do Shopping Campo Grande, apresentou o espetáculo “Alakazan – A Fábrica Mágica” em uma sessão caprichada, colorida, cheia de luzes e alegria para uma plateia composta por famílias com crianças autistas, que tiveram a chance de ver as aventuras da pequena Ly, Alan e Kazani, em uma iniciativa conjunta do Corpo de Bombeiros de MS e do projeto Guardião Azul, da PRF (Polícia Rodoviária Federal). 

O policial rodoviário federal Alexandre Figueiredo de Araújo, um dos idealizadores do evento, afirma que esses eventos são relevantes. “Acredito que eventos como que vivemos no último sábado é de suma importância para comunidade autista. São eventos como esse que permitem as famílias interagirem com os espaços destinados ao lazer muitas vezes não frequentados por falta de adaptações acessibilidade e empatia.” 

Ele explica, ainda, que o projeto visa à conscientização da sociedade para a inclusão. “Por meio do projeto Guardião Azul Amigo do Autista a gente está divulgando a necessidade de preparar a sociedade para uma segurança pública cada vez mais inclusiva, onde as pessoas possam ser devidamente orientadas, atendidas, e terem atendimento de urgência e emergência com os melhores protocolos, principalmente nas questões de segurança pública”, enfatiza. “Os eventos facilitam a adaptação de melhores processos e identidade, identificação com as famílias, identificação com as pessoas com deficiência, e compreender os comportamentos, adquirindo um olhar mais bem adaptado e de maior inclusão”, pontua Figueiredo. 

O tenente Max Tosta, outro idealizador da ação, conta que ela faz parte de uma iniciativa da corporação para aprimorar o atendimento às pessoas com deficiência. “Por isso já temos procedimentos a serem observados com indivíduos no TEA (transtorno do espectro autista) desde setembro de 2022. Estamos estudando sobre outras necessidades de adaptação de protocolos para especializar o atendimento em ocorrências envolvendo saúde mental. Nosso objetivo é oferecer atenção necessária a quem precisa de cuidados diferenciados em razão de sua condição.” 

Ele explica, ainda, que ocorrências envolvendo crises em saúde mental estão entre as mais atendidas pelo Corpo de Bombeiros. “Somente o treinamento constante e de forma especializada vai permitir que nossa tropa esteja pronta para responder conforme a ocasião exige. Por isso todas as oportunidades de criar vínculos devem ser aproveitadas.” 

Oportunidade

Para a servidora pública Ludmila Ribeiro Nascimento, 37 anos, essas ações são importantes para a visibilidade da causa e das crianças. “É de extrema importância acontecer mais vezes, porque eles têm de ser vistos na sociedade. Teve um outro evento aqui também que foi organizado, que teve tirolesa, teve piscina de bolinhas e junto com o shopping. As associações estão bem empenhadas na inclusão. Eu vim pelo Juliano Varela, mas tem a AMA, tem a Apae, de que eu já fiz parte a os presidentes, a própria sociedade está se abrindo mais também pra esse público”, acredita. 

Ela ainda lembra que alguns pais não conseguem levar seus filhos. “É necessário um empenho muito grande em trazer essas crianças, já que é muito difícil inseri-los na sociedade. E evento está um espetáculo, incrível! E a gente sabe que tem muitos autistas que também não conseguem acompanhar, pela [severidade da] condição.”

A analista de risco Luana Riquelme Ribeiro, 31 anos, é mãe do Miguel, de 8, e fala sobre a necessidade de mais ações do tipo. “É muito importante, porque falta muita coisa para incluí-los. Já melhorou muito, mas ainda tem muito para eles poderem até – como vou dizer –, para a família se sentir incluída, porque a gente vai em algum lugar, as pessoas ficam olhando torto. Aqui todo mundo está vivenciando a mesma situação, então um entende o outro, um ajuda o outro, um compreende o outro. Acho que é muito importante isso, até para as pessoas notarem que a gente precisa disso, que as crianças precisam disso, que os as outras pessoas precisam nos entender também”, conclui. 

