Cinema sul-americano: Thiago Lacerda e Claudia Ohana exaltam cinema do Estado de MS

Foto: Bonito Cinesur/Divulgação
Foto: Bonito Cinesur/Divulgação

Em entrevista para o Jornal O Estado, Thiago Lacerda exalta o Bonito CineSur como espaço para novas narrativas, e Claudia Ohana destaca a força do cinema sul-mato-grossense

No último sábado, 2 de agosto, o 3º Festival de Cinema Bonito CineSur chegou ao fim com uma emocionante cerimônia de encerramento que premiou obras cinematográficas de diversos países da América do Sul. Esses países marcaram presença na mostra, que destacou produções que ultrapassam fronteiras para narrar realidades locais sob diferentes perspectivas, reunindo 63 obras entre curtas e longas-metragens que abordam temas ambientais, sociais e culturais com sensibilidade e força narrativa.

O documentário sul-mato-grossense ‘Jardim de Pedra – Vida e Morte de Glauce Rocha’ conquistou o prêmio do Júri Popular na mostra estadual, enquanto ‘Enigmas no Rolê’ foi escolhido pelo Júri Oficial. Na categoria curta-metragem ambiental, o público destacou ‘Sobre ruínas’, e o júri oficial premiou ‘Sobre a cabeça os aviões’, com menção honrosa para ‘Uma menina, um rio’. No longa ambiental, ‘Sinfonia da Sobrevivência’ foi o favorito do público e recebeu menção honrosa, enquanto o Júri Oficial escolheu ‘Rua do Pescador, nº 6’.

Entre os curtas sul-americanos, o público premiou ‘Revelación’, e o Júri Oficial destacou Amor en los tiempos de como sea que se llame el presente. Na categoria longa-metragem sul-americano, o público escolheu A melhor mãe do mundo, que teve sua pré-estreia no festival, e o júri oficial premiou ‘Oro amargo’.

A reportagem acompanhou de perto a cerimônia e conversou com os diretores premiados, que celebraram o reconhecimento de seus trabalhos e destacaram a importância de um espaço como o Bonito CineSur para o cinema latino-americano. Os atores Thiago Lacerda e Claudia Ohana, responsáveis por anunciar os vencedores, também concederam entrevista exclusiva. Ambos elogiaram a diversidade e a qualidade das produções exibidas, e compartilharam suas experiências durante o festival.

Thiago Lacerda

Thiago Lacerda foi uma das presenças mais marcantes na cerimônia de encerramento do Bonito CineSur, no

Atriz Shirley Cru – Foto: Bonito Cinesur/Divulgação

último sábado (2). Em entrevista exclusiva ao Jornal O Estado, o ator contou sua relação afetiva com o Estado e com o próprio festival, revelando que já esteve no estado em diferentes ocasiões, tanto para apresentações teatrais quanto em viagens pessoais.

“Já estive em cartaz em Campo Grande e também viajei de carro para o Pantanal algumas vezes. Fiz amigos por aqui. Minha conexão com o Bonito CineSur começou de forma inesperada: há dois anos, vim com minha filha, a Cora, em uma viagem que já estava combinada, e coincidiu com a primeira edição do festival. Estávamos na cidade e acabei participando. Desde então, me sinto parte disso aqui”.

Lacerda falou sobre a importância de iniciativas como o CineSur, que fortalecem o cinema latino-americano e dão visibilidade a narrativas locais. Segundo ele, trazer o cinema para o coração da América Latina, em um local de valor ambiental e cultural como Bonito, tem um impacto profundo.

“É a semente de algo muito transformador para toda a cidade, para toda a região.Faz muito sentido tratar das coisas comuns da América Latina aqui, e fomentar a transformação da comunidade através da arte e da contação de histórias.A gente produz muito pouca mitologia sobre quem nós somos. É preciso criar espaço para essas histórias e personagens. O Bonito CineSur pode ser esse espaço”, conta para a reportagem.

Diretora Valentina Qaszulxke – Foto: Bonito Cinesur/Divulgação

O ator destacou ainda o papel do festival em provocar novas gerações a assumirem o protagonismo de suas próprias narrativas.Além do engajamento com o festival, Thiago também revelou seus próximos projetos no teatro e na televisão. No palco, ele prepara a itinerância de dois monólogos desenvolvidos durante a pandemia. Um deles é uma adaptação de A Peste, de Albert Camus, que ele define como um texto ‘político, filosófico e profundamente atual’.

“O outro espetáculo, Quem Está Aí, é uma reunião de cenas clássicas de Shakespeare, extraídas de Hamlet, Medida por Medida e Rei Lear. Ambos os trabalhos devem entrar em turnê a partir do segundo semestre, e eu já manifestei o desejo de trazê-los de volta ao Mato Grosso do Sul. Seria lindo levar esses espetáculos não só a Campo Grande, mas também a outras cidades do Estado”.

