Filha de Edir Valu fundou o cordão que comemora mais de 10 anos junto do marido
Beatriz Magalhães
Responsável por reviver a folia nas ruas de Campo Grande, Silvana Torres Valu, 49 anos, cresceu com samba-enredo. Filha única, nunca pulou um carnaval se quer sem a companhia dos primos e já adulta, tornou as ruas da Capital passarela da alegria. Filha de Edir Valu, cantor da Igrejinha, escola de samba de Campo Grande, o Carnaval está presente desde sempre na memória de Silvana.
“Meu carnaval sempre teve fantasia. Eu, meus pais, meus tios e primos nos reunimos sempre aos domingos de carnaval, íamos nas matinês e depois assistíamos aos desfiles das escolas, vendo meu pai passa”, relembra Silvana.
Próxima dos primos, Valu morou até os 10 anos na Vila Bandeira e dividia o terreno de casa com os tios e assim, a infância foi brincando com os pés no chão dos calçadões de Campo Grande.
“Mesmo com uma infância pobre, foi tudo muito gostoso. Eu sou filha única, mas sempre senti como se tivesse muitos irmãos, isso pela relação que eu tinha com meus primos. Eu lembro que naquela época todos nos reuníamos na frente de casa. Crianças e adultos iam para a frente de casa, a gente jogava bola, brincávamos todos juntos, era uma delícia”.
experiência
A família vendeu a casa e Silvana se mudou de bairro, ficou distante dos primos e disse ter experimentado pela primeira vez a solidão. “Foi muito difícil para a família toda, éramos muito grudados, mas todo fim de semana visitávamos nossos tios”.
Mesmo não sendo muito religiosa, Valu se lembra com carinho da Igreja Perpétuo Socorro, que fez parte da sua vida desde quando estudava no colégio Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. “Aquela igreja foi onde alguns dos meus primos fizeram a primeira comunhão, se casaram, lá é um lugar importante para nós”.
Silvana é formada em História pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, e foi no campus da universidade que conheceu o marido, Jefferson Contar. Os dois descobriram que os pais trabalharam na Igrejinha, o pai de Jefferson como compositor e o pai de Valu, Edir Valu, como intérprete dos sambas. Isso acabou aproximando os dois que começaram a namorar em um dia de Carnaval.
nascimento
Juntos há 17 anos, e casados há nove, viram nasceu do amor entre os dois, e o gosto pelo samba, o Cordão Valu, em dezembro de 2006 e fundaram.
“No começo era bem pequeno, nós passávamos pela rua enquanto alguns moradores jogavam água na gente, aquilo era muito gostoso. Começamos pelo boca a boca, mas aos poucos fomos ganhando força e ficando mais conhecidos. Isso principalmente pela segurança, começamos então a ganhar credibilidade”.
O maior bloco de rua de Campo Grande, nasceu do desejo de ocupar as ruas com cor, alegria e muita folia. “Queria resgatar as marchinhas, as músicas da época em que eu era criança, e isso acontece até hoje. É claro que damos espaço para as novas músicas, mas a principal ideia é resgatar aquele carnaval das marchinhas”.
gerações
E Valu faz isso muito bem, apresentando a novas gerações o carnaval dos anos 70. O bar, aberto no início do Cordão, para ser ponto de partida do grupo, fechou em 2008, e em 2010 Valu viu o Cordão explodir e fazer das ruas, palco de alegria.
Fã do samba raíz, a professora de história, que faz história na Capital Morena, reúne hoje cerca de 45 mil pessoas durante o Carnaval e afirma que cumpre o desejo de ocupar os espaços públicos de Campo Grande.
“O Cordão mostrou que é preciso ocupar os espaços públicos dessa cidade, tão acolhedora. Precisamos viver mais o coletivo”.
Confira o caderno de Aniversário de Campo Grande neste link.