Sobre o pequeno Miguel, ela explica que ele gosta de interagir, mas isso é fruto de muito trabalho, e que ela ficou surpresa com a reação dele ao espetáculo. “Hoje ele já gosta bastante de interagir, mas foi muito trabalho, eu sempre procurei inclui- -lo, mostrar que ele tem de se incluir, que ele tem de se adaptar também. Ele tá super empolgado, tá superansioso, está interagindo até bastante, e eu achei que ele não ia ficar, não”, comenta Luana. 

O coordenador da Assessoria de Comunicação da Escola Juliano Varela, Jardel Sousa, explica que todo o evento foi pensado para as crianças autistas. “Foi um evento em que pudemos ver a acessibilidade de empresas (Shopping Campo Grande e Circo dos Sonhos) e entidades que lutam na causa, unidos em prol de um único evento: a inclusão. Vimos tudo adaptado para autistas, desde a iluminação, ao preparo do Corpo de Bombeiros caso ocorresse alguma intercorrência no circo, a cãoterapia ajudou aqueles que chegaram eufóricos. Nosso aluno mais idoso, o Arsênio, que tem 62 anos, pôde ir ao circo com a família e aproveitar  bastante, foi um momento mágico para todos os nossos alunos!” Participaram cerca de 250 autistas e seus familiares. 

O Circo dos Sonhos tem sessões de terça-feira a sexta-feira, às 20h, e aos sábados, domingos e feriados, às 15h, 17h30 e 20h. Os preços para a Lateral são de R$ 50 a inteira e R$ 25 a meia. 

Explicando o transtorno do espectro autista (TEA)

Muita gente quer saber mais detalhes sobre o transtorno do espectro autista (TEA). Vamos tentar explicar para vocês algumas das principais características do TEA! 

O Transtorno do Espectro do Autismo é considerado um transtorno de neurodesenvolvimento. Nele, a criança tem dificuldade na comunicação social e mantém um interesse limitado e estereotipado. Isso significa que é uma alteração que ocorre dentro do cérebro na qual as conexões entre os neurônios se dão de uma forma diferente. Sendo assim, a pessoa tem dificuldade em interagir com as outras de uma maneira proveitosa. 

Há várias características e níveis de autismo, estudadas e catalogadas pela ciência, mas há também vários mitos a respeito dele. Por isso é bom ter cuidado com as coisas que lemos! É sempre bom ficar de olho nos sinais do autismo, pois, quanto mais cedo se iniciar uma intervenção, mais chances ela tem de aumentar a autonomia da criança.

A alteração em comunicação social no TEA pode aparecer com: 

Dificuldade no contato visual. Assim, pode ser raro que nos olhem diretamente nos olhos; 

Dificuldade no uso de gestos e expressões faciais; 

Dificuldades em fazer amizades e no brincar, entender emoções e sentimentos relacionados ao outro; 

Não se interessam por coisas que as outras crianças propõem (brinquedos ou brincadeiras que não sejam do seu interesse). Por exemplo, enquanto as outras crianças brincam com peças de montar e planejam fazer um prédio, a criança com autismo usa as peças para enfileirar ou empilhar; 

Aproximação de uma maneira não natural, robotizada, “aprendida”. Dessa forma, a criança com autismo pode ter fracasso ou sérias dificuldades nas conversas interpessoais;

Demonstrações de pouco interesse no que outra pessoa está dizendo ou sentindo. Por exemplo, quando alguém relata estar aborrecido com o trabalho. Nessa situação, a pessoa com TEA pergunta sobre o tipo de serviço que ela faz e não sobre o sentimento que ela traz; 

Dificuldade em iniciar ou responder a interações sociais. Geralmente, não iniciam conversas ou brincadeiras, e quando são chamados para interagir, muitas vezes não respondem; 

Dificuldade de entender a linguagem não verbal das outras pessoas, tais como expressões faciais, gestos, sinais com os olhos, cabeça e mãos; 

Dificuldade em se adaptar a diferentes situações sociais, tais como dificuldade de dividir brinquedos, mudanças de brincadeiras, participar de brincadeiras imaginárias (casinha, por exemplo).

Por Méri Oliveira  – Jornal O Estado do MS

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