Na televisão, Lacerda está no elenco da série “Praia dos Ossos”, produzida pela Conspiração Filmes e dirigida por Andrucha Waddington. Ele interpreta Ibrahim Sued, um dos colunistas mais emblemáticos da imprensa brasileira. A série revisita o assassinato de Ângela Diniz e sua repercussão na sociedade brasileira, tema que Lacerda considera necessário para refletir sobre o país.

“É um personagem controverso, mas que teve um papel importante naquele período histórico. É uma história que me marcou muito, mesmo que eu só tenha descoberto os detalhes mais tarde. Mas cresci no Rio, conheci esse universo, então é um prazer dar vida a essa figura que marcou época”, destaca.

Encerrando a entrevista, o ator reafirmou sua admiração pelo Bonito CineSur e seu compromisso com as produções culturais que emergem do centro-oeste brasileiro. Para Lacerda, o cinema e o teatro seguem como pontes indispensáveis entre pessoas, memórias e territórios, especialmente quando partem de lugares como o MS.

“Tenho muita certeza de que esse festival vai crescer cada vez mais, com maior protagonismo da comunidade. Quero continuar voltando, acompanhando isso de perto e, sempre que possível, fazendo parte dessa transformação”.

Carismáticos Os atores Thiago Lacerda e Claudia Ohana apresentaram a noite de premiação – Foto: Bonito Cinesur/Divulgação

Claudia Ohana

Homenageada com as “Pegadas da Memória do Cinema Sul-Americano”, Cláudia Ohana marcou presença na cerimônia de encerramento do Bonito CineSur com emoção e gratidão. Ao deixar suas mãos gravadas em uma placa simbólica, a atriz falou sobre o impacto desse reconhecimento. “Você sente realmente que faz parte da história do cinema. Me deu uma felicidade imensa”, disse. Foi sua primeira vez em Bonito, e a experiência foi marcada pela beleza natural e pelo cuidado ambiental da região, algo que, segundo ela, nunca havia presenciado com tanta intensidade.

Claudia elogiou a proposta do festival, que une cinema, reflexão e preservação ambiental em um dos cenários mais emblemáticos do país. “Trazer cinema para um lugar como esse, com essa conexão com a natureza, é uma ideia perfeita. São duas coisas que eu amo muito. O Bonito CineSur cumpre um papel essencial ao integrar produções sul-americanas e fomentar o debate artístico e ambiental. Essa mescla é muito importante. Parabéns ao festival por criar esse espaço de diálogo e respeito”.

Vencedores

Diretora Daphyne Schiffer – Foto: Bonito Cinesur/Divulgação

Ao receber o prêmio de Melhor Filme pelo júri popular com Jardim de Pedra, Daphyne Schiffer destacou a emoção de ter seu trabalho reconhecido pelo público e agradeceu aos organizadores e colegas do MS pela troca vivida durante o festival. “Estou muito orgulhosa de ser uma mulher contando a história de outra mulher. Esse filme é uma amostra do que podemos fazer quando temos estrutura e espaço para contar nossas próprias histórias”, afirmou.

A diretora colombiana Valentina Qaszulxkef recebeu o prêmio de Melhor Curta-Metragem Sul-Americano pelo júri oficial com Amor en los tiempos de como sea que se llame el presente. Ao agradecer em nome de toda a equipe, destacou a importância do festival por reunir diferentes países em torno do cinema. “Em um momento em que é difícil saber o que é verdade, democracia ou unidade, estar aqui é um ato de amor, pelo bom cinema, pelo cinema sul-americano e por tudo o que estamos compartilhando”, declarou à reportagem.

Encerrando a noite, a atriz Shirley Cruz recebeu o prêmio de “Melhor Longa Sul-Americano” por A Melhor

Diretor Ulisver Silva – Foto: Bonito Cinesur/Divulgação

Mãe do Mundo, que teve sua pré-estreia no festival e chega aos cinemas brasileiros na semana de 8 de agosto. Emocionada, ela destacou o acolhimento em Bonito e o afeto presente no filme, que trata de temas sensíveis como a violência contra a mulher. “O cinema me trouxe até aqui. Tenho muito respeito pelas catadoras de recicláveis e pelas crianças que são as verdadeiras estrelas dessa história”, afirmou.

O Bonito CineSur foi destaque na imprensa nacional e já tem sua 4ª edição confirmada para 2026, reforçando seu papel como um dos principais festivais de cinema da América do Sul.

 

Amanda Ferreira

 

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