Campo Grande 122 anos: Fotógrafo que viveu o auge da carreira na Capital afirma que em Campo Grande viveu o céu e o inferno

Campo Grande 122 anos: Fotógrafo que viveu o auge da carreira na Capital afirma que em Campo Grande viveu o céu e o inferno

Eduardo Cabral, conhecido como Reportagem hoje vende albúns de formatura 

Beatriz Magalhães

Para quem iria ficar apenas cinco anos, Eduardo Cabral construiu a vida em Campo Grande, e em quase três décadas diz ter conhecido o céu e o inferno na cidade Morena.

Conhecido como Eduardo Reportagem, o fotógrafo registrou mais formaturas do que pode contar, e depois de ter alcançado o auge da carreira, passou até mesmo pela fome. 

“Em Campo Grande conheci o céu, mas também o inferno”, disse o agora presidente de bairro, quando terminou de contar sua trajetória na Capital sul-mato-grossense, que começou no parque dos poderes, em 1993. Em um Fiat Uno 147, Eduardo chegou em Campo Grande e viu aqui a oportunidade de construir sua carreira na fotografia.

Sentado em uma poltrona na sala de sua casa, Eduardo relembrou o auge da carreira. Orgulhoso, o fotógrafo falou da sua decisão de escolher Campo Grande como sua casa.

aqui que vou ficar

“A intenção era ir pra Alta Floresta, no Mato Grosso, mas quando chegamos em aqui, e eu vi aquela placa lá na frente da Universidade, eu fiquei encantado. Eu vi as ruas largas, a cidade grande, e então eu falei ‘opa, é aqui que eu quero ficar’, e estou aqui até então”, conta Eduardo. 

Na sala de casa, e com emoção nos olhos, ele apontou para uma cadeira de formaturas e, de forma entusiasmada se levantou e disse “essa cadeira é a minha hisória”. 

Como viajava de um estado para outro, Eduardo levava também a cadeira, onde fazia as fotos de formatura. Foram várias cidades percorridas, e uma carreira que só crescia.

“Isso me deixou muito soberbo, eu vim de família que já tinha certo dinheiro e conquistei muita coisa, muito rápido. Em 1993 eu comprei meu escritório, fiz fotos em 18 estados do país. Cheguei a ter 60 fotógrafos trabalhando para mim, mas eu queria ter o controle de tudo, e isso me adoeceu”. 

Campo Grande 122 anos: Fotógrafo que viveu o auge da carreira na Capital afirma que em Campo Grande viveu o céu e o infernodemoronando

Aos 33 anos, Eduardo viu a carreira se desmoronar aos poucos. Enfrentou uma séria depressão e se divorciou da primeira esposa, e pela saúde, resolveu parar de fotografar. 

“Com 30 anos eu pensei ‘cheguei onde eu queria’, eu tinha casa, carro, moto, imóveis, prédio comercial, dois filhos, casado e um monte de contrato. Mas, como diz o ditado, fui igual a caminhão na banguela – às vezes a gente se esquece que no fim da reta pode ter uma curva”.

Em 1997, Eduardo reencontrou a ex-namorada, hoje sua esposa, e emocionado conta que foi à França buscá-la. Em 1997 foi morar com a esposa Suki Ozaki, em Manaus, mas em um ano voltou para Campo Grande, onde tinha o escritório, que hoje é a casa de Eduardo. 

“A Suki já tinha duas filhas e eu também tinha dois filhos do primeiro casamento. Juntos tivemos outros dois e no fim, eram seis para alimentarmos, então, aqui nessa casa cuidamos dos nossos filhos”. 

depressão

Por uma questão de saúde, Cabral precisou rever suas necessidades e passou a fazer o que sabe bem, vender. Quando foi ao médico com depressão, ele ouviu que precisava maneirar um pouco no trabalho, ou não resistiria, e assim ele fez. 

A partir de 2007, o renomado Reportagem parou de fotografar e passou a vender fotos, e esse é seu trabalho até hoje.  “Aos 33 quando eu perdi tudo, o que passou a entrar era lucro. Pelo fato de me falarem ‘ou para ou morre’, eu tirei o pé do acelerador. Mas isso não impediu de continuar, de retomar e de constituir uma família novamente”.

Para se restabelecer, Eduardo começou a trabalhar em uma empresa do Paraná, vendendo álbum de fotografia, e por isso viajava muito para outras cidades, mas já não queria mais ficar na estrada, então, decidiu sair da empresa, e continuar de forma autônoma.

“Quando eu saí da empresa, eu tinha mil reais, e com esse dinheiro comprei algumas fotos, disso fiz R$ 5 mil, fui comprando mais álbuns e até hoje estou como vendedor de fotos”, conta Eduardo, mostrando uma sala cheia de álbuns de fotografia.

diferente

Hoje, ele tem cerca de 2200 álbuns, e vai de casa em casa, levando história de conquistas. Os álbuns de formatura são seu orgulho, e também são os responsáveis por quem Cabral é hoje.

“Quando minha vida deu essa virada eu passei a ver as coisas de forma diferente. Me lembrei da minha família, de como meus pais e avós lutaram para conquistar o que tiveram, e parei para pensar qual era a necessidade de toda minha arrogância”, ponderou. 

Em 2019, Eduardo quis retribuir a Campo Grande o que viveu, e criou então uma associação de bairro, representando hoje o Cabreúva. 

Depois de dar um pouco mais de atenção ao bairro que viveu na Capital Morena, Cabral começou a ir atrás de melhorias e percebeu que só teria mais força se as solicitações fossem documentadas, e assim nasceu a Associação de Moradores do Bairro Cabreúva.

Confira o caderno de Aniversário de Campo Grande neste link.

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